sábado, 22 de maio de 2010

1ª derrota de Marco Maciel no Pernambuco. Humberto Costa desbanca um dos filhotes da ditadura militar


Do blog da Dilma


O povo de Pernambuco não aguenta mais Marco Maciel.Humberto Costa(PT) é o cara.

A pesquisa de intenções de voto em Pernambuco, realizada pelo Instituto Maurício de Nassau, nesta sexta-feira (21) aponta mais uma vez o governador e candidato à reeleição Eduardo Campos (PSB) com ampla vantagem. Na pesquisa estimulada, o socialista apresenta 51% para o socialista e em segundo está o senador Jarbas Vasconcelos (PMDB), com 28%. Edilson Silva (Psol) obteve 1%, Sérgio Xavier (PV) e Jair Pedro (PSTU), ambos ficaram em 0%. Votos em branco ou nulos 9%, não sabe ou não respondeu 10%.

A surpresa está na pesquisa para o Senado em Pernambuco, onde Humberto Costa (PT) ultrapassa Marco Maciel (DEM). O petista obteve 29% das intenções de votos, contra 21% do democrata. Armando Monteiro Neto (PTB) tem 12% e Raul Jungmann (PPS) soma apenas 4%. Votos em branco ou nulos 12%, não sabe ou não respondeu 22%.

No entanto, quando o eleitor é questionado sobre quem votaria para ocupar a segunda vaga de senador, Armando Monteiro lidera com 16% do total. Humberto Costa soma 15%, Marco Maciel 12% e Raul Jungmann 11%. Brancos ou nulos somam 17%. Não sabe ou não respondeu 30%.

Foram realizados 2.445 questionários em 18 municípios de Pernambuco. A margem de erro é de 2,5 pontos percentuais e o nível de confiança é de 95%. A pesquisa foi realizada nos dias 17 e 18 de maio. A pesquisa está registrada no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sob o número 11639/2010 e no Tribunal Regional Eleitoral (TRE) de Pernambuco, com o número 21026-2010.

Presidenciais

O resultado da pesquisa espontânea para presidência da República, aponta Dilma Rousseff (PT), com 50% de intenções de votos. José Serra (PSDB) é citado por 15% dos eleitores e o presidente Lula ainda é lembrado, com 7%. Marina Silva (PV) soma 3% e demais candidatos com percentual abaixo de 1%, somados têm 2%. O total de Brancos e nulos é de 5%; Não sabe ou não respondeu atinge 19%.

Na pesquisa estimulada, a candidatada petista chega aos 55% das intenções de votos. José Serra tem 22% e Marina Silva 5%. Os demais candidatos com percentual abaixo de 1%, somados têm 2%. Branco e nulos, 7%. Total de eleitores que não sabe ou não respondeu é de 10%.

Fonte: Terra

José Serra na encruzilhada

Do Kennedy Alencar, 42 anos, colunista da Folha Online e repórter especial da Folha em Brasília.

Até aqui vinha bem a inteligente estratégia do tucano José Serra de dialogar com o eleitorado lulista. Mas, no meio do caminho, apareceu o Datafolha. A pesquisa presidencial realizada quinta e sexta, dias 20 e 21 de maio, mostrou subida de 7 pontos percentuais de Dilma Rousseff (PT) e queda de cinco pontos de Serra.

Agora, Dilma e Serra estão empatados com 37% de intenção de voto cada um. Na pesquisa anterior, de 15 e 16 de abril, o tucano marcou 42%. A petista, 30%. Numa disputa polarizada, um tira voto diretamente do outro. Marina Silva (PV) se manteve estável, com 12%. A senadora do Acre, por ora, vê o jogo da arquibancada.

Serra deverá refletir sobre sua estratégia eleitoral daqui em diante. É verdade que há uma Copa do Mundo, que a fase decisiva começa com o horário eleitoral gratuito na segunda quinzena de agosto, que ainda tem muita para passar debaixo da ponte.

O tucano pode trilhar dois principais caminhos. Continuar dialogando com o eleitorado lulista. Elogiar o presidente, mas alfinetar a ex-ministra da Casa Civil. E tentar se vender com melhor do que ela para governar o país na propaganda eleitoral de agosto e setembro.

Nessa linha, Serra esperaria mais um erro de Dilma do que realmente um grande acerto seu para vencer a eleição.

