sexta-feira, 5 de março de 2010

Altamiro Borges: FHC e os marqueteiros do golpe em Honduras



Artigo publicado no blog “Honduras en Lucha” ajuda a entender melhor porque o ex-presidente FHC, que adora criticar a política externa do governo Lula, quase nada falou sobre os golpistas hondurenhos. O seu partido, o PSDB, até que se pronunciou, sempre com posições mais à direita, justificando a conspiração civil-militar e condenando a diplomacia brasileira por ter dado abrigo ao presidente eleito Manoel Zelaya, deposto em junho de 2009. Mas FHC preferiu a cautela!

O texto, intitulado “FHC, Bush, Uribe e Micheletti são cúmplices documentados”, revela que a agência publicitária Chlopak, Leonard, Schecther y Asociados (CLSA), sediada em Washington, que ajudou a divulgar a versão dos gorilas hondurenhos nos EUA, já havia prestado serviços aos presidentes Álvaro Uribe e FHC, entre outros. O escritor de ficção Peter Schecther, fundador da empresa, recebeu US$ 290 mil para produzir uma das peças publicitárias justificando o golpe.

“O chefe dos ilusionistas”

Segundo o registro obrigatório no Departamento de Justiça dos EUA, os marqueteiros da CLSA receberam fortunas para promover os golpistas “através da utilização dos meios de comunicação, contatos políticos e difusão de informações a funcionários do governo e das organizações não governamentais”. O objetivo seria “disseminar uma campanha de persuasão” junto à sociedade estadunidense, em especial junto aos congressistas, para garantir respaldo ao golpe.

O blog não deixa margem a dúvidas. “Schecther, o chefe ilusionista da CLSA, sabe como vender uma ficção política. Ele já fez isso antes. Como parte da sua consultoria eleitoral, ele já trabalhou para o ex-presidente mexicano Ernesto Zedillo, para o presidente colombiano Álvaro Uribe e para o ex-presidente brasileiro Fernando Henrique Cardoso”. A mesma denúncia foi confirmada pelo sítio Rebelión, editado na Espanha e um dos mais respeitados da internet.

Classe Média Num País Injusto


Frei Betto *



Adital - A população brasileira é, hoje, de 190 milhões de pessoas, divididas em classes segundo o poder aquisitivo. Pertencem às classes A e B as de renda mensal superior a R$ 4.807 - os ricos do Brasil.

R$ 4.807 não é salário de dar tranquilidade financeira a ninguém. O aluguel de um apartamento de dois quartos na capital paulista consome metade desse valor. Mas, dentre os ricos, muitos recebem remunerações astronômicas, além de possuírem patrimônio invejável. Nas grandes empresas de São Paulo, o salário mensal de um diretor varia de R$ 40 mil a R$ 60 mil.

Análise recente da Fundação Getúlio Vargas, divulgada em fevereiro último, revela que integram esse segmento privilegiado apenas 10,42% da população, ou seja, 19,4 milhões de pessoas. Elas concentram em mãos 44% da renda nacional. Muita riqueza para pouca gente.


A classe C, conhecida como média, possui renda mensal de R$ 1.115 a R$ 4.807. Tem crescido nos últimos anos, graças à política econômica do governo Lula. Em 2003 abrangia 37,56% da população, num total de 64,1 milhões de brasileiros. Hoje, inclui 91 milhões -quase metade da população do país (49,22%)- que detêm 46% da renda nacional.

Na classe D -os pobres- estão 43 milhões de pessoas, com renda mensal de R$ 768 a R$ 1.115, obrigadas a dividir apenas 8% da riqueza nacional. E na classe E - os miseráveis, com renda até R$ 768/mês - se encontram 29,9 milhões de brasileiros (16,02% da população), condenados a repartir entre si apenas 2% da renda nacional.

Embora a distribuição de renda no Brasil continue escandalosamente desigual, constata-se que o brasileiro, como diria La Fontaine, começa a ser mais formiga que cigarra. Graças às políticas sociais do governo, como Bolsa Família, aposentadorias e crédito consignado, há um nítido aumento de consumo. Porém, falta ao Bolsa Família encontrar, como frisa o economista Marcelo Néri, a porta de entrada no mercado formal de trabalho.

Dos 91 milhões de brasileiros de classe média, 58,87% têm computador em casa; 57,04% frequentam escolas particulares; 46,25% fazem curso superior; 58,47% habitam casa própria. E um dado interessante: o aumento da renda familiar se deve ao ingresso de maior número de mulheres no mercado de trabalho.

