sábado, 20 de fevereiro de 2010

Kassab(DEM) teve o mandato cassado

Justiça Eleitoral cassa mandato de Kassab


Condenação por captação ilícita na campanha inclui a vice. Ambos seguem no cargo enquanto recorrem


Roberto Fonseca, Fabio Leite e Eduardo Reina – Jornal da Tarde


SÃO PAULO – O prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (DEM), e a vice, Alda Marco Antonio (PMDB), tiveram o mandato cassado pelo juiz da 1ª Zona Eleitoral, Aloísio Sérgio Resende Silveira, por recebimento de doações consideradas ilegais na campanha de 2008. A decisão, em primeira instância, torna Kassab o primeiro prefeito da capital cassado no exercício do mandato desde a redemocratização, em 1985. Como o recurso tem efeito suspensivo imediato, os dois podem recorrer da sentença sem ter de deixar os cargos.

Entre as doadoras consideradas ilegais estão a Associação Imobiliária Brasileira (AIB) e empreiteiras acionistas de concessionárias de serviços públicos, como Camargo Corrêa e OAS. Ao todo, a coligação de Kassab e Alda gastou R$ 29,76 milhões na campanha, dos quais R$ 10 milhões são considerados irregulares pela Justiça. A sentença será publicada no Diário Oficial de terça-feira, quando passa a contar o prazo de três dias para o recurso no Tribunal Regional Eleitoral (TRE).

Silveira disse neste sábado, 20, ao Jornal da Tarde que já julgou os processos de Kassab, nove vereadores e dos candidatos derrotados na eleição à Prefeitura em 2008, Marta Suplicy (PT) e Geraldo Alckmin (PSDB), todos alvos de representação do Ministério Público Eleitoral (MPE), mas que não poderia informar quais dos réus foram cassados antes da publicação, na terça. Falta julgar o presidente da Câmara Municipal, Antonio Carlos Rodrigues (PR), e duas empresas acusadas de repasse ilegal.

O juiz afirmou, contudo, que manteve nas suas decisões o mesmo entendimento que levou à cassação de 16 vereadores no fim do ano passado. No caso, todos os políticos que receberam acima de 20% do total arrecadado pela campanha de fonte considerada vedada foram cassados. “Se passou de 20%, independentemente do nome, tenho aplicado a pena por coerência e usado esse piso como caracterizador do abuso de poder econômico na eleição, um círculo vicioso que dita a campanha e altera a vontade do eleitor”, afirmou Silveira.

Além de cassar o diploma do prefeito e da vice, a sentença os torna inelegíveis por três anos. Dos 13 vereadores que aguardavam a decisão da Justiça Eleitoral, dez ultrapassavam o limite em doações consideradas ilegais. São eles: o líder do governo, José Police Neto (PSDB), Marco Aurélio Cunha (DEM), Gilberto Natalini (PSDB) e Edir Sales (DEM), da base governista, e os petistas Antonio Donato, Arselino Tatto, Ítalo Cardoso, José Américo e Juliana Cardoso, além de Rodrigues (PR).


Fonte vedada


Nas decisões, Silveira considerou como fonte vedada de doação eleitoral empreiteiras que integram concessionárias de serviços públicos e a AIB. A entidade é acusada pelo Ministério Público Estadual (MPE) de servir de fachada do Sindicato da Habitação (Secovi). Por lei, sindicatos não podem fazer doações a candidatos, comitês e partidos. Só da AIB a campanha de Kassab recebeu R$ 2,7 milhões. A entidade e o Secovi negam haver irregularidades.

“Um acionista, mesmo que minoritário, que tem faturamento de R$ 500 milhões, faz estrago numa campanha porque ele tira renda da concessionária. Embora seja um voto vencido, por conta da decisão do ministro Velloso, me convenceu”, afirmou Silveira, citando decisão do ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) Carlos Velloso favorável a essas doações nas eleições de 2006.

O inciso 3º do artigo 24 da Lei das Eleições (Lei 9.504/97) proíbe “concessionário ou permissionário” de fazer doações de qualquer espécie a candidatos ou partidos políticos. E embora a última manifestação do TSE, em 2006, tenha considerado legais doações de empresas com participação em concessionárias, votos proferidos no passado pelos ministros Cezar Peluso, Carlos Ayres Brito e Ellen Gracie repudiaram a prática.


"Perplexidade"


Procurado pela reportagem, o advogado de Kassab, Ricardo Penteado, afirmou que a defesa do prefeito vai entrar com recurso no TRE que, diz ele, “deve resultar na reforma da sentença e na confirmação da vontade popular.”

Penteado afirmou ainda que “as contribuições foram feitas seguindo estritamente os mandamentos da lei e já foram analisadas e aprovadas sem ressalvas pela Justiça Eleitoral.”

“Causa perplexidade e insegurança jurídica que assuntos e temas já decididos há tantos anos pela Justiça sejam reabertos e reinterpretados sem nenhuma base legal e contrariando jurisprudência do TRE e do TSE”, completou.

Colaborou Rodrigo Burgarelli


Fonte:http://www.estadao.com.br/noticias/cidades,justica-eleitoral-cassa-mandato-de-kassab,513917,0.htm

Parceria para criação de frentes de trabalho no Haiti

Presidente Lula anuncia parceria para criação de frentes de trabalho no Haiti



Por Redação, com ABr - de Brasília



O presidente Luiz Inácio Lula da Silva passará apenas cinco horas na próxima quinta-feira em Porto Príncipe, capital do Haiti. Mas terá tempo o suficiente para propor uma parceria com o governo haitiano com o objetivo de criar frentes de trabalho.

A ideia é que essas frentes de trabalho gerem oportunidades de emprego e solucionem problemas, como a restauração de estradas, a construção de casas e o estímulo à pesca, além da limpeza pública.

É a terceira vez que Lula visitará o Haiti e a primeira depois que o país foi devastado pelo terremoto de 12 de janeiro. O presidente sobrevoará a capital haitiana de helicóptero. Depois, participará da cerimônia de formatura das tropas brasileiras na Missão das Nações Unidas para a Estabilização do Haiti (Minustah).

O presidente vai almoçar com os militares brasileiros que integram as forças de paz e visitará o hospital de campo da Força Aérea Brasileira (FAB). Ao encerrar a visita, se reunirá com o presidente do Haiti, René Prevál.

Antes de ir ao país caribenho, Lula passará pelo México e por Cuba. Em Cancún, no México, de domingo à terça-feira (21 a 23), o presidente participará das reuniões da Cúpula da América Latina e do Caribe e do Grupo do Rio. A expectativa dos negociadores brasileiros é que, nestas reuniões, o Brasil e outros países da América do Sul abram as discussões para a reintegração de Honduras à Organização dos Estados Americanos (OEA).

A OEA suspendeu Honduras depois do golpe de Estado, de 28 de junho de 2009, quando o então presidente Manuel Zelaya foi deposto por uma ação conjunta das Forças Armadas, do Congresso Nacional e da Suprema Corte. Para o governo brasileiro, houve ruptura da ordem democrática e a reintegração de Honduras só deve ocorrer mediante o cumprimento de algumas condições por parte do novo presidente, Porfirio “Pepe” Lobo.

Do México, Lula segue para Cuba. Em Havana, o presidente se reunirá com o ex-presidente Fidel Castro e com o atual presidente cubano, Raúl Castro. É a sexta visita de Lula ao país caribenho. Ele vai se despedir – por ser a última viagem programada ao país como presidente – dos dois líderes – a quem chama de amigos – e também vai anunciar um projeto de investimento para a construção do futuro maior porto do Caribe.

Ao deixar Cuba, Lula vai para El Salvador, nos dias 25 e 26, encerrando o período de viagens. A ideia é definir com o presidente salvadorenho, Mauricio Funes, linhas de financiamento diferenciadas para o país via Banco de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Os projetos incluem a renovação da frota de ônibus do país e incentivos a pequenas e médias empresas.

Lula retorna ao Brasil na madrugada de sábado.