Mas também pode optar por uma desconstrução mais incisiva de Dilma. Há tucanos e, sobretudo, aliados do DEM e do PPS que gostariam de uma campanha mais agressiva contra Lula e Dilma. O problema é que Serra não tem como fazer isso sem atacar Lula, que voltou ao índice de popularidade recorde no Datafolha _76% de ótimo/bom.

Nessa trilha, o tucano correria mais risco de cometer erros, de levar o troco e de emagrecer eleitoralmente.

O Datafolha soterrou as análises de que nada aconteceria entre junho e julho por causa da Copa. Em ondas, o eleitorado vai tomando gosto pela eleição, conhecendo os candidatos e fazendo suas escolhas _algumas mais sólidas, outras nem tanto.

Tem muita campanha pela frente, mas sobram indicadores de que a empreitada ficou mais difícil para o ex-governador de São Paulo.

Sustentável ou não?
Evidentemente, a recente propaganda na TV de Dilma com Lula vitaminou a subida da petista. Serra terá a sua vez nas próximas semanas. Uma ressalva: no horário eleitoral gratuito, haverá doses maciças colando Dilma a Lula. Se o programa do PT na semana passada produziu a subida de Dilma e a queda de Serra, a propaganda diária na fase decisiva tende a ser desanimadora para o tucano.

E AGORA JOSÉ?? O DATAFOLHA TEM QUE EXPLICAR


Do blog cidadania / Eduardo Guimarães

A nova sondagem de intenções de voto do instituto de pesquisas do jornal Folha de São Paulo, o Datafolha, prova várias coisas e gera a necessidade de este instituto se explicar, bem como o jornal, pois a pesquisa mostra que Datafolha e Ibope sempre estiveram errados ao tentarem várias vezes, desde o início do ano, “abrir a boca do jacaré”.

Os reiterados “erros” de Ibope e Datafolha neste ano estão claros. Veja gráfico acima.

Notem que os distúrbios na linha de tempo formada pelas datas das pesquisas dos quatro institutos objetos da representação do Movimento dos Sem Mídia à Justiça Eleitoral aconteceram sempre por ação do Datafolha e do Ibope, que acabam sempre tendo que se ajustar ao Vox Populi e ao Sensus.

Desta maneira, torna-se hilária a explicação previsível que a Folha de São Paulo deu para a pesquisa que publica neste sábado, que mostra empate literal de Dilma e Serra (ambos com 37%).Dizer que tal resultado se deve ao programa eleitoral do PT, à luz do gráfico acima se torna completamente sem sentido.

Todas as suspeições que a Folha, o resto da grande mídia, os “espertíssimos” analistas midiáticos e esse bando de lunáticos que freqüenta blogs de Esgoto e da mídia corporativa levantaram sobre o Vox Populi e o Sensus, e agora fica claro quem tinha razão.

Ou alguém acha que um único programa eleitoral rendeu a Dilma superação de uma diferença de 12 pontos que a separava de Serra no último Datafolha ? Ou alguém nega que Datafolha e Ibope sempre têm que ir ajustando as margens do tucano e da petista para baixo e para cima, respectivamente, acompanhando os institutos concorrentes?

Fica cada vez mais claro o indício de que as pesquisas Datafolha e Ibope podem ter sofrido manipulações antes e que, inclusive, podem estar sofrendo manipulação agora, porque os outros institutos mostram que Dilma já passou Serra, de maneira que o Datafolha pode estar “errando” de novo, através da providencial “margem de erro”.

O pais, a Justiça Eleitoral e a Polícia Federal aguardam, ansiosamente, as explicações do Datafolha, que terão que ser dadas cedo ou tarde.

Comentário do Nassif sobre a nova pesquisa Datafolha

Comentário do Luis Nassif

A famosa pesquisa não programada do Datafolha, que saiu na data crucial de dois dias antes da convenção do PSDB que escolheu Serra, deu 10 pontos de vantagem para o candidato, atropelando a tendência que de redução da diferença que se manifestava em todas as pesquisas dos demais institutos, inclusive a pesquisa anterior do Datafolha.

A explicação do Mauro Paulino foi que o fato novo era o fim das enchentes em São Paulo, que melhorara a performance do Serra… no Rio Grande do Sul.

Depois veio o lançamento da candidatura de Serra com todo alarde na TV, rádios e jornais, direito a espaço nobre no Jornal Nacional, com muito mais impacto do que qualquer horário gratuito. A pesquisa seguinte do Datafolha, uma semana depois, mostrou Serra estacionado em relação à pesquisa anterior.