Já foi o tempo em que o homem trabalhava (patrimônio) e a mulher cuidava da casa (matrimônio). De 2003 a 2008, os salários das mulheres cresceram 37%. O dos homens, 24,6%, embora eles continuem a ser melhor remunerados do que elas.

Segundo a Fundação Getúlio Vargas, o governo Lula tirou da pobreza 19,3 milhões de brasileiros e alavancou outros 32 milhões para degraus superiores da escala social, inserindo-as nas classes A, B e C. Desde 2003, foram criados 8,5 milhões de novos empregos formais. É verdade que, a maioria, de baixa remuneração.

No início dos anos 90, de nossas crianças de 7 a 14 anos, 15% estavam fora da escola. Hoje, são menos de 2,5%. O aumento da escolaridade facilita a inserção no mercado de trabalho, apesar de o Brasil padecer de ensino público de má qualidade e particular de alto custo.

Quanto à educação, estão insatisfeitas com a sua qualidade 40% das pessoas com curso superior; 59% daquelas com ensino médio; 63% das com ensino fundamental; e 69% dos semiescolarizados (cf. "A classe média brasileira", Amaury de Souza e Bolívar Lamounier, SP, Campus, 2010).

A escola faz de conta que ensina, o aluno finge que aprende, os níveis de capacitação profissional e cultural são vergonhosos comparados aos de outros países emergentes. Quem dera que, no Brasil, houvesse tantas livrarias quanto farmácias!

Hoje há mais consumo no país, o que os economistas chamam de forte demanda por bens e serviços. Processo, contudo, ameaçado pela instabilidade no emprego e o crescimento da inadimplência - a classe média tende a gastar mais do que ganha, atraída fortemente pela aquisição de produtos supérfluos que simbolizam ascensão social.

A classe média ascendente aspira a ter seu próprio negócio. Porém, o empreendedorismo no Brasil é travado pela falta de crédito, conhecimento técnico e capacidade de gestão. E demasiadas exigências legais e trabalhistas, somadas à pesada carga tributária, multiplicam as falências de pequenas e médias empresas e dilatam o mercado informal de trabalho.

Embora a classe média detenha em mãos poderoso capital político, ela tem dificuldade de se organizar, de criar redes sociais, estabelecer vínculos de solidariedade. Praticamente só se associa quando se trata de religião. E revela aversão à política, sobretudo devido à corrupção.

Descrente na capacidade de o governo e o Judiciário combaterem a criminalidade e a corrupção, a classe média torna-se vulnerável aos "salvadores da pátria" - figuras caudilhescas que lhe prometam ação enérgica e punições impiedosas. Foi esse o caldo de cultura capaz de fomentar a ascensão de Hitler e Mussolini.

Reduzir a desigualdade social, assegurar educação de qualidade a todos e aumentar o poder de organização e mobilização da sociedade civil, eis os maiores desafios do Brasil atual.

* Escritor e assessor de movimentos sociais

Adital

quinta-feira, 4 de março de 2010

Frustração de Hillary: o ocaso do pan-americanismo imperialista



A secretária de Estado dos Estados Unidos, Hillary Clinton, visitou o Brasil nesta quarta-feira (3). Chegou cheia de intenções sobre o estabelecimento de “relações especiais” com o Brasil e não pouca arrogância e atitudes imperiais no que se refere aos temas globais e aos assuntos em que os dois países mantêm posições diametralmente opostas. Sai de mãos vazias, levando consigo um imenso desgaste político.

Por José Reinaldo Carvalho*

Os resultados que colheu em termos de “relações especiais” foram muito poucos. E os contenciosos, se não se agravaram pelo equilíbrio com que foram tratados pela parte brasileira, mantiveram-se sem solução.

Momentos antes da sua chegada a Embaixada dos Estados Unidos em Brasília disparava “press-realeases” para as redações dos principais veículos de comunicação do país, dando conta de que existem 16 mecanismos de consultas bilaterais sobre temas da maior relevância, variando da economia à defesa. O Itamaraty, por sua vez, generoso com a anfitriã, divulgava um número maior. Como informou a “Folha de São Paulo” em sua edição desta quarta-feira, 3, são 18 os mecanismos de consultas no âmbito da Chancelaria brasileira. Há quem ache pouco, como o ex-embaixador do Brasil nos Estrados Unidos, Rubens Barbosa, para quem o Brasil é passivo na implementação da cooperação bilateral. Ressente-se o ilustre diplomata da atual orientação do Itamaraty que não mais privilegia as relações com os Estados Unidos em detrimento do contato com outros parceiros e há muito tempo deixou de ser submissa, característica que marcou a diplomacia brasileira nos tempos de FHC à frente do Ministério das Relações Exteriores e da Presidência da República.

