sábado, 8 de maio de 2010

Entrevista de Dilma para Isto É


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QUATRO HORAS DE DEBATE

A equipe que entrevistou Dilma, da esquerda para a direita: Carlos
José Marques, diretor editorial; Luiz Fernando Sá, diretor editorial-adjunto; Leonardo Attuch,
redator-chefe da revista DINHEIRO; Delmo Moreira, editor executivo de ISTOÉ; Gisele Vitória, diretora
de redação da revista GENTE; Ricardo Boechat, colunista de ISTOÉ, Yan Boechat, editor de política;
Ricardo Amorim, colunista de ISTOÉ; Octávio Costa, diretor da sucursal de Brasília; Mário Simas Filho,
diretor de redação de ISTOÉ, e Caco Alzugaray, presidente executivo da Editora Três

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Com um calhamaço de fichas repletas de dados sobre realizações do governo Lula sempre ao alcance das mãos, a candidata petista à Presidência da República, Dilma Rousseff, falou por quase quatro horas sobre seus planos para o Brasil, numa entrevista exclusiva a editores e articulistas de ISTOÉ. Em poucos momentos ela consultou a papelada. Mas seguidamente procurou com os olhos um contato com sua equipe de assessores que lhe passava, sempre, sinais de aprovação. Dilma não refugou assuntos. Falou sobre questões pessoais e afetivas com a mesma naturalidade com que abordou temas da política e da economia. Emocionou-se quando relembrou seus dias de luta contra o câncer.

Vestida com um terninho clássico, de tecido leve e claro, penteada e maquiada com discrição, Dilma Rousseff parece à vontade na condição de candidata. Já suavizou a postura de gerente técnica que ostentava como ministra do governo Lula. Mesmo que jamais tenha buscado votos em sua vida pública, faz promessas de candidata e demonstra apetite para contrapor-se ao candidato da oposição, José Serra. Diz que a missão de seu governo é erradicar a pobreza, mas não estabelece prazos. Anuncia ainda mudanças na condução do Banco Central e a intenção de criar um fundo federal para compensar perdas regionais na reforma tributária que se compromete a implementar. A seguir, os principais trechos de sua entrevista:

ISTOÉ – Por que a sra. acha que o presidente Lula a escolheu para sucedê-lo e quando exatamente se deu isso?
Dilma Rousseff – O presidente Lula me escolheu quatro vezes. A primeira foi na transição do governo de Fernando Henrique para o governo Lula, em 2002. O presidente me chamou para fazer a coordenação da área de infraestrutura porque me conhecia das reuniões do Instituto de Cidadania. Depois ele me escolheu para ser ministra de Minas e Energia. E, em 2005, para ser ministra da Casa Civil. Por último, me escolheu para ser pré-candidata para levar à frente o projeto de governo. Acho que me escolheu porque acompanhei com ele a construção de todos os grandes projetos. O presidente sabe que nós conseguimos, juntos, fazer estes projetos.

ISTOÉ – Ser presidente era uma ambição pessoal da sra.?
Dilma – É um momento alto da minha vida, talvez o maior. Tem gente que passou uma vida inteira querendo ser presidente da República. Eu era mais modesta. Fui para a atividade pública porque queria servir. Pode parecer uma coisa falsa, mas acho que se pode servir à população brasileira no setor público. Sempre acreditei que o Brasil podia mudar, mas isto era uma questão longínqua. Quando o Lula me chamou para a chefia da Casa Civil, ele pretendia que o governo entrasse na trilha do crescimento e da distribuição de renda para que o Brasil desse um salto, e vi nisso uma grande oportunidade.

ISTOÉ – A sra. se considera preparada para o cargo?
Dilma – Tenho clareza, hoje, de que conheço bem o Brasil e os escaninhos do governo federal. Então, sem falsa modéstia, me acho extremamente capacitada para o exercício desse cargo. E acredito que o fato de não ser uma política tradicional pode incutir um pouco de novidade na gestão da coisa pública. Uma novidade bem-vinda. Na minha opinião, critérios técnicos se combinam com políticos. Escolher onde aplicar é sempre um ato político. Por exemplo, eu acho que a grande missão nossa é erradicar a pobreza e que é possível erradicá-la nos próximos anos. Isto é um ato político. Outra pessoa pode escolher outra coisa.

ISTOÉ – No horizonte de um governo, é possível erradicar a pobreza?
Dilma – Tem um estudo do Ipea mostrando que até 2016 é possível erradicar a pobreza extrema, a miséria. Mas o empresário Jorge Gerdau costuma dizer que “meta que se cumpre é meta errada”. Metas não são feitas para cumprir, mas para estabelecer um objetivo, criar uma força. Assim, acredito que o prazo de 2016 é viável, mantido o padrão do governo Lula. Nossa meta pode ser ainda mais ousada. Só não vou dizer qual porque, se passar dois dias sem cumpri-la, vão dizer: “Não cumpriu a meta”, como fazem com o PAC. Atrasar uma obra de engenharia em seis meses é a catástrofe no Brasil.

ISTOÉ – O presidente Lula também trabalhou com metas quando foi candidato. Ele falava em dez milhões de empregos…
Dilma – Acho que a gente fecha em 14 milhões. Falei com a área econômica de dois bancos e ambos consideram que o crescimento do PIB será de 6,4%, podendo chegar a 7%, o que dá condições para se chegar a estes 14 milhões de empregos. Os dados da produção industrial que fechamos em março apontam um crescimento muito robusto e sustentável porque são os bens de capital que estão puxando esse desempenho.

ISTOÉ – O Banco Central está preocupado com este crescimento…
Dilma – Não, o Banco Central está preocupado com outra coisa. Ele não pode estar preocupado com a expansão dos bens de capital porque isso é virtuoso.

ISTOÉ – Parece que há uma visão dissonante entre o Banco Central e a Fazenda sobre o desempenho da economia. Como a sra. vê essa questão?
Dilma – Os dois trabalham em registros diferentes. O BC faz uma análise necessariamente de curto prazo, porque ele trabalha com questões inflacionárias conjunturais, mais imediatas. Ele olha a pressão na hora que ela acontece. Já a Fazenda tem uma visão de mais médio e longo prazo. É outro registro. A Fazenda tem consciência de que o Brasil está em uma trajetória de estabilidade e de sustentabilidade. Agora, isso não é incompatível com o fato de você ter pressões inflacionárias imediatas. Acho que foi importante o aumento dos juros na última reunião do Copom.

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“Tem gente que passou uma vida inteira querendo ser presidente
da República. Eu era mais modesta”

ISTOÉ – Isso não dá munição para os seus adversários?
Dilma – Nós já tivemos duas experiências muito ruins de, durante a eleição, fingir que é uma coisa e, depois, virar outra. Uma na virada do primeiro para o segundo mandato do Fernando Henrique Cardoso e outra no Plano Cruzado. Hoje somos perfeitamente capazes de elevar a taxa de juros e assumirmos as consequências, sem que isso signifique uma perda. Temos integral compromisso com a estabilidade.

ISTOÉ – A sra. concorda com a política de juros do BC?
Dilma – Concordo. Acho que, da ótica do BC, ele fez o que precisava fazer. Nos Estados Unidos, onde há um histórico maior de estabilidade, o Federal Reserve tem dois olhos: um que olha a inflação e outro o emprego.

ISTOÉ – O nosso só olha a inflação.
Dilma – No meu governo acho que, mais para o final, teremos condições de olhar as duas coisas: inflação e emprego.

ISTOÉ – Teremos um BC diferente?
Dilma – Teremos uma política e uma realidade diferentes. Porque, para o BC fazer isto, é preciso uma redução da dívida líquida em relação ao PIB. O Brasil converge para condições monetárias de estabilidade que permitirão a combinação de outras variáveis. Criamos robustez econômica suficiente para fazer isso.