Agora, Dilma tira de uma vez a diferença. A explicação é que tudo isso se deveu ao programa gratuito do PT que, de uma penada só tirou toda a diferença.

Enquanto isto, Sensus e Vox Populi mostravam o crescimento contínuo da candidatura de Dilma, como fruto de um processo natural de identificação dela como candidata de Lula. Sensus foi avo de uma campanha de destruição de reputação, por parte da Folha, que só cessou pelo trabalho de denúncia da blogosfera.

Agora, o Datafolha alcança tardiamente os resultados dos dois institutos mineiros. Ora, as duas pesquisas mineiras, feitas antes do horário gratuito (a do Vox pegando apenas o dia seguinte), mostravam empate técnico com Dilma na frente.

A iniciativa do Eduardo Guimarães, de exigir auditoria em pesquisas eleitorais, foi um marco da sociedade civil e certamente terá papel decisivo para o fim do uso das pesquisas para fins partidários

O Datafolha fez o ajuste: Dilma sobe e empata com Serra


Da folha online


Dilma sobe 7 pontos e empata com Serra, aponta Datafolha – 22/05/2010
Tucano cai 5 pontos desde levantamento de abril e ambos aparecem com 37%

Petista atinge melhor marca na série do instituto, lidera na espontânea e também registra empate no 2″ turno; Marina se mantém com 12 .

A pré-candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, atingiu sua melhor marca até hoje numa pesquisa Datafolha e está empatada com José Serra (PSDB). Ambos estão com 37%. O levantamento foi realizado ontem e anteontem com 2.660 entrevistas.

A margem de erro é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos. Marina Silva (PV) aparece com 12%. Os que votam em branco, nulo ou em nenhum somam 5%. Indecisos são 9%. Na comparação com a última pesquisa Datafolha, realizada em 15 e 16 de abril, Dilma teve uma alta de sete pontos percentuais -de 30% para 37%. Já Serra caiu cinco pontos, saindo de 42% para os mesmos 37%.

Essa é a primeira vez que ambos aparecem empatados no Datafolha, que traz outros números positivos para a petista

sexta-feira, 21 de maio de 2010

Antes de acordo, Obama disse a Lula que tratado nuclear com Irã criaria confiança

Da Agencia Reuters

Do site do bol


Menos de duas semanas antes do acordo nuclear entre Brasil, Turquia e Irã, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, afirmou em uma carta ao brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva que o acerto da troca de combustível nuclear com Irã criaria confiança no mundo. Um dia após o acordo, os EUA receberam com ceticismo o acordo, contrariaram os pedidos brasileiros e apresentaram uma resolução por sanções ao Irã na ONU.

A agência de notícias Reuters recebeu trechos do documento, enviado há 15 dias. Nela, Obama retoma os termos do acordo que o Grupo de Viena havia proposto no ano passado, cujos principais elementos constam no acerto entre Brasil, Turquia e Irã –como o próprio Lula ressaltou.

“Do nosso ponto de vista, uma decisão do Irã de enviar 1.200 quilos de urânio de baixo enriquecimento para fora do país geraria confiança e diminuiria as tensões regionais por meio da redução do estoque iraniano” de urânio levemente enriquecido, diz Obama. Clique aqui


Palocci desiste de candidatura para atuar na eleição de Dilma

Da Agência Reuters,
O ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci desistiu de concorrer a um novo mandato de deputado federal pelo PT nas eleições deste ano.
Palocci, deputado por São Paulo, optou por se dedicar integralmente à campanha à Presidência da pré-candidata Dilma Rousseff (PT), da qual já é coordenador, segundo informação de um parlamentar do partido.

Nesta sexta-feira, Palocci acompanha Dilma em Nova York, onde a petista fez palestra e conversou com investidores norte-americanos.

Ministro da Fazenda do presidente Luiz Inácio Lula da Silva entre janeiro de 2003 e março de 2006, Palocci está no segundo mandato de deputado federal. Ele deixou o ministério sob escândalo que envolveu a quebra do sigilo bancário de um caseiro.

Francenildo dos Santos Costa relatou à imprensa que Palocci encontrava-se com lobbistas em uma casa de Brasília, suposto local de distribuição de dinheiro e festas privadas. Em agosto do ano passado, no entanto, o Supremo Tribunal Federal (STF) arquivou a denúncia sobre suposta participação de Palocci no episódio da quebra do sigilo bancário de Francenildo dos Santos Costa.