Fonte:http://www.correiodobrasil.com.br/noticia.asp?c=164250

Petrobrás, melhor resultado entre as petroleiras

Petrobrás deve ter o maior lucro entre petroleiras

Manutenção dos preços do combustível no País garante resultado maior que o das concorrentes

Kelly Lima - O Estado SP


A manutenção dos preços da gasolina e do diesel no mercado doméstico – independentemente das oscilações do barril no exterior – deve elevar a Petrobrás à categoria de petroleira com o melhor resultado em 2009.

Enquanto as maiores petroleiras internacionais (Exxon, Chevron e Shell) amargaram no fechamento do ano passado queda de mais da metade do lucro recorde do ano anterior e companhias de menor porte (BG e BP) ficaram na casa dos 20% abaixo de 2008, a Petrobrás pode ter um desempenho melhor, na opinião do diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), Adriano Pires.

“As companhias maiores são mais verticalizadas, possuem refinarias ou participam de alguma maneira de forma mais direta ao longo da cadeia produtiva. Com isso, perdem mais dinheiro porque têm uma diminuição do lucro dela nas vendas de derivados”, disse Pires. Na sexta-feira da semana que vem, a Petrobrás divulga o resultado financeiro do ano passado.

Petroleiras menores, mais concentradas na área de Exploração e Produção, tiveram uma redução menor do seu lucro, com a valorização do barril ao longo do ano. “A Petrobrás reverte esse cenário, porque possui uma posição ímpar. Quando o preço do petróleo cai muito, aí é que ela ganha dinheiro vendendo gasolina”, comentou Adriano Pires.

Antes mesmo das análises feitas pelas instituições bancárias, que elaboram relatórios com previsão para o lucro da companhia, o CBIE aponta que em 2009 a Petrobrás manteve o preço da gasolina 44% acima da média internacional. No caso do diesel, o valor foi 33% maior.

Os dois indicadores consideram diferenças cambiais e paridade de importação e exportação de ambos os combustíveis. Levam em conta também a redução dos preços promovida pela Petrobrás em junho de 2009, um ano depois do início da queda do valor do barril no exterior, após atingir o seu pico de US$ 150.

De acordo com dados oficiais do departamento de energia dos Estados Unidos, o preço do barril no mercado internacional teve valorização média de 70% ao longo de 2009, depois de ficar abaixo dos US$ 40, no fim de 2008. O preço do barril, no entanto, não atingiu a média do ano de 2008, de US$ 85, ficando em US$ 62 na média de 2009.

Entre as petroleiras internacionais, a americana ExxonMobil teve a maior queda, de 57,3%, com lucro líquido de US$ 19,3 bilhões em 2009, ante os US$ 45,2 bilhões apurados no ano anterior. No quarto trimestre, no entanto, a redução já foi menor: o resultado da empresa caiu 23% ante o mesmo período em 2008, passando de US$ 7,8 bilhões para US$ 6 bilhões.

A empresa alegou que a redução no lucro refletiu especialmente a queda nas margens de refino, que teve uma perda de US$ 189 milhões, ante os ganhos do mesmo período do ano anterior, de US$ 2,41 bilhões.

Revista Veja entrevista Dilma Rousseff


Dilma em foto de 1993, quando era secretária de Energia e Minas do Rio Grande do Sul

por Eneida Serrano

"A realidade mudou, e nós com ela. Contudo, nunca mudei de lado. Sempre estive ao lado da justiça, da democracia e da igualdade social" A entrevista que se segue com a ministra Dilma Rousseff foi feita por e-mail e precedida de uma rápida conversa por telefone. Dilma respondeu a todas as perguntas enviadas, mas não aceitou réplicas a suas respostas

John Maynard Keynes, que a senhora admira, dizia alguma coisa equivalente a "se a realidade muda, eu mudo minhas convicções". Como sua visão de mundo mudou com o tempo e com a experiência de ajudar a governar um país?


O Brasil superou uma ditadura militar e está consolidando sua democracia. A realidade mudou, e nós com ela. Contudo, nunca mudei de lado. Sempre estive ao lado da justiça, da democracia e da igualdade social.

Henry Adams, outro autor que a senhora lê com assiduidade, escreveu que "conhecer a natureza humana é o começo e o fim de toda educação política". A senhora acredita que conhece o bastante da natureza humana, em especial a dos políticos, mesmo sem ter disputado eleições antes?


Conheço bem o pensamento de Henry Adams para saber que nessa citação ele se refere à política no seu sentido amplo. Falando no sentido estritamente eleitoral da sua pergunta, acredito que minha experiência de mais de quarenta anos de militância política e gestão pública permite construir um relacionamento equilibrado com as diferentes forças partidárias que participarão desse processo eleitoral.


Os brasileiros trabalham cinco meses do ano para pagar impostos, cuja carga total beira 40% do PIB. Em uma situação dessas, faz sentido considerar a ampliação do papel do estado na vida das pessoas, como parece ser a sua proposta?

O que defendemos é a recomposição da capacidade do estado para planejar, gerir e executar políticas e serviços públicos de interesse da população. Os setores produtivos deste país reconhecem a importância da atuação equilibrada e anticíclica do estado brasileiro na indução do desenvolvimento econômico. Sem a participação do estado, em parceria com o setor privado, não seria possível construir 1 milhão de casas no Brasil.


Não fosse a necessidade de criar slogans e conceitos de rápida assimilação popular nas campanhas, seria o caso de superar esse debate falso e improdutivo sobre "estado mínimo" e "estado máximo", correto?
Afinal, ninguém de carne e osso com cérebro entre as orelhas vive nesses extremos fundamentalistas. Qual o real papel do estado?

Nos sete anos de nosso governo, ficou demonstrado o papel que vemos para o estado: induzir o desenvolvimento dos setores produtivos, priorizar os investimentos em infraestrutura em parceria com o setor privado, fortalecer e impulsionar a pesquisa e o desenvolvimento científico-tecnológico, assegurando ganhos de produtividade em todos os setores econômicos. Modernizar os serviços públicos buscando responder de forma eficaz às demandas da população nas áreas da saúde, educação, segurança pública e demais direitos da cidadania. Chamo atenção para a comprovada eficácia dos programas que criamos. O Bolsa Família, o Luz para Todos, o Programa Minha Casa Minha Vida, as obras de sanea-mento e drenagem do PAC, entre outros, produziram forte impacto na melhoria de vida da população e resultaram também no fortalecimento do mercado interno. Finalmente, gostaria de destacar o papel do setor público diante da crise recente, o que permitiu que fôssemos os últimos a entrar e os primeiros a sair dela. Garantimos crédito, desoneração fiscal e liquidez para a economia.


O presidente Lula soube manter aceso o debate ideológico no PT, mas rejeitou todos os avanços dos radicais sobre o governo. Como a senhora vai controlar o fogo dos bolsões sinceros mas radicais do seu partido - em especial a chama da censura à imprensa e do controle estatal da cultura?


Censura à imprensa e controle estatal da cultura estão completamente fora das ações do atual governo, como também de nossas propostas para o futuro.


O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso definiu a senhora como uma lua política sem luz própria girando em torno e dependente do carisma ensolarado do presidente Lula. Como a senhora pretende firmar sua própria identidade?


Não considero apropriado discutir luminosidade com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.

A oposição certamente vai bater na tecla da personalidade durante a campanha, explorando situações em que sua versão de determinados fatos soaram como mentiras. Como Otto von Bismarck, o chanceler de ferro da Alemanha, a senhora vê lugar para a mentira na prática política?

Na democracia não vejo nenhum lugar para a mentira. Como já disse em audiência no Congresso Nacional, em situações de arbítrio e regimes de exceção, a omissão da verdade pode ser um recurso de defesa pessoal e de proteção a companheiros.


Qual o perfil ideal de vice-presidente para compor sua chapa? Um nome que expresse a força e a diversidade da nossa aliança. O presidenciável Ciro Gomes, aliado do seu governo, afirma que a aliança entre o PT e o PMDB é um "roçado de escândalos semeados". A senhora não só defende essa aliança como quer o PMDB indicando o vice em sua chapa. Não é um risco político dar tanto espaço a um partido comandado por Renan Calheiros, José Sarney e Jader Barbalho?