ISTOÉ – A sra. vai enfrentar um candidato que também se apresenta como um pós-Lula. O que a diferencia dele?
Dilma – Só se acredita em propostas para o futuro de quem cumpriu suas propostas no presente. O que nos distingue é que nós fizemos, nós sabemos o que fazer e como fazer. Mais do que isso, os projetos dos quais eu participei – 24 horas por dia nos últimos cinco anos – são prova cabal de que somos diferentes.

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“Sou católica, mas antes de tudo cristã.
Tive minha formação no Sion”

ISTOÉ – A sra. não acha importante o fato de o PT ter assumido o governo com um quadro de estabilidade da moeda?
Dilma – Eu não queria fazer isso, mas, se vocês insistem, vamos lá: recordar é viver. Nós assumimos o governo com fragilidades em todas as áreas. Taxas de inflação acima de dois dígitos, déficit fiscal significativo e, sobretudo, uma fragilidade externa monstruosa. Tínhamos um empréstimo com o FMI de US$ 14 bilhões. A margem de manobra nessa situação é zero. Você se coloca de joelhos junto aos credores internacionais. Quem fala com você é o sub do sub do sub. Isso não foi momentâneo. Foi uma década de estagnação, de desemprego e desigualdade. Nós tivemos, claro, coisas boas. Uma delas é a Lei de Responsabilidade Fiscal.

ISTOÉ – Mas já cogitam mudá-la. A sra. é favorável a isto?
Dilma – Depende. Acho que para mexer em coisas que têm dado certo é recomendável caldo de galinha e muita calma. Mas, voltando ao recordar é viver, o Plano Real também teve mérito. Já em outros pontos fomos salvos pelo gongo. O País deve dar graças a Deus por não terem partido a Petrobras em pedaços, não terem privatizado o setor elétrico, Furnas, Eletronorte, Eletrosul. A privatização da telefonia foi correta, mas não acho hoje muito relevante. Hoje a banda larga é mais importante que a telefonia.

ISTOÉ – A sra. acha que Serra seria a continuidade de FHC?
Dilma – Não tenho nenhum comentário a fazer sobre a pessoa José Serra. Tenho respeito por ele. Mas nós representamos projetos políticos distintos. Nós temos uma forma diferente de olhar o Estado.

ISTOÉ – Ele também se apresenta como um economista da linha desenvolvimentista.
Dilma – Acho muito significativa essa tentativa de borrar diferenças. Duvido que estariam borrando diferenças se o governo do presidente Lula tivesse menos que 76% de aprovação. Duvido. Há, neste processo, a tentativa de esconder o fato de que somos dois projetos. Tenho orgulho de ter sido ministra do presidente Lula. Devemos comparar as experiências de cada um. Eles diziam que não sabíamos governar, que só tivemos sorte. A gente gosta muito de ter sorte. Graças a Deus não somos um governo pé-frio. Mas quando chegou essa crise, muito maior que a de 1929, mostramos enorme competência de gestão, capacidade de reação e ousadia.

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“Lula é uma pessoa extremamente afetiva. Ele
não te olha como se fosse um instrumento dele”

ISTOÉ – O governo FHC foi incompetente?
Dilma – O governo FHC representa um processo em que não acredito. Não acredito num projeto de privatização de rodovias que aumenta o custo Brasil por causa dos pedágios, que embute taxas de retorno de 26% ao ano. Em estradas federais, a qualidade melhorou muito com pedágios bem menores por uma razão muito simples: nós não cobramos concessão onerosa. Logística é igual a competitividade na veia.

ISTOÉ – O que a sr. faria diferente do atual governo?
Dilma – Nós tivemos que trocar o pneu do carro com ele andando. Algumas coisas concluímos, em outras não conseguimos avançar. Acho imprescindível, para o patamar de crescimento atingido, fazer a reforma tributária. Não é proposta, é uma exigência. Se quisermos aumentar nossa produtividade e, consequentemente, nossa competitividade, precisamos acabar com coisas absurdas como a tributação em cascata.

ISTOÉ – O governo atual também diz que tentou fazer isto.
Dilma – Não deu agora porque reforma tributária significa conflito federativo. Aprendemos que é inviável fazer reforma tributária sem compensações porque ela tem tempos diferentes. Para neutralizar o efeito negativo da perda de arrecadação, vamos criar um fundo de compensação. Este é o único mecanismo negociável.

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“Depois que minha filha nasceu, tive uma gravidez
tubária. Eu não podia mais ter filho”

ISTOÉ – Os acordos políticos resultarão ainda em loteamento de cargos?
Dilma – Não. O apoio político é totalmente legítimo. Em todos os países há uma composição política que governa. O que você tem que exigir é padrões técnicos. Lutei muito para implantar isso no governo.

ISTOÉ – Está satisfeita com o que foi feito?
Dilma – Acho que podemos melhorar.

ISTOÉ – A sra. será avó, em breve. E provavelmente seu neto nascerá num hospital privado e se educará numa escola particular. Em que momento a sra. acha que o Brasil estará pronto para mudar isso?
Dilma – Quero muito que isso aconteça porque me esforcei muito para estudar numa excepcional escola pública, que era o Colégio Estadual de Minas Gerais. A gente fazia um vestibularzinho para passar ali. Era difícil. Este é o grande desafio do Brasil. Para a educação ser de qualidade, não é só prédio, laboratório, banda larga nas escolas. É, sobretudo, professor bem remunerado e com formação adequada.

ISTOÉ – Seu neto vai ter uma superavó, moderna, talvez presidente da República. Essa avó moderna também namora?
Dilma – Olha, eu não namoro atual­mente, apesar de recomendar para todo mundo. Acho que faz bem para a pele, para a alma, faz todo o bem do mundo.

ISTOÉ – Uma vez eleita, a sra. assumiria um relacionamento? A sra. casaria no meio do mandato?
Dilma – A vida não é assim, tem que se confluírem os astros…Eu não sou uma pessoa carente propriamente dita, tive uma vida afetiva muito boa, muito rica. Mas nos relacionamentos há uma variá­vel que é estratégica, que é com quem eu vou casar. Essa variável estratégica eu tenho que saber, porque assim, no genérico, isso não existe. Agora, vamos supor que a pessoa seja maravilhosa e eu esteja apaixonadíssima…

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“Não sou uma pessoa carente propriamente
dita. Tive uma vida afetiva muito boa, muito rica”

ISTOÉ – A sra. está fechada para isso?
Dilma – Não, ninguém pode estar na vida. Mas para mim é uma coisa muito distante. E depende dessa variável: que noivo é esse?

ISTOÉ – Qual a sua posição em relação ao aborto? A sra. passou pela experiência de fazer um aborto?
Dilma – Eu duvido que alguma mulher defenda e ache o aborto uma maravilha. O aborto é uma agressão ao corpo. Além de ser uma agressão, dói. Imagino que a pessoa saia de lá baqueada. Eu não tive que fazer aborto. Depois que minha filha nasceu, tive uma gravidez tubária, eu não podia mais ter filho. E antes disso só engravidei uma vez, quando perdi o filho por razões normais. Tive uma hemorragia, logo no início da gravidez, sem maiores efeitos físicos.

ISTOÉ – Isso foi antes de sua filha nascer?
Dilma – Foi antes. Tanto é que eu fiquei com muito medo de perder minha filha, quando fiquei grávida. Mas todas as minhas amigas que vi passarem por experiências de aborto entraram chorando e saíram chorando. Eu acho que, do ponto de vista de um governo, o aborto não é uma questão de foro íntimo, mas de saúde pública. Você não pode hoje segregar mulheres. Deixar para a população de baixa renda os métodos terríveis, como aquelas agulhas de tricô compridas, o uso de chás absurdos, de métodos absolutamente medievais, enquanto as mulheres de renda mais alta recorrem a clínicas privadas para fazer aborto. Há muita falsidade nisto.

ISTOÉ – A sra. defende uma legislação que descriminalize o aborto?
Dilma – Que obrigue a ter tratamento para as pessoas, para não haver risco de vida. Como nos países desenvolvidos do mundo inteiro. Atendimento público para quem estiver em condições de fazer o aborto ou querendo fazer o aborto.