(Reportagem de Carmen Munari)

Bolsa de Família é porta de entrada para o Mercado de Trabalho

Do Portal IG
Empresa abre porta de saída do Bolsa Família
Parceria entre construtora Odebrecht e o governo federal já treinou 8,3 mil beneficiários do programa
Gustavo Poloni, enviado especial a Porto Velho

Em outubro do ano passado, Laudinéia Queiroz matriculou-se no Acreditar, programa de capacitação profissional da construtora Odebrecht. Depois de quatro meses desempregada, queria trabalhar como zeladora na construção da usina de Santo Antônio, no rio Madeira, em Porto Velho. Aos 30 anos, a ex-doméstica se formou e disputou a vaga com 40 candidatos. Para ganhar o emprego, valeu-se de um diferencial inusitado: uma carteirinha do Bolsa Família. A vantagem de Laudinéia no processo seletivo surgiu de um acordo assinado no início do ano passado entre a Odebrecht e o Ministério do Desenvolvimento Social (MDS).De acordo com ele, os beneficiários do programa de transferência de renda têm prioridade para fazer matrícula em cursos profissionalizantes e na contratação de novos funcionários. Pouco mais de um ano depois de entrar em vigor, a parceria foi levada para nove obras da Odebrecht e já formou mais de 8,3 mil beneficiários do Bolsa Família, sendo que mil deles foram contratados pela construtora. Agora, o governo federal quer usar o projeto como modelo a ser replicado em outras empresas, como a Vale e a CSN. “A iniciativa é boa”, disse Marcelo Neri, economista da Fundação Getúlio Vargas (FGV). “Alguns chamam de porta de saída do Bolsa Família, mas prefiro falar em porta de entrada para o mercado de trabalho”.
Clique aqui

Nunca antes visto na história do Brasil

Do portal IG

Falta de mão de obra deixa vagas em aberto no País

Quase dois terços dos empregadores brasileiros encontram dificuldades de encontrar pessoas qualificadas para preencher cargos disponíveis, segundo pesquisa realizada pela consultoria internacional de recursos humanos Manpower. Segundo o levantamento, que ouviu mais de 35 mil empregadores em 36 países, a escassez de mão de obra qualificada no Brasil só não é maior do que a no Japão.

Entre os empresários brasileiros, 64% disseram ter dificuldades para preencher suas vagas com profissionais qualificados. No Japão, esse percentual foi de 76%. Na média dos 36 países pesquisados, 31% dos empregadores disseram ter dificuldades em encontrar profissionais qualificados.

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Paulo Nogueira e o macartismo da Folha

Do blog do Miro

Limpeza ideológica na Folha da Direita

Preparando-se para a guerra eleitoral, a mídia demotucano já iniciou a “limpeza ideológica” nas suas redações. Na semana passada, o Grupo Abriu demitiu o editor da National Geographic do Brasil, Felipe Milanez, que criticou no seu twitter as distorções grosseiras da revista Veja. Agora, é a Folha de S.Paulo que dispensa o economista Paulo Nogueira Batista Junior, atual diretor do Brasil no FMI e um dos poucos colunistas que ainda justifica a leitura deste pasquim golpista.

O argumento usado é risível. A famíglia Frias alegou que “sua coluna é das mais longevas”, só não explicou porque outros antigos colunistas nunca foram molestados. Paulo Nogueira sempre foi um ácido crítico das políticas neoliberais de desmonte do Estado e da nação. Ele nunca deu tréguas aos tucanos colonizados, com seu “complexo de vira-lata”. Na luta de idéias em curso na batalha eleitoral, o economista seria um estorvo para José Serra, o candidato do Grupo Folha.


Relembrando as perseguições de 2006

Para disfarçar a sua política macartista de “caça às bruxas”, a Folha anunciou um novo plantel de colunistas, que inclui o Antonio Palocci. Com isso, ela tenta preservar a falsa imagem de “jornal pluralista”. Mas, como ironiza o jornalista Paulo Henrique Amorim, a jogada é rasteira. “Antônio Malloci, ex-ministro da Fazenda, como se sabe é um notável tucano que eventualmente milita no PT. Paulo Nogueira Batista Junior era um dos últimos vestígios de talento que a Folha exibia… A Folha, com um novo conjunto de ‘colonistas’, aproxima-se cada vez mais da treva sem fim”.