Não se deve governar um país sem alianças e coalizões. Mesmo quando isso é possível, não é desejável. O PMDB é um dos maiores partidos brasileiros, com longa tradição democrática. Queremos o PMDB em nossa aliança.

O Brasil está cercado de alguns países em franca decomposição institucional, com os quais o presidente Lula manteve boas relações, cuidando, porém, de demarcar as diferenças de estágio civilizatório que os separam do Brasil. Como um eventual governo da senhora vai lidar com governantes como Hugo Chávez ou Evo Morales?

Lidaremos com responsabilidade e equilíbrio com todos os países, respeitando sua soberania e sem ingerência em seus assuntos internos. É esse, também, o tratamento que exigimos de todos os países, em reciprocidade.

Fonte:http://brasilmostraatuacara.blogspot.com/


Discurso da Ministra Dilma Rousseff no congreso do PT



http://www.youtube.com/watch?v=Y3JGRRGcpRY


Discurso de Dilma em áudio AQUI


Leia o discurso na íntegra AQUI


Entrevista do presidente Lula

Lula ao Estadão: "Dilma tem potencial político extraordinário"



por Vera Rosa, Tânia Monteiro, Rui Nogueira, João Bosco Rabello e Ricardo Gandour , em O Estado de S. Paulo

BRASÍLIA - Na véspera de participar do 4.° Congresso Nacional do PT, que amanhã sacramentará a candidatura da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, à sua sucessão, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva avisou que a herdeira do espólio petista, se eleita, deverá ficar dois mandatos no cargo. Em entrevista ao Estado, Lula negou que tenha escolhido Dilma com planos de voltar ao poder lá na frente, disputando as eleições de 2014.

"Ninguém aceita ser vaca de presépio e muito menos eu iria escolher uma pessoa para ser vaca de presépio", afirmou o presidente. "Todo político que tentou eleger alguém manipulado quebrou a cara." A dez meses da despedida no Palácio do Planalto, Lula disse que o ideal é deixar as "corredeiras da política" seguirem o seu caminho. "Quem foi eleito presidente tem o direito legítimo de ser candidato à reeleição", insistiu. "Eu tive a graça de Deus de governar este país oito anos."

Uma eventual gestão Dilma, no seu diagnóstico, não será mais à esquerda do que seu governo. Ele admite, no entanto, que, no governo, ela vai imprimir "o ritmo dela, o estilo dela". Na sua avaliação, porém, diretrizes do programa de governo de Dilma, que o PT aprovará nesta sexta-feira, 19, podem conter um tom mais teórico do que prático.

"Não há nenhum crime ou equívoco no fato de um partido ter um programa mais progressista do que o governo", argumentou. "O partido, muitas vezes, defende princípios e coisas que o governo não pode defender." Questionado se concorda com a ampliação do papel do Estado na economia, proposta na plataforma de Dilma, Lula abriu um sorriso. "Vou fazer uma brincadeira: o único Estado forte que eu quero é o Estadão", disse, numa referência ao jornal. Mais tarde, no entanto, destacou a importância de investimentos estratégicos por parte do Estado. "Quero criar uma megaempresa de energia no País."

O presidente manifestou preocupação com a divisão da base aliada em Estados como Minas, onde o PT e o PMDB até agora não conseguiram selar uma aliança. "Imaginar que Dilma possa subir em dois palanques é impossível", comentou. "O que vai acontecer é que em alguns Estados ela não vai poder ir."

Bem-humorado, Lula tomou uma xícara pequena de café e afirmou que Dilma não vai sentir sua falta como cabo eleitoral quando deixar o governo, em março. "Eu estarei espiritualmente com ela", brincou. Ele defendeu o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), deu estocadas no ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, falou da chuva em São Paulo, mas poupou o governador José Serra (PSDB), provável adversário de Dilma.

Nem mesmo a língua afiada do deputado Ciro Gomes (PSB-CE), porém, fez Lula desistir de convencer o antigo aliado a não concorrer à Presidência. "É preciso provar que o santo Lula está errado", provocou.

Na entrevista ao Estado, em agosto de 2007, perguntamos se o sr. já pensava em lançar uma mulher como candidata à sua sucessão. Sua resposta foi: ‘No momento em que eu disser isso, uma flecha estará apontada para esse nome, seja ele qual for.’ Naquela época, o sr. já tinha decidido que seria a ministra Dilma? Quando o sr. decidiu?

Quando aconteceram todos os problemas que levaram o companheiro José Dirceu a sair do governo, eu não tinha dúvida de que a Dilma tinha o perfil para assumir a Casa Civil e ajudar a governar o País. Na Casa Civil ela se transformou na grande coordenadora das políticas do governo. Foi quase uma coisa natural a indicação da Dilma. A dedicação, a capacidade de trabalho e de aprender com facilidade as coisas foram me convencendo que estava nascendo ali mais do que uma simples tecnocrata. Estava nascendo ali uma pessoa com potencial político extraordinário, até porque a vida dela foi uma vida política importante.

Mas a escolha da ministra só ocorreu porque houve um "vazio" no PT, como disse o ex-ministro Tarso Genro, com os principais candidatos à sua cadeira dizimados pela crise do mensalão, não?

Não concordo. Não tinha essa coisa de ‘principais candidatos’. Isso é coisa que alguém inventou.

José Dirceu, Palocci...

Na minha cabeça não tinha "principais candidatos". Estou absolutamente convencido de que ela é hoje a pessoa mais preparada, tanto do ponto de vista de conhecimento do governo quanto da capacidade de gerenciamento do Brasil.

Naquele momento em que sr. chamou a ministra de "mãe do PAC", na Favela da Rocinha (Rio), ali não foi apresentada a vontade prévia para fazer de Dilma a candidata?

Se foi, foi sem querer. Eu iria lançar o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), na verdade, antes da eleição (de 2006). Mas fui orientado a não utilizar o PAC em campanha porque a gente não precisaria dele para ganhar as eleições. Olha o otimismo que reinava no governo! E o PAC surgiu também pelo fato de que eu tinha muito medo do segundo mandato.

Por quê?

Quem me conhece há mais tempo sabe que eu nunca gostei de um segundo mandato. Eu sempre achei que o segundo mandato poderia ser um desastre. Então, eu ficava pensando: se no segundo mandato o presidente não tiver vontade, não tiver disposição, garra e ficar naquela mesmice que foi no primeiro mandato, vai ser uma coisa tão desagradável que é melhor que não tenha.

O sr. está enfrentando isso?

Não porque temos coisas para fazer ainda, de forma excepcional, e acho que o PAC foi a grande obra motivadora do segundo mandato.

O sr. não está desrespeitando a Lei Eleitoral, antecipando a campanha?

Não há nenhum desrespeito à Lei Eleitoral. Agora, o que as pessoas não podem é proibir que um presidente da República inaugure as obras que fez. Ora, qual é o papel da oposição? É criticar as coisas que nós não fizemos. Qual é o nosso papel? Mostrar coisas que nós fizemos e inaugurar.

Mas quem partilha dessa tese diz que o sr. praticamente pede votos para Dilma nas inaugurações...

Eu dizer que vou fazer meu sucessor é o mínimo que espero de mim. A grande obra de um governo é ele fazer seu sucessor. Não faz seu sucessor quem está pensando em voltar quatro anos depois. Aí prefere que ganhe o adversário, o que não é o meu caso.

Há quem diga que o sr. só escolheu a ministra Dilma, cristã nova no PT, com apenas nove anos de filiação ao partido, porque, se eleita, ela será fiel a seu criador. Isso deixaria a porta aberta para o sr. voltar em 2014. O sr. planeja concorrer novamente?

Olha, somente quem não conhece o comportamento das mulheres e somente quem não conhece a Dilma pode falar uma heresia dessas. Ninguém aceita ser vaca de presépio e muito menos eu iria escolher uma pessoa para ser vaca de presépio. Não faz parte da minha vida nem no PT nem na CUT. Eu já tive a graça de Deus de governar este país oito anos. Minha tese é a seguinte: rei morto, rei posto. A Dilma tem de criar o estilo dela, a cara dela e fazer as coisas dela. E a mim cabe, como torcedor da arquibancada, ficar batendo palmas para os acertos dela. E torcendo para que dê certo e faça o melhor. Não existe essa hipótese .