ISTOÉ – A Igreja Católica se opõe a isto.
Dilma – Entendo perfeitamente. Numa democracia, a Igreja tem absoluto direito de externar sua posição.

ISTOÉ – A sra. é católica?
Dilma – Sou. Quer dizer, sou antes de tudo cristã. Num segundo momento sou católica. Tive minha formação no Colégio Sion.

ISTOÉ – A sra. passou por um tratamento para curar um câncer e precisa submeter-se a revisões periódicas. O que deu sua revisão dos seis meses?
Dilma – Agora faço de seis em seis meses. Fiz há pouco, em abril, e deu tudo perfeito.Existe na sociedade e em cada um de nós uma visão ainda muito pesada sobre a questão do câncer. E isso provoca nas pessoas muita dificuldade em tratar a doença Eu tive a sorte de descobrir cedo. Estava fazendo um exame no estômago e resolveram ver como estavam minhas coronárias. Eu fui para fazer um exame de coronária e descobri um linfoma.

ISTOÉ – Como a sra. reagiu?
Dilma – A notícia é impactante. Na hora eu não acreditei, estava me sentindo tão bem. Há uma contradição entre o que você sente e o que te falam. Para combater o câncer você precisa encontrar forças em você mesma. Tem que se voltar para você, não pode, de jeito nenhum, se entregar. Depois, você combate porque conta com apoio. Eu tive uma sorte danada, recebi apoio popular. Chegavam perto de mim e falavam que estavam rezando. A gente se comove muito. E também tive apoio dos amigos, do presidente, de meus colegas no governo.

“Eu quero Neymar e o Ganso na Seleção.
Eles trouxeram alegria de volta para o futebol”

ISTOÉ – A sra. rezava?
Dilma – Ah, você reza, sim. E reza principalmente porque não é o câncer que é ruim, é o tratamento.

ISTOÉ – A sra. tem medo que o câncer volte?
Dilma – Hoje não.

ISTOÉ – Como a sra. encara a vida depois disso?
Dilma – A gente dá mais valor a coisas que costumam passar despercebidas. Você olha para o sol e fica pensando se você vai poder continuar vendo esta coisa bonita. Você fica mais alerta. Só combate isso se tiver força interna. Vou contar uma coisa. Eu não conhecia a Ana Maria Braga e um dia ela me ligou e conversou comigo explicando como tinha vencido o câncer dela, que o dela era mais difícil, diferente, e que superou. Vou ter sempre uma dívida com ela, porque, de forma absolutamente solidária e humana, ela me ligou naquele momento.

ISTOÉ – Mudando de assunto, o Lula é um bom chefe?
Dilma – Sim. O Lula é uma pessoa extremamente afetiva. Ele não te olha como se você fosse um instrumento dele. Te olha como uma pessoa, te leva em consideração, te valoriza, brinca. Ele tem uma imensa qualidade: ele ri, ri de si mesmo.

ISTOÉ – A sra. também será assim como chefe? Porque dizem que a senhora é o contrário disto, durona…
Dilma – Você não pense que o Lula não é duro não, hein. É fácil até para você cobrar, em função disto. Basta dizer: amanhã tem reunião com o Lula. Simples…

ISTOÉ – As reuniões são muito longas?
Dilma – A busca de um consenso é um jeito que criamos no governo. Algumas vezes o presidente chamava isto de toyotismo. Não é a linha de montagem da Ford, onde cada um vai olhando só uma parte. É aquele método de ilha da Toyota, porque você faz tudo em conjunto. Outra coisa é que a gente sempre discute com os setores interessados. Sabe como saiu o Minha Casa, Minha Vida? Porque nós sentamos com eles (empresários da construção civil) e conversamos. Eles criticando o que se fazia, os 13 grandes mais a Câmara Brasileira da Indústria da Construção Civil. Se você não fizer isso, se não for absolutamente exaustivo no debate do detalhe, o projeto não fica em pé. Na curva ele cai.

ISTOÉ – Hoje todo mundo comenta, inclusive dentro do partido, que, a partir da entrada do presidente na campanha, suas chances de vitória aumentam. A sra. traz essa expectativa também?
Dilma – Do nosso ponto de vista já é dado que o presidente participa. Nós nunca achamos que ele vai chegar um dia e participar depois. O presidente é a maior liderança do PT, a maior liderança da coligação do governo, uma das maiores lideranças do País, uma das maiores lideranças do mundo…

ISTOÉ – O fato de ter duas mulheres pela primeira vez concorrendo dará um tom diferente à campanha?
Dilma – Acho que as mulheres estão preparadas para pleitear as suas respectivas candidaturas e o Brasil está preparado para as mulheres agora. Penso que é muito importante que haja um olhar feminino sobre o Brasil. As mulheres são sensíveis e isso é uma grande qualidade. As mulheres são sensatas e objetivas até porque lidam na vida privada com condições que exigem isto. Ou você não conseguiria botar filho na escola, providenciar comida, mandar tomar banho, ir trabalhar… As mulheres também são corajosas: a gente segura dor, a gente encara.

ISTOÉ – A sra. é a favor ou contra a reeleição?
Dilma – Sou a favor. Acho muito importante.

ISTOÉ – A sra. cederia a possibilidade de uma reeleição para o presidente Lula, no caso de ele querer se candidatar em 2014?
Dilma – Ele já me disse para não responder a essa pergunta.

ISTOÉ – Até quando a sra. vai obedecer cegamente o que ele manda?
Dilma – Lula não exige obediências cegas.

ISTOÉ – A sra. acompanha futebol como o presidente Lula?
Dilma – Quero o Neymar e o Ganso na Seleção. Tenho muita simpatia pelo Ganso, aquele jeito meio desconcertado de falar. Mas gosto dos dois. Eles trouxeram alegria de volta para o futebol. Jogam de forma desconcertante e atrevida.


http://blogdofavre.ig.com.br/

Governo vai construir mais 6.000 casas em Pernambuco

O presidente Lula inaugurou ontem, em Recife (PE), um conjunto habitacional construído para 624 famílias de baixa renda, anunciou a construção de mais de 6.000 moradias em 48 municípios e autorizou o início das obras de duplicação e modernização do trecho da BR-101 que liga Pernambuco a Alagoas.

http://www.brasiliaconfidencial.inf.br/?p=15247

sexta-feira, 7 de maio de 2010

Serra elogia pela frente e, nos bastidores, age contra o governo

Parecendo ter duas caras, Serra faz seu jogo político com elogios  ao governo pela frente e ataques por trás


Parecendo ter duas caras, Serra faz seu jogo político com elogios ao governo pela frente e ataques por trás


“O Serra vive uma incongruência. Diz uma coisa e faz outra. Publicamente elogia. Mas nos bastidores age contra o governo do presidente Lula”. Esta é a opinião do economista e especialista em finanças públicas, Amir Khair, acerca da maneira como José Serra tem se apresentado em público desde o dia 10/04, quando se lançou como pré-candidato à presidência da República. Na ocasião, Serra chegou a dizer que não aceitava o raciocínio “nós contra eles”. Para Khair, isso demonstra que o tucano vive o dilema de quem não pode criticar abertamente o presidente Lula, que apresenta altos índices de popularidade, mas que sempre foi um dos críticos da política econômica do governo, além de ter trabalhado nos bastidores contra ela.

”Ele acusa Lula de praticar altas taxas de juros (Selic). Em fevereiro do ano passado, em plena crise econômica internacional, criticou o governo por ter reduzido os juros em apenas um ponto percentual. O que ele não diz, entretanto, é que quando era ministro do Planejamento de Fernando Henrique Cardoso, ligado diretamente à área econômica, a taxa Selic registrava uma média de 24% ao ano, chegando a atingir picos de 45%, enquanto que a do governo Lula, de 2003 a 2010, apesar de ainda alta, gira em torno de 11%”.