O clima de perseguição ideológica nas redações da mídia “privada” não é novidade. Na sucessão presidencial de 2006, ele também produziu suas vítimas, entre elas o jornalista Rodrigo Vianna, que não aceitou as baixarias da TV Globo na cobertura da campanha. Franklin Martins e Tereza Cruvinel também sentiram o ódio do “senhor das trevas” das Organizações Globo, Ali Kamel. Nos jornais e revistas, a perseguição fascistóide silenciou vários outros jornalistas.


A quem serve a liberdade de expressão?

Como afirma o professor Venício A. de Lima, estes episódios revelam “a hipocrisia geral que envolve as posições públicas dos donos da mídia sobre liberdade de expressão e liberdade de imprensa… As relações de trabalho nas redações brasileiras, é sabido, são hierárquicas e autoritárias. Jornalistas e editores são considerados, pelos patrões, como ocupando ‘cargos de confiança’ e devedores de lealdade incondicional”. Caso tentem manter a ética no seu trabalho jornalístico, eles são demitidos sumariamente.

Com a aproximação da eleição presidencial de outubro, o clima tende a se deteriorar ainda mais nas redações, comprovando a falsidade do discurso dos donos da mídia e das suas entidades – como Abert, Aner e ANJ – sobre a “ameaça autoritária” do governo Lula contra a liberdade de imprensa. “Episódios como este nos obrigam a perguntar, uma vez mais, para quem é a liberdade de expressão que a grande mídia defende?”, conclui o professor Venício A. de Lima.

Serra e Alckmin, Alckmin e Serra

Do Valor

Maria Inês Nassif

20/05/2010

Partido de poder interno altamente concentrado, o PSDB paulista, quando domina a política estadual, acaba definindo também uma reserva de poder para poucos.

Desde 1994, o PSDB ocupa o governo do Estado de São Paulo. No período Mário Covas (1995-2001), o partido ainda fez novas lideranças, mesmo com as dificuldade que decorriam do perfil centralizador do governador e, sobretudo, do domínio exercido pelo então presidente Fernando Henrique Cardoso, de José Serra e Covas sobre o PSDB do Estado, e do mesmo grupo sobre o PSDB nacional.

Geraldo Alckmin, vice de Covas- que assumiu o governo após a sua morte, em 2001 – era uma nova liderança nessa época. E impôs-se devido a sua influência no interior. Organizou o partido no Estado, na sua fundação, e foi o articulador do governo Covas junto a prefeituras. Não tinha a projeção nacional dos outros líderes paulistas, mas dispunha de votos na convenção e do eleitor do interior do Estado.

Alckmin nunca foi considerado, pelos poucos que dominam a política nacional do PSDB, como um deles. Mas ascendeu ao grupo que monopoliza o poder partidário no Estado onde o PSDB é hegemônico por trabalho pessoal – e, pelo menos no início, pelo apoio de Covas. E desde 2002 se reveza com Serra nas disputas majoritárias do partido em São Paulo.

Nas eleições de 2002, vencidas pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Serra foi o candidato a presidente. Perdeu. Naquele ano Alckmin disputou, e levou, o governo do Estado de São Paulo no que se configuraria uma reeleição, já que, como vice de Covas, assumiu o governo em 2001. Em 2004, sem brigas internas, já que Alckmin era o governador, Serra candidatou-se à prefeitura de São Paulo e levou.

Em 2006, a disputa interna de poder do PSDB estadual transbordou para o partido nacional: Alckmin, já de saída do governo, acabou vencendo a queda-de-braço contra Serra para ser o candidato a presidente da República. Perdeu nas urnas. Serra ganhou o governo do Estado já no primeiro turno.

Nas eleições municipais de 2008, sem mandado, Alckmin comprou uma briga com o grupo de Serra para ser candidato a prefeito da capital. Serra preferia honrar o acordo com o DEM e apoiar a candidatura de Gilberto Kassab, seu vice na prefeitura, que ascendeu a prefeito quando Serra venceu a disputa pelo governo – já era um preparativo de uma aliança partidária para as eleições presidenciais deste ano.