O sr. não pensa mesmo em voltar à Presidência?

Não penso. Quem foi eleito presidente tem o direito legítimo de ser candidato à reeleição. Ponto pacífico. Essa é a prioridade número 1.

O sr. não vai defender a mudança dessa regra, de fim da reeleição com mandato de cinco anos?

Não vou porque quando quis defender ninguém quis. Eu fui defensor da ideia de cinco anos sem reeleição. Hoje, com a minha experiência de presidente, eu queria dizer uma coisa para vocês: ninguém, nenhum presidente da República, num mandato de quatro anos, concluirá uma única obra estruturante no País.

Então o sr. mudou de ideia...

Mudei de ideia. Veja quanto tempo os tucanos estão governando São Paulo e o Rio Tietê continua do mesmo jeito. É draga dali, tira terra, põe terra. Eu lembro do entusiasmo do Jornal da Tarde quando, em 1982, o banco japonês ofereceu US$ 500 milhões para resolver aquilo. A verdade é que, para desgraça do povo de São Paulo, as enchentes continuam. Eu até mandei o Franklin ( Martins) fazer um levantamento para ver o que diziam das enchentes quando a Marta era prefeita, quando a Erundina era prefeita e o que falam agora para fazer uma comparação com o comportamento... [grifo nosso; parte que o Estadão omitiu na transcrição] Eu não culpo o Serra, não culpo o Kassab e nenhum governante. Eu acho que a chuva é demais. No meu apartamento, em São Bernardo, está caindo mais água dentro do que fora. Choveu tanto que vazou. Há dias o meu filho me ligou, às duas horas da manhã, e disse: "Pai, estou com dois baldes de água cheios." Eu fui a São Paulo no dia do aniversário da cidade e disse que o governo federal está disposto a sentar com o governo do Estado, com o prefeito, e discutir uma saída para ver se consegue resolver o problema, que é gravíssimo. Não queremos ficar dizendo: "Ah, é meu adversário, deu enchente, que ótimo". Quem está falando isso para vocês viveu muitas enchentes dentro de casa".

‘Quero criar no País uma megaempresa de energia’

Pelas diretrizes do programa do PT, um eventual governo Dilma Rousseff parece que será mais à esquerda que o seu...

Eu ainda não vi o programa, eu sei que tem discussão. Mas conheço bem a Dilma e, como acho que ela deve imprimir o ritmo dela, se ela tomar uma decisão mais à esquerda do que eu, eu tenho que encarar com normalidade. E, se tomar uma posição mais à direita do que eu, tenho que encarar com normalidade. Tenho total confiança na Dilma, de que ela saberá fazer as coisas corretas para este país. Uma mulher que passou a vida que a Dilma passou - e é sem ranço, sem mágoa, sem preconceito - venceu o pior obstáculo.

A experiência de poder distanciou o sr. do pensamento mais utópico do PT, não?

Veja, o PT que chegou ao poder comigo, em 2002, não era mais o PT de 1980, de 1982.

Não era porque houve a Carta ao Povo Brasileiro...

Não é verdade. Num Congresso do PT aparecem 20 teses. Tem gosto para todo mundo. É que nem uma feira de produtos ideológicos. As pessoas compram o que querem e vendem o que querem. O PT, quando chegou à Presidência, tinha aprendido com dezenas de prefeituras, já tínhamos as experiências do governo do Acre, do Rio Grande do Sul, de Mato Grosso do Sul... O PT que chegou ao governo foi o PT maduro. De vez em quando, acho que foi obra de Deus não permitir que eu ganhasse em 1989. Se eu chego em 1989 com a cabeça do jeito que eu pensava, ou eu tinha feito uma revolução no País ou tinha caído no dia seguinte. Acho que Deus disse assim: "Olha, baixinho, você vai perder várias eleições, mas, quando chegar, vai chegar sabendo o que é tango, samba, bolero." O PCI italiano passou três décadas sendo o maior partido comunista do mundo ocidental, mas não passava de 30%. Eu não tinha vocação para isso. E onde eu fui encontrar (a solução)? Na Carta ao Povo Brasileiro e no Zé Alencar. Essa mistura de um sindicalista com um grande empresário e um documento que fosse factível e compreensível pela esquerda e pela direita, pelos ricos e pelos pobres, é que garantiu a minha chegada à Presidência.

Mesmo assim, o sr. teve de funcionar como fator moderador do seu governo em relação ao partido...

E vou continuar sendo. Eu não morri.

Mas a Dilma poderá fazer isso?

Ah, muito. Hipoteticamente, vocês acham que o PSTU ganhará eleição com o discurso dele? Vamos supor que ganhe, acham que governa? Não governa.

As diretrizes do PT, que pregam o fortalecimento do Estado na economia, não atrapalham?

Quero crer que a sabedoria do PT é tão grande que o partido não vai jogar fora a experiência acumulada de ter um governo aprovado por 72% na opinião pública depois de sete anos no poder. Isso é riqueza que nem o mais nervoso trotskista seria capaz de perder.

Os críticos do programa do PT dizem que o Estado precisa ter limites como empreendedor. Por que mais Estado na economia?

Vou fazer uma brincadeira: o único Estado forte que eu quero é o Estadão (risos). Não existe hipótese, na minha cabeça, de você ter um governo que vire um governo gerenciador. O governo tem dois papéis e a crise reforçou a descoberta deste papel. O governo tem, de um lado, de ser o regulador e o fiscalizador; do outro lado, tem de ser o indutor, o provocador do investimento, que discute com o empresário e pergunta por que ele não investe em tal setor.

Por que é preciso ressuscitar empresas estatais para fazer programas como a universalização da banda larga? O governo toca o Luz Para Todos com uma política pública que contrata serviços junto às distribuidoras e não ressuscita a Eletrobrás.

Mas nós estamos ressuscitando a Eletrobrás. O Luz Para Todos só deu certo porque o Estado assumiu. As empresas privadas executam sob a supervisão do governo, que é quem paga.

Não pode fazer a mesma coisa com a banda larga?

Pode. Não temos nenhum problema com a empresa privada que cumpre as metas. Mas tem empresa privada que faz menos do que deveria. Então, eu quero, sim, criar uma megaempresa de energia no País. Quero empresa que seja multinacional, que tenha capacidade de assumir empréstimos lá fora, de fazer obras lá fora e fazer aqui dentro. Se a gente não tiver uma empresa que tenha cacife de dizer "se vocês não forem, eu vou", a gente fica refém das manipulações das poucas empresas que querem disputar o mercado. Então, nós queremos uma Eletrobrás forte, para construir parceria com outras empresas. Não queremos ser donos de nada.

A banda larga precisa de uma Telebrás?

Se as empresas privadas que estão no mercado puderem oferecer banda larga de qualidade nos lugares mais longínquos, a preço acessível, por que não?

Mas precisa de uma Telebrás?

Depende. O governo só vai conseguir fazer uma proposta para a sociedade se tiver um instrumento. Não quero uma nova Telebrás com 3 ou 4 mil funcionários. Quero uma empresa enxuta, que possa propor projetos para o governo. Nosso programa está quase fechado, mais uns 15 dias e posso dizer que tenho um programa de banda larga. Vou chamar todos e quero saber quem vai colocar a última milha ao preço mais baixo. Quem fizer, ganha; quem não fizer, tá fora. Para isso o Estado tem de ter capacidade de barganhar.

O sr. teme que o PSDB venha na campanha com o discurso de gastança, de inchaço da máquina, que o seu governo contratou 100 mil novos servidores?

Vou dar um número, pode anotar aí: cargos comissionados no governo federal, para uma população de 191 milhões de habitantes. Por cada 100 mil habitantes, o governo tem 11 cargos comissionados. O governo de São Paulo tem 31 e a Prefeitura de São Paulo tem 45.

Deixar o governo de Minas para o PMDB de Hélio Costa facilita a vida de Dilma junto à base aliada?