Segundo Khair, Serra se considera autoridade econômica, mas juntamente com seu aliado, o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (DEM), foram os principais defensores da chamada “Lei do Calote”, aprovada no Congresso Nacional, pela restrição ao pagamento de precatórios: “Ambos descumpriram decisões judiciais. São Paulo é o maior devedor de precatórios do país e sozinho deve mais do que todos os estados brasileiros somados. Por isso Serra e a bancada do PSDB se bateu tanto contra o pagamento dos precatórios no Congresso”, diz.(Aqui)


http://www.brasiliaconfidencial.inf.br/?p=15220


PAC trouxe vida melhor para os brasileiros, declara jornal britânico

Jornal Britânico elogia as ações do PAC e sua importância para o  desenvolvimento do país


Considerado pelo pré-candidato do PSDB, José Serra, como sendo apenas “uma lista de obras”, o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), lançado pelo governo Lula em 2007, ganhou destaque no jornal britânico Financial Times – uma das publicações econômicas mais conceituadas do mundo - em reportagem publicada na última quinta-feira, 06/04. O veículo destaca que o PAC trouxe “empregos, casas e uma vida melhor para muitas pessoas que vivem nas favelas” e que colocou “os investimentos em infraestrutura de volta ao centro do cenário político”.

De acordo com deputado federal André Vargas (PT-PR), matérias como esta servem para contrapor as acusações da oposição ao governo Lula de que o PAC não saiu do papel ou que se trata de mera lista de obras. “O pré-candidato do PSDB tem uma visão de Estado mínima e má vontade com relação ao programa”. “Para o PSDB e DEM, quem tem de fazer, planejar e executar é apenas a iniciativa privada. Já nós temos uma visão de Estado eficiente, que privilegia os investimentos públicos. A iniciativa privada é importante, mas também são fundamentais os investimentos do governo”, disse.

Segundo o deputado, há muito tempo não se viam investimentos no país como os que constam no PAC, inclusive na área de saneamento básico. “A oposição e o PSDB têm se mostrado contraditórios: o Serra uhttp://www.brasiliaconfidencial.inf.br/?p=15224ma hora diz que não vai acabar com o PAC e outra hora diz que o PAC não existe. Das duas, uma: ou não precisa acabar, porque não existe, ou ele reconhece sua importância”, destacou.


http://www.brasiliaconfidencial.inf.br/?p=15224

Oposição ataca PT com estrutura da Câmara

Da Folha

Servidores de gabinetes do DEM e do PP usaram e-mail funcional para distribuir mensagens difamatórias contra Dilma

Além disso, aliados de Serra distribuíram ofícios com timbre da Casa contendo orientação a parlamentares sobre temas para discursos

VALDO CRUZ
ANDREZA MATAIS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A oposição usou a estrutura da Câmara para orientar deputados a defender as ideias do tucano José Serra nos debates da campanha. Além disso, servidores de dois gabinetes, do DEM e do PP, repassaram por e-mail funcional mensagens com ataques à pré-candidata petista Dilma Rousseff.

Documentos obtidos pela Folha mostram que ofícios com timbre da Câmara, assinados pelo líder do DEM, Paulo Bornhausen (SC), distribuíram “paper” para a campanha do tucano, com a orientação de que parlamentares da oposição deveriam utilizá-lo em discursos e entrevistas.

A reportagem também teve acesso a cópias de e-mails que servidores dos gabinetes de ACM Neto (DEM-BA) e de João Pizzolatti (PP-SC) repassaram com mensagens dizendo “Dilma Rousseff e suas vítimas fatais”, acompanhadas de fotos de militares que teriam sido “assassinados pelo grupo terrorista” da petista.

Os ofícios distribuídos por funcionários do DEM foram parar, por engano, em gabinetes de deputados petistas, que também receberam os e-mails repassados com os ataques.

O líder do governo na Casa, Cândido Vaccarezza (PT-SP), pediu abertura de sindicância ao presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP), para apurar a “divulgação de campanha difamatória contra a senhora Dilma Rousseff”, por meio de uso “indevido do serviço de correio eletrônico”.

Vaccarezza criticou também o uso ilegal da estrutura do gabinete da liderança do DEM para distribuição de material de campanha de Serra.

Procurados pela Folha, os deputados reconheceram os desvios e anunciaram providências como a exoneração dos servidores que repassaram os e-mails e a devolução do dinheiro gasto na distribuição do “paper” da campanha do tucano. Os servidores exonerados negaram intenção política.

“Além de devolver o dinheiro, eu aguardo um pedido de desculpas público do líder do DEM, que participa da campanha do tucano José Serra, pelo uso indevido da estrutura da Câmara”, cobrou Vaccarezza.

As mensagens repassadas por servidores do PP e do DEM citam a participação da candidata na luta armada durante o regime militar. “Ela teve amnésia e não se lembra dos assaltos a banco, dos sequestros, delação de colegas e tudo o mais. Só lembra que foi torturada”, diz um dos e-mails, sobre fatos sempre negados por Dilma.
A mensagem contra Dilma causou desconforto no PP porque o partido, apesar de apoiar o governo Lula, está dividido entre Serra e a petista.

“Paper”

No ofício encaminhado aos deputados da oposição, o líder Paulo Bornhausen diz que a “coordenação de campanha de José Serra à Presidência produz, todos os dias, “papers” sobre temas a serem abordados pelos parlamentares dos Democratas, PPS e PSDB” em discursos, entrevistas e artigos.
“Esta é uma maneira efetiva de participarmos da dura campanha que se prenuncia”, diz o documento, que acabou sendo entregue por engano também nos gabinetes dos deputados Cândido Vaccarezza (PT-SP) e Luiz Sérgio (PT-RJ).

Anexado ao papel timbrado da Câmara, o “paper” produzido pela campanha de Serra e enviado de São Paulo ao líder do DEM orienta os aliados do tucano também a não usar a expressão “continuidade”, mas “avanço”.


http://saraiva13.blogspot.com/


Em inauguração de petroleiro, Dilma comemora capacidade produtiva do país

Em lançamento de um navio petroleiro em Itapojuca (PE), pré-candidata à Presidência defende que Brasil precisa produzir mais do que commodities

Por: Anselmo Massad, Rede Brasil Atual


Em pose de pré-candidata, Dilma acompanha inauguração de petroleiro em Itapojuca (Foto: Roberto Stuckert Filho/Divulgação)

São Paulo – Durante lançamento do navio petroleiro João Cândido, em Itapojuca (PE), a pré-candidata do PT à Presidência da República Dilma Rousseff ressaltou a importância de o país ter capacidade de produzir mais do que commodities. Os principais produtos de exportação do país são matérias-primas ou alimentos, como soja, açúcar e minério de ferro, por exemplo.

Ao chegar ao Estaleiro Atlântico Sul, Dilma afirmou que o Brasil dá um passo fundamental, depois de décadas de estagnação da indústria naval. “Era isso que diziam que no Brasil não se podia fazer. O Brasil dá um passo à frente hoje. Não podemos produzir apenas commodities, nós também produzimos navios como esse, desse tamanho”, comemorou.

O navio é o primeiro das 49 embarcações de grande porte que integram o Programa de Modernização e Expansão da Frota da Transpetro (Promef) a ser entregue. Desses, 38 já foram contratados. O governo comemora a inauguração por considerar que a reativação da indústria naval tenha sido um avanço de sua gestão. Desde 2005, foram adotadas políticas de incentivo ao setor.

O petroleiro, que vem sendo considerado uma marco na retomada da indústria naval brasileira, tem 274 metros de comprimento, capacidade de transportar 1 milhão de barris de petróleo e foi encomendado pela Transpetro, empresa de logística e transporte do grupo Petrobras. O custo foi de R$ 300 milhões. A fabricante, EAS, tem sede em Pernambuco.