Alckmin perdeu para Kassab. Sem mandato, foi abrigado no governo de Serra. Será o candidato a governador em outubro, quando Serra disputar a Presidência. O que pode parecer uma composição, todavia, foi uma reedição de antigas disputas internas. Serra apostou até a última hora em alguém de seu grupo – nos bastidores, era forte o trabalho do grupo serrista em favor do postulante Aloysio Nunes. Alckmin ganhou a briga porque é incontestável sua popularidade no Estado, conferida pela votação no interior. As pesquisas de opinião atribuem a Alckmin índices superiores de intenção de voto, para o governo, do que a Serra, para presidente, no Estado. Todavia, o grupo de Serra bloqueou a postulação do deputado José Aníbal, que se aliou à facção alckmista, ao Senado. Na queda-de-braço, já que dificilmente as disputas do PSDB chegam a uma convenção partidária, o ex-secretário Aloysio Nunes ganhou a legenda para disputar o Senado.

O grupo de Alckmin – que não botou a cabeça para fora nessa briga – tinha preferências inconfessáveis pela candidatura de Aécio Neves à Presidência. Deslocar do grupo rival o poder nacional seria muito útil para reduzir o poder do grupo de Serra, que ficou enorme no período em que este ocupou o governo do Estado.

Alckmin tem grandes chances de vencer o governo do Estado de São Paulo. Isso dá fôlego a ele na briga pela disputa estadual, mas dificilmente confere projeção nacional ao ex-governador. Existe um bloqueio ao ingresso de Alckmin no círculo de poder nacional. Mas ele, de qualquer forma, terá o poder de desalojar o grupo de Serra da máquina estadual.

O domínio do poder estadual por poucas personalidades não é uma prerrogativa do PSDB paulista. Todavia, o fato de, a tantos anos, revezarem-se nas eleições majoritárias dois únicos personagens de um mesmo partido, torna similar a política do Estado considerado o mais moderno da Federação à política tradicional que foi tão duramente combatida nos Estados mais pobres por setores mais progressistas – o PSDB na sua fundação esteve incluído nessa luta política contra o domínio de poucas personalidades na política estadual.

A renovação da política partidária, por irônica que seja essa realidade, tem acontecido, na última década, nos Estados mais pobres. No Legislativo, onde essa alternância acontece de forma mais rápida, devido ao número maior de quadros eleitos em cada eleição, é visível um esvaziamento do poder dos representantes paulistas. Da mesma forma, os novos quadros que aparecem no noticiário nacional, de qualquer partido, tendem a vir de fora de São Paulo.

No Estado, todavia, o bloqueio ao acesso de novas lideranças, provocado especialmente pela disputa interna de um partido que domina os cargos executivos há 16 anos, dificulta o arejamento. É o domínio de poucas pessoas no partido que domina a política estadual. Não adianta culpar o eleitor por isso: é o partido que define o acesso de políticos à legenda para disputar a eleição. A dinâmica partidária do PSDB, fortemente bloqueada pelo excesso de poder nas mãos de poucos, acaba trazendo apenas os poucos que têm poder interno à submissão do eleitor.

Maria Inês Nassif é repórter especial de Política. Escreve às quintas-feiras

quarta-feira, 19 de maio de 2010

Análise detalhada da situação de Minas Gerais, segundo pesquisa Vox Populi

Do Blog Óleo do diabo

Já li muitos analistas dizerem que as eleições presidenciais serão decididas em Minas. Não concordo. Essa afirmação parte sempre de gente ligada a Serra, confiantes de que a força política de Aécio Neves pode trazer uma avassaladora vitória aos tucanos no estado. Eles sabem que vão perder feio no Nordeste, então apostam num resultado extraordinário em Minas e São Paulo.

Os eleitores, porém, não parecem muito entusiasmados com essas diretrizes. Ao contrário, a força de Aécio está se esgarçando no estado após sua saída do governo. Dilma cresceu fortemente, e já supera Serra nas pesquisas espontâneas e na avaliação positiva. Anastasia, vice de Aécio e agora candidato ao governo, patina graciosamente enquanto Hélio Costa, aliado de Dilma, assume a liderança isolada.

Sei não, acho que os tucanos não estão se adaptando bem às montanhas…

Ah, a íntegra, de onde eu tirei todas essas tabelas, está aqui. Ressalvo ainda que tive um trabalho hercúleo para simplificar graficamente todas as tabelas, que eram muito espaçadas e ficariam pequenas demais se publicadas sem essa intervenção. Lembro também que eu fiz uma análise parecida dos números do Vox Populi para o cenário nacional.

Vamos lá.

3 – INTENÇÃO DE VOTO ESTIMULADA
3.1 – CENÁRIO 1
Se a eleição para Presidente fosse hoje, e os candidatos fossem estes em quem você votaria?