A aliança com o PMDB de Minas independe da candidatura ao governo de Estado. O Hélio Costa tem me dito publicamente que a candidatura dele não é problema. Ele propõe o óbvio, que se faça no momento certo um estudo e veja quem tem mais condições e se apoie esse candidato. Acho que os companheiros de Minas, tanto o Patrus Ananias quanto o Fernando Pimentel se meteram em uma enrascada. Estava tudo indo muito bem até que eles transformaram a disputa entre eles em uma fissura muito ruim para o PT. Como a política é a arte do impossível, quem sabe até março eles conseguem resolver o problema deles.

A desistência da pré-candidatura do deputado Ciro Gomes (PSB-CE) facilitaria a vida de Dilma?

O Ciro é um companheiro por quem tenho o mais profundo respeito. Eu já gostava do Ciro e aprendi a respeitá-lo. Um político com caráter. E, portanto, eu não farei nada que possa prejudicar o companheiro Ciro Gomes. Eu pretendo conversar com ele, ver se chegamos à conclusão sobre o melhor caminho.

Ele diz que o "santo Lula" está errado.

É preciso provar que o santo está errado. É por isso que eu quero discutir.

O sr. ainda quer que ele seja candidato ao governo de São Paulo?

Se eu disser agora, a minha conversa ficará prejudicada.

O senador Mercadante pode ser o plano B?

Não sei. Alguém terá de ser candidato.

O Ciro tem dito que a aliança da ministra Dilma com o PMDB é marcada pela frouxidão moral.

Todo mundo conhece o Ciro por essas coisas. Mas acho que ele não disse nada que impeça uma conversa com o presidente.

O que se teme no Temer? Ele é o nome para vice?

O Michel Temer, neste período todo que temos convivido com ele, que ele resolveu ficar na base e foi eleito presidente da Câmara, tem sido um companheiro inestimável. A questão da vice é uma questão a ser tratada entre o PT, a Dilma e o PMDB.

O sr. não teme que Dilma caia nas pesquisas após sair do governo?

Ela vai crescer.

Mas sozinha?

Ela nunca estará sozinha. Eu estarei espiritualmente ao lado dela (risos).

Há quem tenha ficado assustado com a foto do sr. abraçando o Collor, depois de tudo o que passou na campanha de 1989.

O exercício da democracia exige que você faça política em função da realidade que vive. O Collor foi eleito senador pelo voto livre e direto do povo de Alagoas, tanto quanto foi eleito qualquer outro parlamentar. Ele está exercendo uma função institucional e merece da minha parte o mesmo respeito que eu dou ao Pedro Simon, que de vez em quando faz oposição, ao Jarbas Vasconcelos, que faz oposição. Se o Lula for convidado para determinadas coisas, não irá. Mas o presidente tem função institucional. Portanto, cumpre essa função para o bem do País e, até agora, tem dado certo. Fui em uma reunião com a bancada do PT em que eles queriam cassar o Sarney. Eu disse: muito bem, vocês cassam o Sarney e quem vem para o lugar?

O sr. acha que o eleitor entende?

O eleitor entende, pode entender mais. Agora, quem governa é que sabe o tamanho do calo que está no seu pé quando quer aprovar uma coisa no Senado.

O governo depende do Sarney no Senado? O único punido até agora foi o Estado, que está sob censura.

O Sarney foi um homem de uma postura muito digna em todo esse episódio. Das acusações que vocês (o jornal) fizeram contra o Sarney, nenhuma se sustenta juridicamente e o tempo vai provar. O exercício da democracia não permite que a verdade seja absoluta para um lado e toda negativa para o outro lado. Perguntam: você é contra a censura? Eu nasci na política brigando contra a censura. Exerço um governo em que eu duvido que alguém tenha algum resquício de censura. Mas eu não posso censurar que os Poderes exerçam suas funções. Eu não posso censurar a imprensa por exercer a sua função de publicar as coisas, nem posso censurar um tribunal ou uma Justiça por dar uma decisão contrária. Deve ter instância superior, deve ter um órgão para recorrer.

O sr. e o PT lideraram o processo de impeachment de Collor e nada, então, se sustentou juridicamente porque o STF absolveu o ex-presidente. O sr. está dizendo que o jornal não deveria publicar as notícias porque não se sustentariam juridicamente? Os jornais publicam fatos...

Não quero que vocês deixem de publicar nada. Minha crítica é esta: uma coisa é publicar a informação, outra coisa é prejulgar. Muitas vezes as pessoas são prejulgadas. Todos os casos que eu vi do Sarney, de emprego para a neta, daquela coisa, eu ficava lendo e a gente percebia que eram coisas muito frágeis. Você vai tirar um presidente do Senado porque a neta dele ligou para ele pedindo um emprego?

O caso da neta é o corporativismo, o fisiologismo, os atos secretos...

O que eu acho é o seguinte: o DEM governou aquela Casa durante 14 anos e a maioria dos atos secretos era deles. E eles esconderam isso para pedir investigação do outro lado. É uma coisa inusitada na política.

O sr. acha que os fatos do "mensalão do DEM", no Distrito Federal, são fatos inverídicos também?

No DEM tem um agravante: tem gravação, chegaram a gravar gente cheirando dinheiro.

No mensalão do PT tinha uma lista na porta do banco com o registro dos políticos indo pegar a mesada...

Vamos pegar aquela denúncia contra o companheiro Silas Rondeau, que foi ministro das Minas e Energia. De onde se sustenta aquela reportagem dizendo que tinha dinheiro dentro daquele envelope? Como se pode condenar um cara por uma coisa que não era possível provar?

O sr. tem dito, em conversas reservadas, que quando terminar o governo, vai passar a limpo a história do mensalão. O que o sr. quer dizer?

Não é que vou passar a limpo, é que eu acho que tem coisa que tem de investigar. E eu quero investigar. Eu só não vou fazer isso enquanto eu for presidente da República. Mas, quando eu deixar a Presidência, eu quero saber de algumas coisas que eu não sei e que me pareceram muito estranhas ao longo do todo o processo.

Quem o traiu?

Quando eu deixar a Presidência, eu posso falar.

Por que é que o seu governo intercede em favor do governo do Irã?

Porque eu acho que essa coisa está mal resolvida. E o Irã não é o Iraque e todos nós sabemos que a guerra do Iraque foi uma mentira montada em cima de um país que não tinha as armas químicas que diziam que ele tinha. A gente se esqueceu que o cara que fiscalizava as armas químicas era um brasileiro, o embaixador Maurício Bustani, que foi decapitado a pedido do governo americano, para que não dissesse que não havia armas químicas no Iraque.

O sr. continua achando que a Venezuela é uma democracia?

Eu acho que a Venezuela é uma democracia.

E o seu governo aqui é o quê?

É uma hiper-democracia. O meu governo é a essência da democracia.

Nota do Viomundo: O Estadão não fez a transcrição da entrevista na íntegra. Dani Tristão foi quem alertou e sugeriu que ouçamos o áudio. Ele está aqui.


Copiado de http://www.viomundo.com.br/voce-escreve/lula-ao-estadao-dilma-tem-potencial-politico-extraordinario/

Lula x FHC

"Se o Brasil de hoje fosse o Brasil dos anos 90, essa crise da Grécia já tinha quebrado o Brasil. Quando eu entrei para presidente, em março de 2003 a Caixa Econômica Federal só emprestava, no Brasil inteiro, R$ 5 bilhões; no ano passado ela emprestou R$ 45 bi, nove vezes mais. Em março de 2003, o Brasil inteiro tinha R$ 380 bilhões de crédito para 191 milhões de brasileiros. Hoje, tem 1 trilhão e 410 bilhões de crédito.... Só o crédito consignado hoje representa R$ 105 bilhões na mão do povo mais pobre...Nós éramos um país capitalista em que o povo nem tinha capital, nem tinha crédito e nem tinha capacidade de consumo.... era um país que produzia para exportar ou para vender migalhas aqui dentro."

(Presidente Lula; 19-02)

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Breve história do DEM, da ditadura a Arruda passando por FHC

O Mensalão do DEM, que levou à cadeia o único governador eleito por este partido em 2006, abriu uma fase de diagnósticos e prognósticos sobre o ex-PFL. Entretanto, o malcheiroso e bem documentado escândalo brasiliense é apenas um episódio mais picante, em um longo declínio do ex-PFL. Uma visão histórica ajuda a entender o processo.