Mantras da política externa imperialista

O fato é que o saldo da visita da senhora Clinton ao Brasil é apenas a assinatura de três atos de cooperação. Um deles se refere à implementação de atividades conjuntas de cooperação técnica com outros países. Outro diz respeito às mudanças climáticas. E um terceiro propõe entendimentos entre os dois países para o avanço na condição da mulher.

A rigor, o fomento das “relações especiais” era apenas a envoltura na qual se escondiam os verdadeiros objetivos da visita. A esposa do ex-presidente dos Estados Unidos veio ao Brasil para pressionar o governo brasileiro a recitar os mesmos mantras da atual política externa norte-americana e o obrigar a transformá-los em ações práticas. Dois desses mantras fazem parte da cena política latino-americana – apoio a Pepe Lobo, presidente de Honduras eleito no rastro do golpe de estado que interrompeu uma breve experiência de democracia e independência no país centro-americano e condenação a Cuba por “violação” dos direitos humanos, com base em falsas acusações. Há poucos dias o presidente Lula esteve em Cuba, encontrou-se com os companheiros Fidel e Raúl, ocasião em que declarou alto e bom som que o Brasil é amigo de Cuba e condena o bloqueio ao país, assim como as tentativas de isolá-lo politicamente. A senhora Clinton não escutou algo diferente nas audiências com as autoridades brasileiras durante esta quarta-feira no Itamaraty e no gabinete presidencial.

“O Brasil não se curva a pressões”

Mas o motivo de maior frustração para a enviada do presidente Obama foi o rechaço às pressões para o Brasil aderir à orquestração do mantra anti-iraniano e se somar ao apelo para a adoção de sanções àquele país do Oriente Médio. “O Brasil não vai se curvar às pressões dos Estados Unidos”, disse o ministro das Relações Exteriores Celso Amorim. E no mesmo tom firme: “Nós pensamos com a própria cabeça. Nós queremos um mundo sem armas nucleares, certamente sem proliferação”, afirmou o chanceler brasileiro diante de uma frustrada secretária de Estado. Amorim pregou o entendimento, o diálogo e o caminho diplomático para lidar com o governo de Mahmud Ahmadinejad.

A visita da chefe da diplomacia estadunidense, prévia à que em breve o presidente Obama fará ao Brasil, ocorre num momento novo do cenário político latino-americano e numa etapa de amadurecimento da política externa independente do governo Lula. A América Latina não é mais o quintal dos fundos do imperialismo estadunidense, cujo pan-americanismo está sendo substituído pela verdadeira integração de povos e nações soberanas, com seus novos instrumentos de cooperação, como a Comunidade de Estados Latinoamericanos e Caribenhos (Celac). Por isso mesmo, os Estados Unidos, apesar da nova retórica, continuam ameaçadores e intervencionistas, como demonstram a recriação da Quarta Frota da Marinha de Guerra dos EUA e a instalação das bases militares na Colômbia. A política externa independente do governo Lula tem evoluído e amadurecido, com suas prioridades para a cooperação, a defesa da paz, o respeito ao direito internacional, o multilateralismo e o estabelecimento de parcerias estratégicas incômodas para o imperialismo e as classes dominantes internas, retrógradas e entreguistas.

Relações complexas

As relações bilaterais do Brasil com os Estados Unidos são bastante complexas e merecem um estudo à parte. Convivem nesta relação elementos de cooperação e conflito. Moniz Bandeira, um dos mais fecundos historiadores das relações entre o Brasil e os Estados Unidos, dá uma explicação geopolítica para as relações ambíguas entre os dois países no seu livro “As relações perigosas: Brasil-Estados Unidos (de Collor a Lula, 1990-2004)”. Diz o historiador: “Como candidato, Lula podia dizer, livremente, o que pensava. Como chefe de governo, tinha de preservar o relacionamento do Brasil com os Estados Unidos (...) Da mesma forma que Collor de Mello e Fernando Henrique Cardoso, que buscaram estabelecer um bom relacionamento entre os dois países, Lula da Silva não conseguiu evitar divergências e atritos (...) A contradição de interesses e de objetivos entre os dois países constituía acima de tudo um dado cartográfico (...) De um lado, os Estados Unidos, a superpotência, que tratavam de preservar a todo custo sua predominância na América do Sul, como no resto do mundo (...) De outro lado, o Brasil, potência industrial emergente, em desenvolvimento, que reservara inteiramente para si a definição dc seus interesses nacionais e tratava de dilatar seu próprio espaço econômico e político, defender sua autonomia, convencido de que a rígida estrutura de poder e riqueza no mundo devia mudar. Esse mesmo dado cartográfico (...) determinava, porém, a necessidade de cooperação entre os dois países, que necessitavam manter laços estreitos. Daí a ambivalência que desde o século 19 caracterizou as suas relações”.