Na intenção de reestruturar a indústria naval brasileira e torná-la competitiva internacionalmente, as licitações para a construção de navios por meio do Promef precisam atender a três requisitos: que os navios sejam fabricados no Brasil, tenham preço e qualidade internacionalmente competitivos e 65% de conteúdo nacional mínimo. No caso do navio João Cândido, esse percentual foi de 72,6%.

João Cândido

A embarcação entregue é batizada com o nome de João Cândido em homenagem àquele que ficou conhecido como Almirante Negro ao liderar a Revolta da Chibata, movimento iniciado no Rio de Janeiro em 1910, contra a aplicação de castigos físicos a marinheiros. O filho de João Cândido participou do evento.

O navio teve como madrinha uma soldadora do Estaleiro Atlântico Sul, Mônica Roberta de França. A escolha é uma homenagem aos que trabalharam na construção do navio. No lançamento de um navio ao mar há um ritual de batismo em que a madrinha quebra uma garrafa de bebida no casco da embarcação.

Serra sem PT

A respeito do "convite" feito pelo presidenciável José Serra (PSDB) para fazer parte de um eventual governo comandado pelo tucano, Dilma manifestou estranhamento. "Por que (os tucanos) foram contra o presidente Lula durante tanto tempo? Por que fizeram uma oposição tão raivosa?", lembrou.

"Agora, quando temos uma aprovação de mais de 90%, soa um pouco estranha essa fala", ironizou.

Com informações da Reuters e Agência Brasil


http://www.redebrasilatual.com.br/temas/politica/em-inauguracao-de-petroleiro-dilma-comemora-capacidade-produtiva-do-pais

Lula é 'campeão' mundial na luta contra a fome


Por: Redação da Rede Brasil Atual


Lula é 'campeão' mundial na luta contra a fome

(Foto: Ricardo Stuckert/PR)

Depois de a Revista Time publicar que o presidente Lula é um dos homens mais influentes do mundo, agora ele recebe um novo prêmio, desta vez o "Campeão Mundial na Luta contra a Fome", da ONU, que será entregue pela diretora executiva do Programa Mundial de Alimentos, PMA, Josette Sheeran, que inicia visita ao Brasil a partir deste domingo (9).

Segundo o PMA o prêmio destaca a importância da parceria com o Brasil em momentos como o terremoto no Haiti e representa ainda o reconhecimento dos esforços do governo do pais no cumprimento das Metas do Milênio.

Além do encontro com Lula, Sheeran visitará projetos do programa Fome Zero em cidades próximas a Brasília. E no dia 10, participa do encontro "Diálogo Brasil-Africa sobre Segurança Alimentar", que envolve o governo brasileiro e ministros da agricultura de vários países africanos.

O diretor do Centro de Informação das Nações Unidas para o Brasil, Unic-Rio, Giancarlo Summa, falou à Rádio ONU sobre a importância do prêmio.

"É um reconhecimento do papel que o Brasil desempenha na luta contra fome, seja internamente e no cenário internacional. O Brasil está empenhado na África em cooperação técnica com dezenas de países" afirmou.

Com informações da Rádio ONU.

http://www.redebrasilatual.com.br/temas/politica/lula-e-campeao-mundial-na-luta-contra-a-fome


quinta-feira, 6 de maio de 2010

Plano prevê volta da Telebrás e três vezes mais banda larga no país

Fabricia Peixoto -BBC

O governo brasileiro anunciou nesta quarta-feira um plano nacional que prevê triplicar o acesso à banda larga no Brasil, com preços populares e com gerenciamento da Telebrás.

O plano prevê ampliar o acesso à banda larga por um preço mais acessível a 39,8 milhões de residências até 2014. Hoje são cerca de 12 milhões de usuários residenciais, segundo dados do governo.

Durante a apresentação do Plano Nacional de Banda Larga (PNBL), o coordenador do programa, Cezar Alvarez, disse que cem municípios serão atendidos ainda este ano, incluindo as capitais.

O preço final ao consumidor ainda não está definido, mas a estimativa do governo brasileiro é de que os brasileiros das classes C e D tenham acesso ao serviço com uma tarifa entre R$ 15 e R$ 35.

O Plano também prevê uma velocidade de banda larga de 512 Kbps a 784 Kbps - valor acima da média da usada no Brasil, de 256 Kbps.

O que deverá permitir a redução da mensalidade serão os descontos em impostos promovidos pelo governo, que reduzirão a arrecadação em cerca de R$ 25 milhões nos próximos quatro anos.

Outra medida adotada será a reativação da Telebrás, que ficará encarregada de gerenciar o plano de expansão da banda larga.

Segundo a ministra-chefe da Casa Civil, Erenice Guerra, A Telebrás - que será reativada para tornar realidade o plano - terá uma estrutura "enxuta" e "não vai substituir ou limitar a iniciativa privada".

A empresa, que chegou a ser uma das maiores estatais do país, havia sido extinta em 1998 com a privatização de sua estrutura, incluindo operadoras de telefonia em todos os estados.

Perdeu, Mané! TSE nega pedido do PSDB para multar instituto que apontou empate entre Serra e Dilma



O ministro Joelson Dias, do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), negou nesta quarta-feira pedido do PSDB para aplicar multa ao Instituto Sensus. O valor da multa poderia chegar a R$ 100 mil.

Pesquisa divulgada no dia 13 de abril apontava empate entre os pré-candidatos José Serra (32,7%) e Dilma Rousseff (32,4%). Segundo o partido, o instituto não esperou um prazo de cinco dias entre o registro da pesquisa e a divulgação dos resultados.

Para o ministro, o erro não afetou as informações mais importantes da pesquisas, que permitem a fiscalização pela Justiça Eleitoral como a metodologia, a amostra e o período da sondagem. Joelson Dias afirmou que a alteração do registro aconteceu antes da divulgação do resultado.

O ministro chegou a autorizar o PSDB a fazer uma fiscalização na sede do Sensus. Depois de ter acesso aos dados, o PSDB anunciou que iria entrar com uma notícia-crime por cinco supostas irregularidades. A Folha dos tucanos verificou que o PSDB usou dados errados para basear o seu pedido de multa.

http://saraiva13.blogspot.com/

Carta Maior: O contraste entre o fim de dois mandatos

Contrastes entre dois finais de mandato:

da Carta Maior

Dia 6 de maio de 2001:

a) Brasil vive crise dramática de energia e aguarda o pronunciamento do Presidente Fernando Henrique Cardoso que anunciará o racionamento à Nação;

b) Folha Online: “Além de sofrer com o aumento das tarifas de energia elétrica, o brasileiro ainda terá de gastar mais dinheiro para acender uma vela, em caso de apagões”.

c) preço do produto será reajustado devido ao aumento de 5,5% no valor da parafina, vendida mais cara pela Petrobras desde o último dia 1º.

d) acidente com a plataforma P-36 que explodiu e afundou na Bacia de Campos dia 20-03, causando 11 mortes, reduziu produção nacional de petróleo em 84.000 barris/dia

e)Agência Nacional de Petróleo (ANP) afirma que acidente foi causado por ”

“não-conformidades quanto a procedimentos operacionais de manutenção e de projeto” por parte da Petrobrás.

f) Folha On line: “Se os aumentos de tarifa não forem suficientes para reduzir o consumo de energia elétrica, brasileiros poderão ficar até quatro horas por dia no escuro”.