Por Bernardo Joffily

Fonte: Banco de dados eleitorais do Brasil,

Observe o mapa e a tabela ao lado. Eles comparam o desempenho do PFL (Partido da Frente Liberal) em sua primeira eleição, para a Constituinte, em 1986, e na última, em 2006, que reelegeu o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, bem antes do governador José Roberto Arruda conhecer os rigores do cárcere.

As informações para o mapa foram tomados do excelente Banco de dados eleitorais do Brasil, organizado pelo professor Jairo Nicolau, do Iuperj, coe cobre de 1945 a 2006. Vale a pena visitá-lo (clique aqui) e guardá-lo como referência.

O reduto nordestino se acabou

O contraste impressiona. O partido de Jorge Bornhausen e Antonio Carlos Magalhães caiu de 118 deputados federais para 65 (hoje está reduzido a 56). E todos os prognósticos apontam para nova sangria em outubro.

Quando se aproxima a lupa do mapa, os motivos da corrosão começam a aparecer. Em 1986, o então PFL elegeu nos nove estados do Nordeste a exata metade dos seus 118 federais: 59, dos quais 14 na Bahia de ACM e 11 em Pernambuco de Marco Maciel. Em percentagem da votação, alcançou 36% dos votos válidos no Nordeste, mais que o dobro dos 17,7% da média nacional.

Duas décadas depois, não só a média nacional caíu para 10,9%. A votação do PFL nordestino despencou para menos da metade, 17,0%. E o número de deputados reduziu-se em 31, com apenas 27 federais pefelistas eleitos na região.

Foram os efeitos daquela que um dia será conhecida como a Revolução Eleitoral Nordestina de 2006. O PFL foi o principal derrotado na votação que derrotou as principais oligarquias políticas da região – algumas neooligárquicas, outras com raízes na colônia e na casa grande.

Cabe aqui um parêntese para o caso baiano. A possante seção pefelista de ACM também saiu ferida de morte das urnas de 2006, com a eleição do governador petista Jacques Wagner ainda no primeiro turno. Mas essa derrota não se expressou com a mesma nitidez no critério de avaliação que escolhemos: a bancada do PFL-BA baixou apenas um deputado face a 1986, de 14 para 13, e até aumentou em percentagem de votação. O que torna ainda mais dramático o recuo da legenda nos outros oito estados nordestinos, de 45 para 14 deputados, menos de um terço.

Com FHC, a maior bancada

O recuo do PFL-DEM nas cinco eleições federais destes 20 anos não foi em linha reta. Em 1990 o partido baixou para 83 deputados federais. Em 1994, coligou-se com o tucano Fernando Henrique Cardoso, indicando Marco Maciel para vice, e recuperou-se para 89. Em 1998, de novo com FHC e Maciel, subiu para 105 deputados (47 deles nordestinos), a maior bancada daquela legislatura. Na primeira eleição de Lula, em 2002, já caiu para 84.

Data daí a fase de inferno astral do PFL. Já se disse que a sigla está no poder desde Pedro Álvares Cabral, o que não deixa de conter seu grão de verdade. A própria criação do partido, ainda como Frente Liberal, em 1984, tem a ver com a pressão imensa das multidões que foram às ruas na Campanha das Diretas Já, decidida a acabar com a ditadura, mas também com a constatação pragmática de que estava na hora de abandonar o barco do regime militar agonizante.

Com Lula, o PFL viu-se na contingência de romper com seus cinco séculos de governismo, passar à oposição, e até rivalizar com o PSDB para ver quem era mais acerbamente oposicionista. Pior, teve de fazer oposição a um presidente pau-de-arara e dono de imensa popularidade no Nordeste. Perdeu a maior parte de seus longamente cultivados redutos nordestinos. Em 2006, elegeu apenas um governador, Arruda, um ex-tucano, e no Distrito Federal. Em 2008, sua maior proeza foi fazer o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, bafejado pelas circunstâncias de uma luta interna no PSDB local, entre José Serra e Geraldo Alckmin.

Renovação à moda do DEM

O PFL compreendeu que os tempos eram outros, bicudos, ingratos e, como diria o anti-herói de Lampedusa, é preciso que tudo mude para que tudo permaneça como está. Data daí, de 2005, o processo de 'refundação' do PFL, que culminou em 28 de março de 2007 com a mudança do nome para 'Democratas', da sigla para DEM e do símbolo, de uma esfera azul para uma árvore azul e verde.

Se o internauta digitar na rede o endereço www.democratas.org.br, vai se deparar primeiro com o dístico "O partido das novas ideias" e, quando a página se abre, "A força das novas ideias". Os marqueteiros do DEM não parecem não ter chegado a um acordo sobre o slogan, mas há um denominador comum: "novas ideias".

Foi feito também um esforço de renovação dos quadros. O senador Jorge Bornhausen (SC), veterano egresso da UDN, aposentou-se da presidência do partido para dar lugar ao deputado Rodrigo Maia (RJ), filho do prefeito Cesar Maia, enquanto a seção catarinense era assumida por seu próprio filho, o deputado Paulo Bornhausen. Os despojos do outrora ponentíssimo PFL baiano passaram ao deputado ACM Neto, descendente e herdeiro do legendário Toninho Malvadeza, desaparecido em 2007.

Mensalão foi apenas a gota d'água

Hoje já é possível fazer um balanço do esforço renovador. Sem raízes, sem discurso, sem ideias velhas ou novas, sem rumo, o DEM marcha provavelmente para o pior resultado nas urnas desde a fundação do PFL. Seus aliados estratégicos do PSDB fazem o que podem para não lhe darem a vice na chapa presidencial de José Serra, mesmo que o também tucano Aécio Neves continue se recusando a compô-la. No plano estadual, suas melhores chances parecem concentradas no Rio Grande do Norte, ainda assim com ameaças reais para o mandato de senador do líder do partido, José Agripino Maia.

O escândalo brasiliense funcionou aqui como a gota d'água que fez o copo transbordar. Mas não seria justo atribuir a José Roberto Arruda, Paulo Octávio e companhia toda a culpa por um processo que vem de bem antes e vai muito além. Mais razoável será culpar o povo brasileiro, que parece ter decidido mudar a turma dos poderosos desde Cabral.

Fonte : http//www.vermelho.org.br/noticia.php?id_noticia=124350&id_secao=1

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Pesquisa Ibope: Dilma cresce e Serra empaca

Dilma diminui diferença em relação a Serra, segundo pesquisa do Ibope


A vantagem do governador paulista José Serra (PMDB) em relação à ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff (PT) diminuiu ainda mais, segundo pesquisa de intenções de voto para as eleições presidenciais divulgada nesta quarta-feira (17). A informação é da Efe.

Na pesquisa, Dilma passou de 17% a 25% e Serra caiu de 38% para 36%. Mesmo com a margem de erro, Serra estaria 'tecnicamente estável', segundo análise da pesquisa, que foi feita pelo Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística (Ibope), atendendo a pedido da Associação Comercial de São Paulo.

Aparece em terceiro lugar o deputado cearence Ciro Gomes (PSB), que recebeu 11% das intenções de voto. Em quarto lugar está a senadora Marina Silva (PV), com 8%. Ciro teve queda de dois pontos percentuais e Marina aumentou 2%. A última pesquisa foi feita em dezembro.

A margem de erro é de dois pontos percentuais - o que coloca Ciro e Marina empatados tecnicamente. Votos brancos somaram 11% e eleitores indecisos são 9%.

Fonte:http://correio24horas.globo.com/noticias/noticia.asp?codigo=50610&mdl=27


Invasão estrangeira do campo brasileiro

Os patriotas realmente preocupados com a soberania nacional deveriam ficar mais atentos com o processo acelerado de desnacionalização do campo brasileiro. Em artigo recente, o jornal Valor Econômico registrou que “o agronegócio brasileiro tem passado por um profundo processo de ‘estrangeirização’ nos últimos sete anos”. Segundo estudo inédito do Banco Central, de 2002 a 2008 as atividades ligadas ao campo receberam US$ 46,9 bilhões em investimentos diretos estrangeiros (IED). O valor equivale a 29,5% do IED total líquido ingressado no país no período.