A vida vai mostrando que outras determinações, para além das cartográficas, condicionam a relação entre os dois países e que à medida em que o Brasil se afirma como nação independente e soberana e em que cresce a consciência antiimperialista do povo brasileiro, prevalecerão as disputas de interesses. Foi-se o tempo do beija-mão, da cerviz inclinada, dos pés descalços no aeroporto, da submissão, do alinhamento automático, do pan-americanismo imperialista.

*editor do portal Vermelho

quarta-feira, 3 de março de 2010

Honduras: o golpe de Estado perfeito

“Os hondurenhos assistiram no dia 27 de janeiro ao último capítulo de um golpe de Estado perfeito”. Foi assim que o enviado especial do periódico espanhol El País em Honduras resumiu a posse do novo presidente. Os fatos falam por si: Porfirio Pepe Lobo assumiu a presidência, enquanto Manuel Zelaya partiu para o exílio e o usurpador do poder Roberto Micheletti foi nomeado deputado vitalício pelo Congresso e, assim como os militares, foi anistiado.

O presidente Manuel Zelaya, escorraçado por um golpe militar em junho de 2009 e trancado durante 129 dias na Embaixada do Brasil em Tegucigalpa, deixou seu país em direção à República Dominicana. Nada bastou para aplacar a crise: nem as negociações da OEA, nem a mediação do presidente costarriquenho Oscar Arias, nem a posição firme da diplomacia brasileira, nem o isolamento internacional. Zelaya, eleito democraticamente em 2005, acabou aceitando o exílio após uma batalha infrutífera de longos meses para recuperar a presidência de Honduras. Ao mesmo tempo, o novo presidente, que enfrentou em 29 de novembro eleições boicotadas pelos partidários do presidente deposto, bem como denúncias de fraudes, assumiu as rédeas do país para protagonizar o fechamento do golpe, sob o falacioso argumento do “fato consumado”.

A partida de Zelaya já era esperada, pois Pepe Lobo havia prometido um salvo-conduto para o presidente e sua família. Micheletti poderá, finalmente, considerar-se um vitorioso. Conseguiu dar cabo da democracia em Honduras, livrar-se definitivamente de Zelaya, empossar um novo presidente como se nada tivesse acontecido, e ainda ser declarado deputado vitalício. Venceu a queda de braço com a comunidade internacional, que se posicionou contra o golpe, cortou ajuda financeira e rompeu relações diplomáticas. A imagem de Porfirio Lobo, tomando posse como presidente ao lado de Romeo Vásquez, o recém-anistiado general envolvido no golpe, retrata o desfecho perfeito.

Não obstante, a tarefa de Pepe Lobo, representante da oligarquia hondurenha, não será fácil. O novo presidente terá que enfrentar o desafio de governar um país profundamente dividido politicamente e isolado internacionalmente. Zelaya foi destituído do poder em razão de seu distanciamento com a oligarquia. Num país onde os dois grandes partidos só se distinguem pela cor de seus emblemas, a cooperação com Cuba nas áreas de saúde e educação, e com a Venezuela nas áreas agrícola e energética, não pôde ser tolerada. Após uma espécie de conversão rumo a direções opostas ao neoliberalismo, obteve apoio de amplos setores do movimento popular hondurenho, que resistirão ao novo governo.

Por outro lado, a anistia recém-votada pelo Congresso para beneficiar todos os implicados no ocorrido não vai melhorar a imagem das novas autoridades, ainda que sob o manto do “princípio da reconciliação” argüido por Pepe, e a promessa de um governo de união nacional. Para coroar a situação, o golpe levou o país, um dos mais pobres do subcontinente, ao colapso econômico.

O isolamento internacional ficou comprovado na cerimônia de posse, que contou com a presença de meros três chefes de Estado – Taiwan, Panamá e República Dominicana, neste caso em virtude do interesse em retirar Zelaya do país. Isso demonstra que o reconhecimento da comunidade internacional não deverá ser desafio menor, em se tratando de um governo que simboliza a mais flagrante continuidade de um golpe de Estado.