Dia 6 de maio de 2010:

a) governo anuncia o Plano Nacional da Banda Larga para garantir acesso de alta velocidade à Internet a 40 milhões de domicílios até 2014; a estatal Telebrás é capitalizada para assumir o comando da rede de transmissão.

b) Governo cria Eximbank para incentivar exportações e define incentivos fiscais com devolução rápida de tributos para alavancar vendas brasileirsas ao exterior;

c) Indústria de máquinas e equipamentos registra o melhor março da sua história este ano com faturamento de R$ 7,2 bilhões

d) IBGE: crescimento de 18% da produção industrial no 1º trimestre deste ano é a maior expansão trimestral desde o início da série histórica, em 1991.

e) Petrobrás prepara-se para realizar mega-capitalização destinada a investimentos da ordem de US$ 174 bilhões na exploração das reservas brasileiras do pré-sal, a principal descoberta de petróleo do mundo nas últimas décadas;

f) Oposição no Congresso boicota votação das regras do pré-sal que garantem soberania nacional no controle e exploração das novas jazidas;

g) Serra, ex- ministro da Saúde e do Planejamento Econômico de FHC, apresenta-se novamente como candidato anti-Lula à Presidência da República; tucano, agora, diz que vai resolver problemas da economia com ‘tesão’.


http://www.viomundo.com.br/politica/carta-maior-o-contraste-entre-o-fim-de-dois-mandatos.html

quarta-feira, 5 de maio de 2010

A INEFICÁCIA DO MELÔ IDEOLÓGICO NA CAMPANHA

Do Estado de Minas

Jornal Estado de Minas
Marcos coimbra
Escolhas eleitorais

Para a vasta maioria da população, a eleição pouco (ou nada) tem a ver com algo tão distante quanto a escolha de um modelo de capitalismo

Não faz muito tempo, um dos mais renomados articulistas de um importante jornal carioca iniciou sua coluna com uma pergunta natural para esta época do ano: o que terá mais peso nas decisões que os eleitores vão tomar na hora de escolher em quem votar para presidente? Para respondê-la, oferecia, no entanto, alternativas que nada tinham de naturais: seria “a capacidade de sedução do presidente Lula e a boa situação da economia, proporcionando uma sensação de bem-estar à população” ou “a percepção de parte do eleitorado de que uma política externa radicalizada à esquerda tem reflexos inevitáveis na maneira de conduzir a política interna”?

Quem tivesse lido somente esse começo de texto talvez ficasse com a impressão de que o autor estava brincando. Em nenhum lugar do mundo uma dúvida assim faria sentido e, certamente, não no Brasil.

De um lado, só estão coisas palpáveis: um presidente que seduz a opinião pública, a economia que vai bem, as pessoas satisfeitas, uma sensação de bem-estar. Do outro, algo que já é enunciado como limitado (“a percepção de parte….”), que põe na mesa uma noção que pouquíssimas pessoas saberiam o que é (“política externa radicalizada à esquerda…”) e que faz uma suposição cuja demonstração é complicada (“reflexos inevitáveis… na política interna”).

É difícil imaginar escolha mais fácil para a quase totalidade da população brasileira: na balança, em um prato estaria seu bem-estar, no outro, uma abstração a respeito de outra abstração. Quem aposta o que a maioria faria sem titubear?

O curioso no artigo é que a pergunta não era retórica. E que o autor não a fazia por redução ao absurdo, para mostrar o equívoco de quem imagina que a agenda da “esquerdização” da política externa possa ter qualquer impacto eleitoral relevante.

Mas não são apenas os jornalistas que fazem, às vezes, perguntas sem sentido. Até os mais ilustres líderes políticos as cometem.

Domingo, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso voltou aos jornais, agora para “reavaliar as diferenças e críticas recíprocas entre PSDB e PT”.

Em tom menos combativo do que vinha usando nas suas recentes intervenções (talvez em sintonia com a orientação de evitar o confronto direto com Lula, emanada do comando da campanha Serra), FHC falou de continuidades, sem comparar governos. Nem sequer foi para a “guerra dos números” para a qual havia desafiado o PT. Magnânimo, propôs que o Bolsa-Família fosse visto como exemplo dos programas que, “independentemente de que governo os tenha iniciado ou melhorado, tiveram o apoio de todos os partidos e da sociedade”.

Seu artigo termina com uma declaração e uma pergunta. Para ele, as diferenças entre Serra e Dilma, mais dia, menos dia, recairão sobre “a verdadeira questão” (uma só, pois as outras, imagina-se, não seriam “verdadeiras”): “Queremos um capitalismo no qual o Estado é ingerente, com uma burocracia permeada por influências partidárias e mais sujeita à corrupção, ou preferimos um capitalismo no qual o Estado permanecerá básico, mas valorizará a liberdade empresarial, o controle público das decisões e a capacidade de gestão?”. No primeiro corner, estaria Dilma, no segundo, Serra.

Com a biografia que tem, é difícil acreditar que o ex-presidente pense da forma como se expressa. Para a vasta maioria da população, a eleição pouco (ou nada) tem a ver com algo tão distante quanto a escolha de um modelo de capitalismo (“Estado ingerente X Estado básico”). Nem é claro como os dois candidatos seriam classificados. Serra, por exemplo, seria ingerente ou básico? E Dilma? Quem sabe os dois não seriam as duas coisas? E quem falou que PSDB e PT têm, para as pessoas comuns, imagens tão diferentes no tocante à partidarização do governo, sujeição ao risco da corrupção, valorização da iniciativa privada, controle público e capacidade de gestão? Quem disse que elas só enxergam virtudes em um e defeitos no outro?

Nas eleições deste ano, a população brasileira não se fará perguntas sem sentido ou indagações estratosféricas. Para ela, as escolhas serão bem mais concretas: continuar ou mudar? Um pássaro na mão ou dois voando? Ela ou ele?

É concreto, embora simples não seja.
Do blog do Nassif

terça-feira, 4 de maio de 2010

Veja como é feita a falsificação de pesquisas eleitorais

Segue a falsificação de pesquisas


Em um momento em que todos os institutos de pesquisa estão recolhidos, a Veja, mais uma vez, inovou na arte da malandragem. Além de “noticiar” uma pesquisa desconhecida e sem prova de existência, pôs um de seus fofoqueiros para mentir sobre dados conhecidos.

Como se vê na imagem acima, o fofoqueiro em pauta alude a uma pesquisa sem registro – o que torna impossível comprovar sua existência – e a compara com uma oficial, ambas do instituto Vox Populi.

Mas que pesquisa “anterior” do Vox Populi é essa com a qual o tal Lauro Jardim compara a pesquisa sem comprovação?

A última pesquisa Vox Populi sobre a sucessão presidencial foi feita entre os dias 30 e 31 de março. Como todas as outras, apurou dois cenários – um com Serra, Dilma, Ciro e Marina e outro sem Ciro, mas com os outros três pré-candidatos.

Vejam os números:

Cenário 1

José Serra 34

Dilma Rousseff 31

Marina Silva 5

Ciro Gomes 10

Cenário 2

José Serra 38

Dilma Rousseff 33

Marina Silva 7

Desde meados do ano passado, todos os institutos vêm apurando dois cenários em todas as pesquisas que fizeram: um cenário com Serra, Dilma, Ciro e Marina e outro só com Serra, Dilma e Marina.

Pergunta: se essa pesquisa-fantasma que Jardim noticia existisse, ela deveria ser comparada com qual cenário? Trocando em miúdos: o sujeito pinçou o percentual de Serra no cenário com Ciro e misturou com o percentual de Dilma no cenário sem Ciro.

Se existir, essa pesquisa “sem registro” tem que ser comparada só com o cenário sem Ciro, o que revelaria que Serra caiu (de 38% para 37%) e Dilma subiu (de 33% para 34%), tudo dentro da margem de erro.

Aliás, se essa pesquisa existir ela diz que Serra e Dilma estão tecnicamente empatados ou a petista pode até tê-lo ultrapassado, pois a margem de erro do Vox Populi costuma ser de dois por cento e, assim, Serra pode ter até 35% e Dilma, até 36%.

A Justiça Eleitoral não age por moto próprio, tendo que ser provocada para agir. Será que alguém terá que representar a ela pedindo que proíba esse tipo de tramóia de não só divulgarem pesquisas-fantasmas, mas mentirem sobre pesquisas oficiais.

http://edu.guim.blog.uol.com.br/

Por que Serra não foi ao 1º de Maio?

