Quem não entendeu nada não entende o proUni
por Paulo Moreira Leite
Há certos momentos da vida brasileira que é preciso convocar Diderot, o pensador da Revolução Francesa que, diante dos movimentos de reação que se opunham aos avanços da democracia, lançou uma advertência histórica:
– Burgueses, vocês não entenderam nada.
Lembrei disso há dois anos, quando se descobriu, em Higienópolis, um movimento para impedir a instalação de uma estação de metrô que iria trazer evidentes benefícios ao bairro.
A votação sobre a constitucionalidade do proUNI no Supremo é um caso parecido.
O proUni causou menos alvoroço do que as cotas e não deveria. Admito que há um debate maior sobre cotas. Muitos brasileiros foram educados pelo mito da democracia racial. Para eles, não é fácil aceitar a derrota moral de viver num país de cultura racista, onde a discriminação cria uma população disponível, forçada a aceitar o trabalho em condições difíceis e precária, nos piores empregos, com os piores salários.
Mas o proUni é diferente. Seus benefícios sociais são tão óbvios e tão dirigidos aos mais pobres que é ainda mais escandaloso encontrar quem possa combatê-lo.