LARISSA RAMINA é doutora em Direito Internacional pela USP e professora de Direito Internacional da UniBrasil.

http://www.cartamaior.com.br/templates/analiseMostrar.cfm?coluna_id=4543


Campanha da Mídia contra Dilma Rousseff


Do Carta Maior

Grande mídia organiza campanha contra candidatura de Dilma


Em seminário promovido pelo Instituto Millenium em SP, representantes dos principais veículos de comunicação do país afirmaram que o PT é um partido contrário à liberdade de expressão e à democracia. Eles acreditam que se Dilma for eleita o stalinismo será implantado no Brasil. “Então tem que haver um trabalho a priori contra isso, uma atitude de precaução dos meios de comunicação. Temos que ser ofensivos e agressivos, não adianta reclamar depois”, sentenciou Arnaldo Jabor.

Se algum estudante ou profissional de comunicação desavisado pagou os R$ 500,00 que custavam a inscrição do 1º Fórum Democracia e Liberdade de Expressão, organizado pelo Instituto Millenium, acreditando que os debates no evento girariam em torno das reais ameaças a esses direitos fundamentais, pode ter se surpreendido com a verdadeira aula sobre como organizar uma campanha política que foi dada pelos representantes dos grandes veículos de comunicação nesta segunda-feira, em São Paulo.

Promovido por um instituto defensor de valores como a economia de mercado e o direito à propriedade, e que tem entre seus conselheiros nomes como João Roberto Marinho, Roberto Civita, Eurípedes Alcântara e Pedro Bial, o fórum contou com o apoio de entidades como a Abert (Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão), ANER (Associação Nacional de Editores de Revista), ANJ (Associação Nacional de Jornais) e Abap (Associação Brasileira de Agências de Publicidade). E dedicou boa parte das suas discussões ao que os palestrantes consideram um risco para a democracia brasileira: a eleição de Dilma Rousseff.

A explicação foi inicialmente dada pelo sociólogo Demétrio Magnoli, que passou os últimos anos combatendo, nos noticiários e páginas dos grandes veículos, políticas de ação afirmativa como as cotas para negros nas universidades. Segundo ele, no início de sua história, o PT abrangia em sua composição uma diversidade maior de correntes, incluindo a presença de lideranças social-democratas. Hoje, para Magnoli, o partido é um aparato controlado por sindicalistas e castristas, que têm respondido a suas bases pela retomada e restauração de um programa político reminiscente dos antigos partidos comunistas.

“Ao longo das quatro candidaturas de Lula, o PT realizou uma mudança muito importante em relação à economia. Mas ao mesmo tempo em que o governo adota um programa econômico ortodoxo e princípios da economia de mercado, o PT dá marcha ré em todos os assuntos que se referem à democracia. Como contraponto à adesão à economia de mercado, retoma as antigas idéias de partido dirigente e de democracia burguesa, cruciais num ideário anti-democrático, e consolida um aparato partidário muito forte que reduz brutalmente a diversidade política no PT. E este movimento é reforçado hoje pelo cenário de emergência do chavismo e pela aliança entre Venezuela e Cuba”, acredita. “O PT se tornou o maior partido do Brasil como fruto da democracia, mas é ambivalente em relação a esta democracia. Ele celebra a Venezuela de Chávez, aplaude o regime castrista em seus documentos oficiais e congressos, e solta uma nota oficial em apoio ao fechamento da RCTV”, diz.

A RCTV é a emissora de TV venezuelana que não teve sua concessão em canal aberto renovada por descumprir as leis do país e articular o golpe de 2000 contra o presidente Hugo Chávez, cujo presidente foi convidado de honra do evento do Instituto Millenium. Hoje, a RCTV opera apenas no cabo e segue enfrentando o governo por se recusar a cumprir a legislação nacional. Por esta atitude, Marcel Granier é considerado pelos organizadores do Fórum um símbolo mundial da luta pela liberdade de expressão – um direito a que, acreditam, o PT também é contra.

“O PT é um partido contra a liberdade de expressão. Não há dúvidas em relação a isso. Mas no Brasil vivemos um debate democrático e o PT, por intermédio do cerceamento da liberdade de imprensa, propõe subverter a democracia pelos processos democráticos”, declarou o filósofo Denis Rosenfield. “A idéia de controle social da mídia é oficial nos programas do PT. O partido poderia ter se tornado social-democrata, mas decidiu que seu caminho seria de restauração stalinista. E não por acaso o centro desta restauração stalinista é o ataque verbal à liberdade de imprensa e expressão”, completou Magnoli.