Nas comemorações do Dia Internacional dos Trabalhadores, o presidente Lula e a pré-candidata Dilma Rousseff participaram dos três principais atos em São Paulo. Ambos foram recebidos com entusiasmo por mais de 1,5 milhão de pessoas nestas festividades, que tiveram como bandeira central a luta pela redução da jornada de 44 para 40 horas semanais. Já o presidenciável demotucano José Serra preferiu não participar das manifestações do 1º de Maio.

Rechaçado pelas seis centrais sindicais legalizadas no país, o candidato da oposição neoliberal-conservadora aproveitou a data para participar de um culto religioso organizado pela Assembléia de Deus em Santa Catarina. O evento foi bancado pela prefeitura de Camboriú e pelo governo do estado, ambos administrados por tucanos. Eles destinaram R$ 540 mil para o evento, nos quais alguns pastores fizeram orações em apoio explícito a José Serra. A mídia demotucana, que critica tanto as centrais sindicais por receberem recursos públicos, preferiu ocultar a doação “sagrada”.

Teste de múltipla escolha

Mas por que José Serra não foi aos atos do 1º de Maio? Afinal, como ex-governador, ele até foi convidado oficialmente pela Força Sindical. Para o presidente da central, deputado Paulo Pereira da Silva (PDT), o Paulinho, a resposta é simples: “Ele tem medo dos trabalhadores”. Há outras hipóteses e o leitor pode votar numa das cinco elencadas abaixo neste teste de múltipla escolha:

1) Como ex-deputado na Assembléia Nacional Constituinte, em 1987/88, ele votou contra vários direitos dos trabalhadores, segundo levantamento do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap), e temia ser lembrado por seu nefasto passado e vaiado pelos manifestantes;

2) Como ex-ministro de FHC, ele foi cúmplice da regressão trabalhista promovida nos oito anos de reinado tucano, que gerou recordes de desemprego, arrocho salarial, informalidade da mão-de-obra e precarizaçao do trabalho. Serra, cupincha de FHC, seria lembrando por esta tragédia;

3) Como ex-governador de São Paulo, Serra reprimiu violentamente todas as mobilizações dos trabalhadores, como a recente greve dos professores. Intransigente, ele nunca aceitou negociar com os sindicatos ou com o MST. A vingança poderia ser maligna nos atos do 1º de Maio;

4) Como candidato à presidente, o tucano representa o que há de mais reacionário no patronato e expressa suas idéias de flexibilização selvagem das leis trabalhistas. Será que ele teria coragem de defender a redução da jornada de trabalho? Do contrário, tome mais vaias;

5) Todas as alternativas anteriores – e muitas outras.


http://altamiroborges.blogspot.com/2010/05/por-que-serra-nao-foi-ao-1-de-maio.html

Lula: Economia voltou a crescer de forma robusta, como não ocorria há 20 anos


O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ao discursar ontem (3) no evento em comemoração aos dez anos do jornal Valor, ressaltou a importância da demanda interna para o crescimento econômico do país, assim como a mudança da política comercial implementada por seu governo. Lula ressaltou o retorno do ritmo forte de crescimento econômico do país, após a crise internacional.

"O fato é que enquanto as nações mais ricas se debatem entre desemprego e desequilíbrio fiscal, ameaçadas por um labirinto financeiro ainda não equacionado, a economia brasileira, após breve interregno, voltou a crescer de forma robusta como não acontecia há 20 anos", disse Lula.

O presidente afirmou que em março o consumo de energia subiu 12% em relação ao mesmo mês de 2009, puxado pela indústria. Citou dados que reforçam essa retomada: redução do nível de desemprego, confiança do consumidor no maior patamar desde 2008, estimativa de recorde na safra agrícola para este ano e o crescimento recente na indústria de São Paulo, a mais afetada durante a crise.

Lula voltou a defender o Mercosul e a diversificação de mercados, justificando que os EUA não podem ser mais considerados como o principal importador do mundo.

"A ênfase Sul-Sul e o comércio regional não cabem no espaço pequeno do preconceito ideológico nem podem ser tratadas superficialmente numa gincana eleitoral", disse Lula, numa referência às críticas que o pré-candidato tucano à Presidência da República vem fazendo ao bloco.

Para o presidente, a economia brasileira terá que se apoiar "cada vez mais" no mercado interno e na diversificação das parcerias comerciais internacionais.

Com informações do Valor

Fonte:http://wwwterrordonordeste.blogspot.com/2010/05/lula-economia-voltou-crescer-de-forma.html

A Reserva de Mentiras da Veja

Por Luciano Martins Costa, no Observatório da Imprensa

A publicação que mais vende no país chega a afirmar que "áreas de preservação ecológica, reservas indígenas e supostos antigos quilombos abarcam, hoje, 77,6% da extensão do Brasil".


Segundo a revista, se a conta incluir ainda as cidades, os assentamentos para reforma agrária, os portos, as estradas e outras obras de infraestrutura, o total do território proibido para "atividades produtivas" chegaria a 90,6% e os brasileiros do futuro teriam que se contentar em produzir numa área do tamanho de São Paulo e Minas Gerais.


Tamanho nonsense, enunciado no início da reportagem, deveria bastar para afastar qualquer leitor com algum sentido de realidade. Mas Veja parece ter definitivamente aderido a alguma seita movida a alucinógenos pesados. E viaja no preconceito.


Entrevista inexistente


A revista afirma que existe uma organização altamente articulada que se dedica a congelar grandes fatias do território nacional, formada por organizações não governamentais e apoiada por antropólogos. Essa suposta "indústria da demarcação" seria a grande ameaça ao futuro do Brasil.


O texto embrulha no mesmo pacote reservas extrativistas da Amazônia – onde a produtividade econômica é muitas vezes superior à da pecuária, gera mais emprego e produz e distribui mais riqueza –, não diferencia áreas de proteção de áreas de exploração restrita, confunde conceitos antropológicos e inventa pelo menos uma declaração.


O antropólogo Eduardo Viveiros de Castro, do Museu Nacional do Rio de Janeiro, distribuiu no sábado (1/5) uma mensagem na qual garante que a citação de uma frase sua por parte da revista é uma completa mentira.


Para fundamentar uma de suas afirmações, Veja atribui ao antropólogo a frase segundo a qual "não basta dizer que é índio para se transformar em um deles. Só é índio quem nasce, cresce e vive num ambiente cultural original". Castro assegura que não deu a entrevista, que não pensa assim e que considera a reportagem "repugnante".


Veja acaba de inventar a reserva de frases manipuladas

fonte: http://esquerdopata.blogspot.com/2010/05/reserva-de-mentiras-da-veja.html

EUA, 5513 bombas; Irã, 0. E o Irã deve ser punido?


Gastos nucleares dos EUA em 2008.Têm condições de dar lições morais a alguém?



Os EUA revelaram hoje possuir mais de 5 113 ogivas nucleares ativas, capazes de destruir o planeta várias vezes. Isso sem falar nas milhares de armas nucleares que aguardam desmontagem. O Irã não tem nenhuma e é pressionado pelos EUA a interromper seu programa nuclear, que garante ser para fins pacíficos. Franz Kafka descreveria essa situação de maneira magnífica.

A ONU abriu hoje a conferência sobre o Tratado de Não Proliferação e o secretário-geral Ban Ki-Moon apelou pela eliminação completa do arsenal nuclear. O presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, presente ao encontro, pediu um calendário específico para a eliminação de todas as armas nucleares no mundo e questionou a presença dos EUA no conselho de governadores da Agência Internacional de Energia por ter utilizado bombas atômicas contra o Japão.

A despeito da briga diplomática, o discurso iraniano faz sentido. Como o único país do mundo ater utilizado uma bomba atômica contra populações civis, os EUA não têm autoridade para serem arrogantes neste tema. O mesmo se daria no combate às armas químicas, lembradas agora nos 35 anos do fim da guerra do Vietnã pelo uso intensivo de agente laranja, um desfolhante químico que dizimou áreas férteis, mutilou homens, mulheres e crianças e deixou uma seqüela de deformações genéticas nos vietnamitas.

