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Blog Leituras Favre
Att. Luis Favre
Prezado Luis,
Desde que foi anunciado o câncer do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, observa-se uma comoção no País. De um lado, uma avalanche de brasileiros apoiando o chamado ‘força Lula’; de outro, um número enorme de anônimos e famosos reforçando o movimento conhecido como ‘Lula, vai se tratar no SUS’.
Mas, o que separa os hospitais de referência oncológica do SUS do hospital privado Sírio Libanês? A resposta, que tentaram responder no Twitter, é simples: nada. Nada separa, neste caso e no que diz respeito ao tratamento oncológico oferecido aos pacientes, o público do privado.
Hoje, segundo o INCA, são 490 mil novos casos por ano, com mais de 160 mil mortes, colocando a doença no segundo lugar no ranking de óbitos no País, atrás apenas do infarto, acidente vascular e hipertensão. É fato: o câncer cresce a passos largos no Brasil e tende, com o aumento da expectativa de vida e das práticas inadequadas para a saúde, a crescer ainda mais.
Mas, ao contrário do que muitos pensam, a rede pública é referência no tratamento do câncer no Brasil: faz um excelente trabalho, usa a mesma técnica, os mesmos equipamentos e, do ponto de vista da junta médica, oferece equidade no tratamento ao paciente. É o caso, por exemplo, do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo, do Hospital do Câncer de Barretos e da Fundação Hospital Amaral Carvalho, em Jaú.
Mas, então o que diferencia o tratamento oferecido no SUS e na rede privada? Para nós, da FEBEC, com mais de 4 mil voluntários em centenas de municípios, a resposta também é fácil: o apoio biopsicossocial aos pacientes, a identificação precoce do câncer e o tratamento imediato, que preservam vidas. Enquanto pacientes de hospitais privados ou da rede pública com nível quatro de estadiamento, o estágio mais grave da doença, têm 13,5% de chances de sobrevida após cinco anos de tratamento, os de nível zero, têm 98%, e os de nível um, 79,8%.
Ou seja, o câncer tem cura. A discussão entre a saúde pública e privada não pode ser centrada no atendimento hospitalar, mas no acesso ao tratamento. E não basta criticar. É preciso promover a articulação entre as organizações públicas, privadas, do terceiro setor e a sociedade. A ação voluntária, independentemente de religião, orientação política e nível social, salva vidas.
Antonio Luís Cesarino de Moraes Navarro
Presidente da FEBEC – Federação Brasileira de Entidades de Combate ao Câncer
Diretor-superintendente da Fundação Amaral Carvalho (Jaú)
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