Ainda segundo o jornal, que não pode ser acusado de nacionalista ou de ser inimigo dos barões do agronegócio, “o movimento de ‘internacionalização’ das cadeias produtivas nacionais tem respaldo no avanço da concentração da posse da terra em mãos de poucos brasileiros e na atração cada vez maior de estrangeiros para esse tipo de investimento”. A gula do capital externo se dá por vários motivos: potencial do campo nacional na produção de commodities e matérias-primas para os biocombustíveis; especulação imobiliária; mão de obra barata e até escrava, entre outros.

3,6 milhões de hectares em mãos alienígenas

O cadastro do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) alerta que, nos onze estados responsáveis por 90% dos registros de aquisições, há 1.396 municípios com comunicado oficial de terras compradas por estrangeiros - 124 dessas cidades têm metade das áreas de médias e grandes propriedades em nome de estrangeiros. No total, há 3,6 milhões de hectares em mãos alienígenas nas regiões Sul e Centro-Oeste, além de São Paulo, Minas, Bahia, Pará, Tocantins e Amazonas. A previsão é de que a “invasão estrangeira” aumente ainda mais neste ano.

Numa reveladora entrevista ao jornal O Estado de S.Paulo, em setembro último, o lobista André Pessoa, sócio da influente consultoria Agroconsult, explicou as razões desta recente gula. A crise mundial teria atiçado a agressividade das multinacionais. “O investidor coloca dinheiro em terra pensando em reserva de valor. Desde a crise, ele está com mais apetite. O mundo busca investir em coisas mais concretas, mais próximas da produção”. A região mais cobiçada seria conhecida como Mapito, formada por Maranhão, Piauí e Tocantins. “A terra é mais barata, com projetos de infra-estrutura e logística já definidos para os próximos anos”, orientou o especialista.

Regras duras na defesa da soberania

O jornal Valor afirma que “o Incra está preocupado com o avanço do capital estrangeiro. ‘A terra é um meio de produção finito. Há forte disputa pela terra, que foi acirrada pelas crises mundiais de energia e de alimentos’, avalia o presidente do Incra, Rolf Hackbart. O estudo do BC aponta que o movimento de ‘internacionalização’ ajudou a elevar a produção doméstica no curto prazo, mas aumentou a concentração agroindustrial e reduziu o valor da produção agrícola no período. ‘A concentração elevada está associada aos investimentos estrangeiros’, diz Hackbart”.

Para o presidente do Incra, “é preciso corrigir a legislação para termos regras para aquisição de terras por estrangeiros. Não é xenofobia, mas defesa da nossa soberania sobre o uso das terras”, argumentou. Ainda de acordo com o jornal, o Palácio do Planalto já avalia alterar as regras para restringir o capital externo no campo brasileiro. Apesar da gritaria das multinacionais, a idéia é manter a obrigatoriedade da autorização do Conselho de Defesa Nacional para arrendamento e aquisição de áreas situadas ao longo da faixa de 150 quilômetros das fronteiras.

O falso discurso nacionalista dos ruralistas

É bom realmente o governo Lula tomar medidas urgentes sobre o tema. No final de dezembro, a multinacional Bunge adquiriu cinco das seis usinas do Grupo Moema. O negócio rendeu US$ 1,5 bilhão e encerrou a participação no setor do grupo nacional, que era controlado pelas tradicionais famílias Biaggi e Junqueira. As cinco usinas processam 13,5 milhões de toneladas de cana por ano e, agora, vão ampliar a presença da multinacional estadunidense no setor. Ela já controlava a Usina Santa Juliana, no Triangulo Mineiro, onde processa 2 milhões de toneladas do produto.

Os atrasados latifundiários, que exploram trabalho escravo e infantil, contratam jagunços e hoje se travestem de “modernos” barões do agronegócio, não têm qualquer compromisso com a soberania nacional. Para defender os seus interesses, eles até utilizam a retórica nacionalista. Na recente instalação da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito contra o MST, eles usaram como umas de suas justificativas a “ingerência externa” no campo brasileiro. É pura balela. Eles estão preocupados é com o seu lucrativo negócio. A “invasão estrangeira” não os incomoda.

Fonte: Blog do Miro

José Serra no carnaval de Recife

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Imagem copiada do Vi o Mundo


Olha o Zé Pop levando um "pedala robinho".



A eleição que o Lula deseja

Do Correio Braziliense

O comparável e o imcomparável

De Marcos Coimbra:

Alguém imagina que Lula quer fazer, na eleição deste ano, uma guerra com Fernando Henrique em torno de números sobre o desempenho de seu governo? Que o plebiscito que persegue há tanto tempo consiste nisso, uma batalha de estatísticas de performance governamental?

Quem acha que é isso que Lula quer, se engana. Não é essa a eleição para a qual ele se prepara desde o fim de 2007, quando sua popularidade cresceu ao ponto de tornar possível que não só escolhesse sozinho quem representaria o governo na eleição, como que sua indicada tivesse boa chance de vitória.

O plebiscito que ele imaginou para vencer um candidato tão forte quanto José Serra é diferente. Nele, pode ser até necessário passar pela comparação do que fizeram os dois governos, área por área, política por política. Mas sem permanecer nesse plano, de resultados objetivos cotejados com resultados objetivos.

Lula, amplo conhecedor do eleitor brasileiro (não fosse ele calejado por oito experiências de buscar seu voto, contando apenas as candidaturas presidenciais, nos dois turnos que disputou), sabe que é ínfima a proporção de pessoas que escolhem assim seu candidato. Aliás, não é pequena apenas no Brasil, mas no mundo inteiro (países desenvolvidos incluídos), a parcela do eleitorado que opta em função de cálculos desse tipo.

Em primeiro lugar, é sempre pequena a fatia da população que se interessa por questões político-administrativas. Ainda menor é a que compreende estatísticas e raciocínios cheios de números, porcentagens e coisas do gênero. Um discurso sobre o tema, recheado com elas, entedia até o eleitor escandinavo.

Em segundo, o cidadão comum olha com cautela todo número que não entende bem. Nem que seja intuitivamente, sabe que as estatísticas podem dizer qualquer coisa, dependendo de quem as apresenta. Não há prefeitura, governo de estado ou administração federal que não desfile seus números para provar que faz tudo certo, assim como não há oposição que não exiba os dela para demonstrar o inverso.

Como o eleitor não confia inteiramente em ninguém e não tem elementos próprios para saber de que lado está a verdade, prefere, na maior parte das vezes, ignorar o bombardeio que sofre. Os números entram por um ouvido e saem por outro.

Mas o mais importante é que os eleitores que se interessam por essas comparações e que têm os requisitos de informação para compreendê-las são os que menos estão disponíveis para o proselitismo dos candidatos.

Eles costumam ser mais politizados, mais bem informados e mais posicionados em termos partidários e ideológicos. Por isso, costumam se definir eleitoralmente mais cedo e tendem a permanecer indiferentes ao discurso dos candidatos ao longo da campanha, pois já resolveram o que vão fazer.

Hoje, há lulistas e antilulistas entre essas pessoas e, se existe, uma minoria insignificante de eleitores “neutros” e disponíveis para a argumentação puramente racional. Seu impacto na eleição é irrelevante.

Na verdade, o plebiscito de Lula nunca foi em favor de si mesmo ou de Dilma. Nem, a rigor, contra Fernando Henrique. É apenas contra Serra.

O presidente sempre soube, ouvindo as pessoas, usando seu instinto, lendo as pesquisas, que a grande maioria do eleitorado está satisfeita com o governo e quer a continuidade.

Também sabe que Dilma não está em discussão por si mesma e que a imagem do ex-presidente vem piorando com a passagem do tempo. Só por isso pensou fazer um plebiscito em que o governador fica como representante de FHC e ela dele.

Nesse embate, importa pouco (ou nada) qual foi o governo que fez mais isso ou aquilo. Qual asfaltou mais, construiu mais, educou mais e assim por diante. Lula já ganhou o plebiscito com Fernando Henrique. O que ele apenas quer agora é que os eleitores estendam a Serra o julgamento que fizeram de FHC.

