sábado, 14 de abril de 2012

A CPI de Cachoeira e a retórica do ‘mensalão’

Na Carta Capital

Era questão de tempo: tímidos, até então, com a escancarada relação mantida pelo contraventor Carlinhos Cachoeira com senador, deputados e um governador tucano, os jornais chegaram às bancas, nesta quinta-feira 12, com a arma apontada na direção oposta.

Estamparam em suas capas a suspeita de que o lobby de Cachoeira chegara ao governador petista Agnelo Queiróz (DF). Num exercício de retórica mais elástico que os tentáculos políticos de Cachoeira, conseguiram trazer ao centro do debate a palavra “mensalão”.


Como Marconi Perillo, investigação da PF pode também complicar a vida do governador petista Agnelo Queiróz. Foto:Carlos Moura/CB/D.A. Pres
Tudo isso às vésperas da instalação de uma CPI mista para investigar as relações suprapartidárias do contraventor pelo mundo político, tão ecléticas quanto suas áreas de influência – que iam do jogo do bicho à indústria farmacêutica, passando por serviços de coleta de lixo.

Mas o Policarpo é o dono da Veja?

Por Brizola Neto, no Tijolaço

O site Brasil 247 diz que a Veja cogita lançar seu editor Policarpo Júnior à cachoeira. Ou ao Cachoeira, o bicheiro Carlos Augusto Ramos, com quem Policarpo mantina intensas relações.

“Acostumada a provocar CPIs, a revista Veja está prestes a se tornar protagonista de uma Comissão Parlamentar de Inquérito no Congresso Nacional. Tudo em função das estreitas ligações entre o redator-chefe da revista, Policarpo Júnior, e o contraventor Carlinhos Cachoeira. Os dois trocaram mais de 200 telefonemas no último ano. Em conversas interceptadas pela Polícia Federal, Cachoeira se vangloriou de ter repassado diversos furos de reportagem ao jornalista – muitos deles, fruto de grampos ilegais. Num outro diálogo, o bicheiro deu ordens a um assessor para que buscasse Policarpo no “aeroporto pequeno”, num indício de que talvez tenha mandado um avião particular buscá-lo.

Por essas e, possivelmente, outras contidas nas duas centenas de diálogos gravados entre Policarpo e Cachoeira,segundo o 247, ” nesta sexta-feira, discutiu-se na Abril se a melhor saída não seria o afastamento de Policarpo – ainda que temporário – para tentar estancar o problema.”

Investigar Cachoeira, um atentado à liberdade de expressão

por Luiz Carlos Azenha, no Vi o Mundo

Por dever de ofício, li o texto de capa de revista que tenta provar que investigar os crimes do Carlinhos Cachoeira, no Congresso, é um atentado à liberdade de expressão.

O que chamou minha atenção foi a frase abaixo, que interpretei como defesa do uso de fontes-bandidas:
Qualquer repórter iniciante sabe que maus cidadãos podem ser portadores de boas informações. As chances de um repórter obter informações verdadeiras sobre um ato de corrupção com quem participou dele são muito maiores do que com quem nunca esteve envolvido. A ética do jornalista não pode variar conforme a ética da fonte que está lhe dando informações. Isso é básico. Disso sabem os promotores que, valendo-se do mecanismo da delação premiada, obtêm informações valiosas de um criminoso, oferecendo-lhe em troca recompensas como o abrandamento da pena.
Registre-se, inicialmente, a tentativa dos autores de usar os promotores de Justiça como escada. Tentam sugerir ao leitor que o esforço da revista, ao dar espaço em suas páginas a fontes-bandidas, equivale ao dos promotores de Justiça.

terça-feira, 10 de abril de 2012

Viúvas de Demóstenes na imprensa choram por ele

Do blog Balaio do Kotscho
Abandonado pelos seus pares do DEM e do que restou da oposição parlamentar no Congresso Nacional, o ainda senador Demóstenes Torres (sem partido-GO) só encontra apoio em alguns setores da imprensa e agora joga todas as suas fichas no Judiciário, pois sabe que não tem como escapar da cassação do mandato. É tudo só uma questão de tempo.

Chega a a ser comovente o empenho de alguns jornalistas em variadas mídias para separar o Demóstenes AC (Antes de Cachoeira), o implacável combatente contra a corrupção, do Demóstenes DC (Depois de Cachoeira), como se isso fosse possível.

Não tem essa história de antes e depois: Demóstenes e Cachoeira são umbilicalmente ligados faz muito tempo, atuavam juntos em atividades clandestinas e um cumpria ordens do outro, segundo as gravações feitas pela Polícia Federal.

Classe D agora tem plano de saúde e seguro de vida

A vez da classe D


A empregada doméstica Miriam Nascimento Prates, que recentemente subiu na pirâmide social brasileira: “Um dia quero comprar uma casa com piscina, mas antes de tudo tenho a preocupação de manter meu atual padrão de vida”

Por Karin Sato e Letícia Casado | De São Paulo
Sônia Gonçalves diz que não sabe “como vai ser o amanhã”. Na dúvida, guarda uma parte do dinheiro que recebe por seu trabalho regular como faxineira em escritórios e pelos “bicos” em residências depois do expediente e em seu dia de folga. A poupança vai engordando, mas vez ou outra, quando “a situação aperta”, ela tira R$ 100 da caderneta para fechar o mês sem dívidas, “já que é complicado fazer poupança e pagar contas recebendo salário mínimo”.

O inferno astral da oposição a Dilma

No Carta Maior
Os partidos oposicionistas estão no meio de um vendaval. E, como a crise é fundamentalmente partidária, também esvazia a força de pressão dos partidos tradicionais aliados ao governo. Quanto maior a base de apoio, mais o governo pode usar da superioridade numérica para dispensar apoios incômodos.
Maria Inês Nassif

O episódio Demóstenes Torres (ex-DEM-GO), que revelou as relações do senador de oposição com uma rede ligada ao chefe, o bicheiro Carlos Cachoeira, por Nextel, acresceu vantagens a uma situação que já era favorável ao governo Dilma Rousseff. A presidenta foi presenteada com uma conjuntura particulamente boa ao projeto de trazer as relações com os aliados parlamentares para termos mais republicanos.

Os juros podem cair muito mais

Por Antonio Martins, no sítio Outras Palavras:

A reação dos grandes bancos brasileiros e da mídia tem variado de modo revelador, desde que Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal anunciaram, semana passada, intenção de reduzir fortemente as taxas de juros. No primeiro momento, o ato foi visto como temerário e demagógico. Veja e O Estado de S.Paulo asseguraram, por exemplo, que a decisão, determinada pelo Palácio do Planalto, era incongruente: os bancos públicos teriam os clientes com maior risco de inadimplência, no sistema financeiro; não estariam, portanto, em condições de reduzir o custo do crédito oferecido a eles.