O tal ataque
Para os pensadores da mídia de direita, o cerco à liberdade de expressão não é novidade no Brasil. E tal cerceamento não nasce da brutal concentração da propriedade dos meios de comunicação característica do Brasil, mas vem se manifestando há anos em iniciativas do governo Lula, em projetos com o da Ancinav, que pretendia criar uma agência de regulação do setor audiovisual, considerado “autoritário, burocratizante, concentracionista e estatizante” pelos palestrantes do Fórum, e do Conselho Federal de Jornalistas, que tinha como prerrogativa fiscalizar o exercício da profissão no país.

“Se o CFJ tivesse vingado, o governo deteria o controle absoluto de uma atividade cuja liberdade está garantida na Constituição Federal. O veneno antidemocrático era forte demais. Mas o governo não desiste. Tanto que em novembro, o Diretório Nacional do PT aprovou propostas para a Conferência Nacional de Comunicação defendendo mecanismos de controle público e sanções à imprensa”, avalia o articulista do Estadão e conhecido membro da Opus Dei, Carlos Alberto Di Franco.

“Tínhamos um partido que passou 20 anos fazendo guerra de valores, sabotando tentativas, atrapalhadas ou não, de estabilização, e que chegou em 2002 com chances de vencer as eleições. E todos os setores acreditaram que eles não queriam fazer o socialismo. Eles nos ofereceram estabilidade e por isso aceitamos tudo”, lamenta Reinaldo Azevedo, colunista da revista Veja, que faz questão de assumir que Fernando Henrique Cardoso está à sua esquerda e para quem o DEM não defende os verdadeiros valores de direita. “A guerra da democracia do lado de cá esta sendo perdida”, disse, num momento de desespero.

O deputado petista Antonio Palocci, convidado do evento, até tentou tranqüilizar os participantes, dizendo que não vê no horizonte nenhum risco à liberdade de expressão no Brasil e que o Presidente Lula respeita e defende a liberdade de imprensa. O ministro Hélio Costa, velho amigo e conhecido dos donos da mídia, também. “Durante os procedimentos que levaram à Conferência de Comunicação, o governo foi unânime ao dizer que em hipótese alguma aceitaria uma discussão sobre o controle social da mídia. Isso não será permitido discutir, do ponto de vista governamental, porque consideramos absolutamente intocável”, garantiu.

Mas não adiantou. Nesta análise criteriosa sobre o Partido dos Trabalhadores, houve quem teorizasse até sobre os malefícios da militância partidária. Roberto Romano, convidado para falar em uma mesa sobre Estado Democrático de Direito, foi categórico ao atacar a prática política e apresentar elementos para a teoria da conspiração que ali se construía, defendendo a necessidade de surgimento de um partido de direita no país para quebrar o monopólio progressivo da esquerda.

“O partido de militantes é um partido de corrosão de caráter. Você não tem mais, por exemplo, juiz ou jornalista; tem um militante que responde ao seu dirigente partidário (...) Há uma cultura da militância por baixo, que faz com que essas pessoas militem nos órgãos públicos. E a escolha do militante vai até a morte. (...) Você tem grupos políticos nas redações que se dão ao direito de fazer censura. Não é por acaso que o PT tem uma massa de pessoas que considera toda a imprensa burguesa como criminosa e mentirosa”, explica.

O “risco Dilma”
Convictos da imposição pelo presente governo de uma visão de mundo hegemônica e de um único conjunto de valores, que estaria lentamente sedimentando-se no país pelas ações do Presidente Lula, os debatedores do Fórum Democracia e Liberdade de Expressão apresentaram aos cerca de 180 presentes e aos internautas que acompanharam o evento pela rede mundial de computadores os riscos de uma eventual eleição de Dilma Rousseff. A análise é simples: ao contrário de Lula, que possui uma “autonomia bonapartista” em relação ao PT, a sustentação de Dilma depende fundamentalmente do Partido dos Trabalhadores. E isso, por si só, já representa um perigo para a democracia e a liberdade de expressão no Brasil.