Não é por outra razão que Serra não quer nem saber do assunto. Comparar (para defender) Fernando Henrique contra Lula não é com ele.

http://oglobo.globo.com/pais/noblat/posts/2010/02/17/o-comparavel-o-incomparavel-267030.asp

Quem será o candidato a presidente do PSDB?

Será que José Serra vai abrir mão da disputa e tentar a reeleição ao governo de São Paulo? Se desistir, quem assume a candidatura tucana? Aécio Neves? Geraldo Alckmin? Ou o Fernando Henrique?


A cada dia fica mais evidente que uma vitória do PSDB é praticamente impossível. O Serra não é de correr riscos, portanto poderá desistir. Se desistir, o Aécio não vai aceitar pegar um barco furado desses, já afundando. Geraldo Alkimim nunca foi considerado nem para vice, não tem consistência. O mais provável é o FHC.


Pois, mesmo sabendo que será derrotado, deverá disputar para defender o seu (des)governo. Foi por isso que ele saiu do túmulo nas últimas semanas, descarregando preconceito contra Dilma. A vaidade do ex-presidente poderá render-lhe uma grande derrota.

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Dilma, do PDT ao PT

Do BLOG TIJOLAÇO, do Brizola Neto

Dilma, os borzeguins do PT e sua história no PDT

A política é uma teia de relações humanas. Nela cabem amores, rancores, mágoas e, muito mais raramente, atos de desprendimento e grandeza. Brigas, então, quantas…E nelas se diz, como lamentou a Dolores Duran, coisas que não se quer dizer. É assim mesmo, e é bom que seja. A briga é mais generosa que a queixa, porque a queixa é detalhista, mesquinha, exigente e egoísta. Briga é coisa de alma jovem, queixa é de almas murchas da vitalidade que se foi.

Por isso, que contraste entre as duas matérias publicadas hoje em O Globo! Da alta cúpula do PT, vem aquela chorumela pelo fato de Dilma não pertencer a correntes que disputam espaço no partido. Até o presidente do Partido, José Eduardo Dutra, sabendo que não é criança e sabia estar falando com O Globo, onde todo cuidado é pouco, vem, como dizia a minha avó, “com borzeguins ao leito”

— Há ainda um estranhamento no partido com Dilma.
Essa é a grande preocupação da cúpula do PT: conseguir que a candidata, de fato, envolva os militantes. Por isso, em seu discurso, Dilma deve fazer um apelo para a militância, estabelecer uma espécie de compromisso mútuo — disse Dutra.

Ontem, a Benedita já tinha vindo com uma destas em O Globo, também, dizendo que não havia lulismo sem petismo.

Ah, será que essa gente não entende que não há estranhamento nenhum com Dilma, por parte de militantes do PT, nem simpatizantes do Governo? Será que tudo querem enquadrar e botar para render dividendos para os grupos internos que disputam poder e para isso não hesitam até em expor alguém que vai enfrentar uma fantástica máquina de dinheiro e mídia para evitar que a direita volte ao poder?

Garanto que lá no congresso do PT, a militância que “estranha” a Dilma vai gritar, eufórica, “Dilma, Dilma” e não “Dutra, Dutra”. Que aliás, não se perca pelo sobrenome.

Dilma não é da corrente do Dutra, não é da corrente do Tasso, não é da corrente do fulano ou sicrano. Dilma é escolha pessoal de Lula para ser sua continuidade. E, como tudo indica, seu aprofundamento. E aí vem a burocracia partidária fazer beicinho e reclamar do seu “esquerdismo”.

Mas bacana, no mesmo jornal está a matéria de Adauri Antunes Barbosa, que rememora a trajetória política de Dilma no PDT, durante mais de 20 anos. Vou colar aí embaixo. Mas, antes, quero que, ao ler, você repare que as declarações dos pedetistas que conviveram com ela mostram que eles dissiparam as brigas e saúdam o reencontro.

Brizola e Lula brigaram muito, trocaram desaforos, mas meu avô não hesitou em levantar sua mão e apontar para ele, no segundo turno de 1989 e, do alto da votação maciça que tivera aqui dizer: é esse!

Só quem ama o povo e sua causa pode agir assim.
Quando PT foi fundado, Dilma estava engajada, ao lado de Leonel Brizola, no movimento que levou à criação do PDT

Dilma, em 1993, no PDT. E em 2009, no PT. Um reencontro?

Há 30 anos, quando foi fundado o PT, a hoje pré-candidata do partido à Presidência da República, ministra Dilma Rousseff, era brizolista e trabalhava pela criação do PDT. Dilma, que morava em Porto Alegre em 1980, militava ao lado de Leonel Brizola e outros líderes trabalhistas. Ela só entrou para o PT há dez anos.
Vinda da luta armada contra a ditadura militar, ao lado do então marido, o advogado Carlos Araújo, Dilma integrava um grupo que atuava no Movimento Democrático Brasileiro (MDB), partido de oposição à ditadura e que depois virou PMDB. Ela e o marido, porém, optaram por outro caminho e aliaram-se à reconstrução do antigo Partido Trabalhista Brasileiro (PTB).
Tendo à frente Brizola, que voltara do exílio em setembro de 1979, o movimento para a reconstrução do PTB foi frustrado no ano seguinte, quando a sigla foi entregue, após uma disputa no Tribunal Superior Eleitoral, à ex-deputada Ivete Vargas, sobrinha de Getulio Vargas. A data de recriação do PTB, 17 de junho de 1979, tornou-se a data oficial de fundação do PDT.
— Estávamos com o Brizola retornando do exílio, que tinha na sigla PTB sua principal ferramenta. Fizemos a resistência democrática no MDB. Éramos do grupo autêntico, e a Dilma vinha da luta armada.
Quando Brizola retornou, nos reunimos no PTB. Quando foi para fazer a oficialização da sigla, o Golbery e a Ivete Vargas se anteciparam, ou melhor, nos tiraram a sigla. Foi o momento mais dramático do trabalhismo brasileiro autêntico — relembra o ex-deputado, ex-prefeito e ex-governador Alceu Colares.
Em Porto Alegre, Dilma participou do Instituto de Estudos Políticos e Sociais (Ieps), núcleo de esquerda que apoiou, por exemplo, a candidatura a vereador de Marcos Klassmann, pelo MDB.
— Era uma campanha muito progressista e corajosa. O slogan era “Vote contra o governo”. Foi a primeira vez que se politizou uma eleição em torno de um confronto direto com a ditadura — conta Carlos Alberto Teixeira de Ré, o “Minhoca”, que fazia parte do Ieps.
Além de apoiar Klassmann, quarto mais votado de Porto Alegre, cassado dois anos depois, Dilma era do Movimento Feminino pela Anistia, precursor dos Comitês Brasileiros pela Anistia (CBAs) formados em todo o país.

— Depois vem a reorganização dos partidos, e a Dilma se engaja na luta, com o Carlos. Ajudamos a fundar a Associação de Debates e Estudos do PTB. Depois passamos a nos chamar de PDT — lembra “Minhoca”.

Primeiro prefeito eleito de Porto Alegre após a redemocratização, governador de 1986 a 1988, Colares chamou Dilma para o primeiro escalão de sua administração.

— Ela foi minha secretária da Fazenda no município de Porto Alegre. Ali, começou a ter participação efetiva e foi oficializada secretária da Fazenda — afirma Colares. — Era uma das mais preparadas.
O meu programa de governo para Porto Alegre foi feito na casa dela e do Araújo — conta Colares, aos 82 anos.
Depois de passar pela administração municipal do PDT, Dilma foi novamente secretária de Colares, eleito governador.

Assumiu a Secretaria de Minas e Energia, comandando o setor de 1991 a 1998. O candidato do PDT à sucessão de Colares, Sereno Chaise, perdeu a eleição, mas o partido apoiou o petista Olívio Dutra no segundo turno e garantiu a permanência de Dilma no secretariado. Em 2000, o PDT de Porto Alegre rachou na eleição municipal e Dilma foi para o PT.