A preocupação com o fim das armas nucleares é importantíssima, e qualquer país que ameace a segurança do mundo deve ser observado e até punido. Mas com um parâmetro único. Por que os EUA e outros países podem ter armas nucleares e outros não podem? Por que os países que têm armas nucleares não sofrem nenhum tipo de sanção? Por que países com conflitos graves internamente e/ou em suas fronteiras, como Israel e Paquistão, não despertam a mesma preocupação que o Irã? O próton é ideológico? O neutron islâmico é mau e o americano é bonzinho?

A conferência sobre o TNP vai durar um mês e é uma ótima oportunidade para um entendimento digno, de boa-vontade mútua. O discurso de supostas armas de destruição em massa já levou a guerras desnecessárias, provocadas unilateralmente pelo único país que as utilizou, e aumentou a insegurança no mundo.

Fonte: http://www.tijolaco.com/?p=13910

A (des) construção dos candidatos


Do Jornal Hoje, de Belo Horizonte


Tem algo estranho nesta campanha



Há alguma coisa estranha nesta fase da pré-campanha eleitoral. A candidata do PT, Dilma Rousseff, fala uma coisa, e o que vai ao ar é outra. E o que ela não falou vira verdade. Já com o candidato José Serra, do PSDB, acontece o contrário. Ele comete uma gafe, e o que prevalece é a versão maquiada dessa gafe, quando todos correm a acudi-lo. Faz algum tempo, Dilma veio a Belo Horizonte e disse aqui que não via nada de estranho se alguém votasse nela e no governador Antonio Anastasia, até porque ninguém tem o controle do voto do eleitor. Ficou a versão de que Dilma defendeu, em Belo Horizonte, o voto ‘Dilmasia’, uma heresia para os seus críticos. Mas Dilma não defendeu o voto ‘Dilmasia’, brincou com ele e até disse que, talvez, ficasse melhor o ‘Anastadilma’. Uma brincadeira que foi transformada em verdade – e olha que, ao lado dela, estavam dois pretendentes do PT ao Palácio da Liberdade, que, se fosse verdade, seriam os primeiros a reagir.
Pois bem. Neste final de semana passado, o ex-governador José Serra estava em Santa Catarina, numa festa religiosa, e, ao falar sobre o tabagismo, talvez estimulado pelo ambiente, disse que o “fumante é um homem sem Deus”. Ah, pra quê! Antes mesmo que a bobagem dita pelo presidenciável caísse no conhecimento geral, correram todos – os mesmos que crucificaram Dilma – a explicar que não foi bem assim, que o ex-governador foi mal- interpretado e até providenciaram para os arautos mais fiéis uma degravação do que Serra teria dito. Duas bobagens, a rigor, tanto a de Serra como a Dilma, se verdadeiras. Mas aí o que não foi dito ficou como dito, e o que teria sido dito passou como não dito.

Mas tem alguma coisa estranha nisso. No dia 1º de Maio, o presidente Lula compareceu à festa das centrais sindicais, em São Paulo, e lá fez discurso para dizer que o seu sucessor deverá fazer melhor do que ele. A ex-ministra Dilma Rousseff estava do seu lado. Lula não falou o nome dela. Mas foi o bastante para, no mesmo dia, anunciarem que a oposição iria entrar na Justiça contra o presidente Lula por propaganda fora de hora. De fato, a oposição entrou na Justiça, e não só pela suposta propaganda fora de hora, mas alegando também que os sindicatos fizeram uma festa com dinheiro público e que a festa se transformou em palanque eleitoral. Ocorre que, na tal festa religiosa em Santa Catarina, em Camboriú, mais precisamente, o poder público teria também financiado o encontro, porque prefeituras administradas pelo PSDB repassaram dinheiro para a festa que teve o candidato tucano como estrela principal. E ninguém havia piado até o início da noite de ontem, 48 horas depois do encontro, sobre a suposta ilegalidade do candidato tucano.

Mas por aí se vê que está havendo, na pré-corrida presidencial, “dois pesos e duas medidas” para os mesmos fatos. Tudo o que a candidata do PT fala ou faz é alvo de críticas por vezes exacerbadas.

Quanto ao seu oponente, até parece que ele nem existe como tal, dada a lhaneza de tratamento que lhe dispensam os que cobrem a pré-campanha eleitoral. Agora mesmo, já começa a cristalizar na grande mídia a ideia de que tudo o que a candidata Dilma Rousseff faz ou fala é errado. Por esse ângulo, Dilma já deveria desistir da candidatura enquanto é tempo. Até sua visita ao túmulo de Tancredo, que ninguém da família reclamou, até porque o túmulo está disposto à visitação pública, virou pecado mortal. Já falam de suas roupas, da inconveniência das cores que usa, dos modelos inadequados que veste e por aí afora.

Já seu oponente, tão sério quanto ela, tão merecedor de respeito quanto, não teria cometido nenhum erro até agora. Serra, até então visto como um político de pouca habilidade, mudou. Pelo menos na visão dos que costumam escrever sobre ele, Serra agora é um virtuoso. Não erra nunca. Não fala nada extravagante. Pois, sim. Os de boa memória lembram que, no ano passado, foi Serra quem falou, como governador de São Paulo e com a autoridade de ex-ministro da Saúde, que a gripe suína passou para os humanos porque as pessoas chegavam perto dos porquinhos, portadores da gripe, eles espirravam e… pronto, contaminavam os que chegavam perto deles. Inacreditável? Sim, mas eu vi na internet, num blog insuspeito em se tratando de Serra. De forma que ainda há tempo para se tratar Dilma e Serra de forma igual. Até porque são ambos muito parecidos politicamente, por formação.

Postado em 4 de Maio, 2010

(do jornal”Hoje em dia”)

Do blog do Nassif

segunda-feira, 3 de maio de 2010

A hipocrisia dos tucanos


A possibilidade de Dilma Rousseff vencer já no primeiro turno tem deixado os tucanos desorientados. Pois, além dos já declarados eleitores de Dilma existem um número maior daqueles que dizem votar em quem o presidente Lula indicar. Portanto, qualquer aparição do Presidente é vista como propaganda antecipada – é o medo de que o povo comece a cristalizar o seu voto na candidata do Presidente antes do início do pleito.



A estratégia é a do jogo sujo, da baixaria e da tentativa de calar o Presidente. Por isso, segunda-feira, o PSDB de José Serra estará entrando com mais duas representações contra o presidente Lula (até agora já foram 13): uma delas é alegação de que houve uso de recursos públicos nas comemorações do Dia do Trabalhador organizadas pela CUT e pela Força Sindical.



Entretanto, num evento evangélico que José Serra participou no mesmo dia, segundo matéria da Agência Folha, o governo do estado de Santa Catarina e Prefeitura administrados pelo PSDB destinaram R$ 540 mil ao ato. “Onde os pastores trataram o tucano como ‘futuro presidente’ e disseram que fiéis da igreja ‘não só oram como votam’.” (Aqui)



Veja agora o que os tucanos falaram:



“O dinheiro público não aguenta mais desaforos — disse Ricardo Penteado, advogado do PSDB.”



“Para o presidente nacional do partido, senador Sérgio Guerra (PE), o governo tem ignorado a legislação eleitoral recorrentemente e “sem cerimônia”: — Todos têm a convicção de que o limite da lei deve ser respeitado. Se a seis meses da eleição já fazem isso, imagine até onde podem chegar.”



“Na opinião do presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, Demóstenes Torres (DEM – GO), está na hora de o Ministério Público agir também: — Mais uma vez estamos assistindo ao uso do dinheiro público para promover a pré-campanha de Dilma.”(Aqui)



Dessa forma, as críticas dos tucanos cabem perfeitamente aos governos do PSDB. São vômitos de hipócritas desesperados que já perceberam a vitória de Dilma Rousseff – com grandes chances de ser eleita ainda no primeiro turno.