“O que está na cabeça de quem pode assumir em definitivo o poder no país é um patrimonialismo de Estado. Lula, com seu temperamento conciliador, teve o mérito real de manter os bolcheviques e jacobinos fora do poder. Mas conheço a cabeça de comunistas, fui do PC, e isso não muda, é feito pedra. O perigo é que a cabeça deste novo patrimonialismo de estado acha que a sociedade não merece confiança. Se sentem realmente superiores a nós, donos de uma linha justa, com direito de dominar e corrigir a sociedade segundo seus direitos ideológicos”, afirma o cineasta e comentarista da Rede Globo, Arnaldo Jabor. “Minha preocupação é que se o próximo governo for da Dilma, será uma infiltração infinitas de formigas neste país. Quem vai mandar no país é o Zé Dirceu e o Vaccarezza. A questão é como impedir politicamente o pensamento de uma velha esquerda que não deveria mais existir no mundo”, alerta Jabor.

Para Denis Rosenfield, ao contrário de Lula, que ganhou as eleições fazendo um movimento para o centro do espectro político, Dilma e o PT radicalizaram o discurso por intermédio do debate de idéias em torno do Programa Nacional de Direitos Humanos 3, lançado pelo governo no final do ano passado. “Observamos no Brasil tendências cada vez maiores de cerceamento da liberdade de expressão. Além do CFJ e da Ancinav, tem a Conferência Nacional de Comunicação, o PNDH-3 e a Conferência de Cultura. Então o projeto é claro. Só não vê coerência quem não quer”, afirma. “Se muitas das intenções do PT não foram realizadas não foi por ausência de vontades, mas por ausência de condições, sobretudo porque a mídia é atuante”, admite.

Hora de reagir
E foi essa atuação consistente que o Instituto Millenium cobrou da imprensa brasileira. Sair da abstração literária e partir para o ataque.
“Se o Serra ganhasse, faríamos uma festa em termos das liberdades. Seria ruim para os fumantes, mas mudaria muito em relação à liberdade de expressão. Mas a perspectiva é que a Dilma vença”, alertou Demétrio Magnoli.

“Então o perigo maior que nos ronda é ficar abstratos enquanto os outros são objetivos e obstinados, furando nossa resistência. A classe, o grupo e as pessoas ligadas à imprensa têm que ter uma atitude ofensiva e não defensiva. Temos que combater os indícios, que estão todos aí. O mundo hoje é de muita liberdade de expressão, inclusive tecnológica, e isso provoca revolta nos velhos esquerdistas. Por isso tem que haver um trabalho a priori contra isso, uma atitude de precaução. Senão isso se esvai. Nossa atitude tem que ser agressiva”, disse Jabor, convocando os presentes para a guerra ideológica.

“Na hora em que a imprensa decidir e passar a defender os valores que são da democracia, da economia de mercado e do individualismo, e que não se vai dar trela para quem quer a solapar, começaremos a mudar uma certa cultura”, prevê Reinaldo Azevedo.

Um último conselho foi dado aos veículos de imprensa: assumam publicamente a candidatura que vão apoiar. Espera-se que ao menos esta recomendação seja seguida, para que a posição da grande mídia não seja conhecida apenas por aqueles que puderam pagar R$ 500,00 pela oficina de campanha eleitoral dada nesta segunda-feira.


http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=16414

Homenagem para Lula


Você sabia?

Para homenagear Lula, que acabou de visitar o país, o governo de El Salvador determinou que telões do aeroporto da capital executem o hino brasileiro até sábado, a cada cinco minutos.


http://osamigosdopresidentelula.blogspot.com/2010/03/homenagem-para-lula.html

terça-feira, 2 de março de 2010

Casa Civil desmente Folha


A assessoria de imprensa da Casa Civil da Presidência da República divulgou nota à imprensa nesta terça-feira (2/3) afirmando que são “infundadas e inaceitáveis” as acusações do jornal Folha de S. Paulo publicadas na edição de hoje sobre o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Segundo a nota, “se existe ‘maquiagem’ ou tentativa de ‘esconder’ informações em relação ao PAC, ela está na reportagem do jornal, e não nos balanços periódicos do Programa”.

A nota lembra que os nove relatórios do PAC divulgados até agora são transparentes e foram amplamente divulgados e analisados pela imprensa.


Leia abaixo a íntegra da nota:





NOTA À IMPRENSA

FOLHA DE S. PAULO MAQUIA DADOS SOBRE O PAC


1. São infundadas e inaceitáveis as acusações do jornal Folha de S. Paulo (02.03.2010) a respeito do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Se existe “maquiagem” ou tentativa de “esconder” informações em relação ao PAC, ela está na reportagem do jornal, e não nos balanços periódicos do Programa.

2. A Casa Civil da Presidência da República reitera que não há hipótese de manipulação das informações dos nove relatórios do PAC. Os balanços são transparentes e sempre foram amplamente divulgados e exaustivamente analisados pela imprensa. Tanto é assim que, a partir deles, a própria Folha pode fazer sua pesquisa e sua pauta para a elaboração da reportagem. Além disto, os dados estão disponíveis a qualquer interessado na internet <http://www.brasil.gov.br/pac>.

3. Todas as alterações de cronogramas das ações do PAC estão registradas nos balanços, como, aliás, admite a própria Folha ao longo do texto: “(…) em consultas ao primeiro balanço oficial do PAC, de maio de 2007, e aos oito seguintes (…) descobre-se que muitas das obras (…) passaram por uma revisão de metas e tiveram seu prazo de conclusão dilatado…”

4. Os balanços do PAC sempre fizeram referência às ações desenvolvidas dentro do Programa, classificando seu andamento como “adequado”, “atenção” ou “preocupante” de acordo com os riscos apresentados à execução de cada uma.

5. Mesmo alertada sobre esse critério objetivo, a Folha optou pelo caminho da manipulação ao selecionar uma amostra parcial de 75 ações do primeiro balanço (de um total de 1.646) para concluir, de maneira premeditada, que 75% das ações do PAC estão atrasadas. A Folha erra ao tomar o resultado de uma amostra e aplicar o percentual sobre o total de ações.

6. O fato é que das 2.471 ações monitoradas, metade foi concluída, 44% estão com ritmo adequado de execução, 5% em atenção e 1% em situação preocupante. Se metade foi concluída, como poderia haver 75% atrasadas?

7. A verdade é que, em valor, 40,3% das ações foram concluídas, representando investimentos de R$ 256,9 bilhões. Somados às ações em andamento, os investimentos do PAC, de 2007 a 2009, totalizaram R$ 403,8 bilhões – 63,3% da meta até o final de 2010.

8. Já o desmembramento de algumas ações (que o jornal chama de “fatiamento”) deve-se a sua complexidade e visa a aprimorar seu monitoramento. É o caso, por exemplo, da duplicação da BR 101 Nordeste, obra de mais de 1.000 Km de extensão, atravessando seis estados, e com diferentes estágios de execução.

Assessoria de imprensa da Casa Civil

terça-feira, 2 de março de 2010

Fonte: http://blog.planalto.gov.br/



domingo, 28 de fevereiro de 2010

Nassif: Destrinchando as pesquisas eleitorais

Por Vander Fagundes


Cenários regionais, comparando com a pesquisa Datafolha de meados de dezembro:
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Nordeste: Dilma vai de 31 a 36, Serra vai de 28 a 22. A diferença a favor de Dilma cresce 11 pontos.

Norte/Centro-oeste: Serra vai de 38 a 32, Dilma vai de 24 a 29. A diferença cai 11 pontos. Temos empate técnico aqui.

Sudeste: Serra vai de 41 a 38, Dilma vai de 19 a 24. A diferença cai 8 pontos.

Sul: Serra vai de 39 a 38, Dilma vai de 19 a 24. A diferença cai 6 pontos.
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Na margem de erro, Dilma já empata com Serra nas faixas de 25 a 34 anos, de 35 a 44 anos e de 45 a 59 anos, ou seja, na faixa de 25 a 59 anos. Além disso, ela ganhou 7 pontos porcentuais tanto entre os mais jovens (16 a 24 anos), como entre os mais velhos (60 anos ou mais), as duas únicas faixas em que ela ainda não empata com Serra.
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Serra cresceu 6 pontos entre os mais ricos (mais de 10 Salários mínimos) e 3 pontos entre os mais escolarizados (nível superior).
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Dilma empata com Serra no voto masculino (32 para ambos).
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A aprovação do presidente Lula vai a 73%, que é o recorde histórico do Datafolha (a Folha limitou-se a dizer que “Lula mantém aprovação recorde).
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Renata Lo Prete, no Painel da Folha, diz que “fatalmente aumentará a especulação sobre a perspectiva de desistência do governador paulista. Sua porta de saída, porém, tornou-se minúscula. Crescerá também a pressão tucana para que Aécio Neves aceite ser vice de Serra”.
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Artigo do Paulino (diretor do Datafolha) diz que há aproximadamente 14% de brasileiros que querem votar no candidato de Lula, mas não o fazem por desconhecê-lo. Em dezembro, eram 15%.


http://colunistas.ig.com.br/luisnassif/2010/02/28/destrinchando-as-pesquisas-eleitorais/