Dilma empatou com Serra em Minas Gerais na estimulada, 3 pontos atrás. Mas o conjunto da pesquisa dá forte vantagem à petista. Ela tem imagem mais positiva que seu adversário e lidera na espontânea, mesmo sendo bem menos conhecida que Serra.




Precisamos de um PT mais aguerrido


O preço da capitulação mental


Por Brizola Neto


O TSE acaba de tomar duas decisões. A primeira de, contrariando o voto do relator, multar o instituto Sensus por corrigir um erro no registro de uma pesquisa – a anterior, onde Dilma ainda aparecia ligeiramente atrás de Serra, criminosamente atacada pelo PSDB, que chegou a divulgar distribuição mentirosa das entrevistas e, depois, disse que tinha se confundido com pesquisas e dado informações erradas à imprensa. A outra, a de multar o Presidente Lula por, em um evento do qual participou, ter dito que não podia dizer o nome de quem apoiava, mas que todos o sabiam.

A eleição foi, definitivamente, judicializada. Suas Excelências – e sei que me exponho falando isso – estão exercendo o seu dever com um rigorismo formal que, infelizmente, não têm diante de outras forças, que influenciam de maneira muito mais perversa e camuflada o processo eleitoral.

Se a mídia não pode ser compelida a ser equânime e equilibrada em sua cobertura além de um certo ponto – e com isso concordo, para que não ressuscitemos o fantasma da censura – também não o podem ser, além do razoável, os demais agentes públicos e privados.

O TSE vem de absolver o PSDB do uso de um site em que detrata, inclusive graficamente, o Presidente da República.. O Presidente, porém, deve ficar quieto, sob pena de multa. A alegação de que o site do PSDB não pedia votos para Serra se desmancha diante das ligações daquele com outros sites onde o faz.

Mas parte deste problema está na postura do PT, lamento dizer.

Seus dirigentes estão cheios de punhos de renda. Hoje ainda li declarações do presidente José Eduardo Dutra que deram toda margem a serem interpretadas, como foram, de que a eleição seguirá “empatada” até julho? De onde o presidente tirou esta afirmação? Em dois institutos de pesquisa, Dilma não só já passou a frente como continua em trajetória de alta.Em condições normais, com o crescimento da informação pública de que é ela a candidata de Lula – é só olhar os detalhes das pesquisas – seu crescimento se acentuará.

Mas, como o PT – salvo honrosas exceções – não briga, não luta, não combate, para cada 20 ou 30 ações judiciais tucanas há uma em favor da pré-candidata Dilma Roussef.

O PSDB usou, em seu programa eleitoral de dezembro, 85% do tempo promovendo José Serra e Aécio Neves. O PT não os acionou. O Datafolha distorce e modifica em suas pesquisas, de forma evidente, a amostra que ele próprio registrou no TSE e nada acontece. O nosso comentarista Rafael Lima Silva, faz pouco, comentou que assistiu a inserções de propaganda do DEM com a presença de Serra (o que é expressamente vedado pela lei 9.096, em seu Art. 45, &1°, inc.I).

Poderia listar dúzias de situações. Até mesmo o descumprimento da lei 12.034, de setembro de 2009, que obriga a que do tempo dos programas partidários haja, ao menos, 10% dedicado à participação feminina (alterando o art. 45 da Lei 9.096 e determinando que compete aos programas partidários “promover e difundir a participação política feminina, dedicando às mulheres o tempo que será fixado pelo órgão nacional de direção partidária, observado o mínimo de 10% (dez por cento).”

Mas, não. Salvo alguns bons (graças a Deus, nem tão poucos) companheiros, que têm sangue nas guelras, há os que miam.Há os que dão a batalha como ganha e pensam apenas no lugar que lhes caberá na vitória na qual não expõem o peito.

Acham que Lula, e só o Lula, irá dar-lhes a vitória.

É verdade que temos um grande general, que está se arriscando pessoalmente. Vocês imaginam que um homem que não tivesse grande coragem pessoal se exponha, como o faz Lula, seja no processo eleitoral, seja no desempenho de suas funções presidenciais, como fez, agora, contra tudo e contra todos, inclusive contra a maior potência mundial, no caso do Irã.

Qualquer marqueteiro de meia-tigela teria dito: presidente, o senhor tem quase 80% de popularidade, esta história de Irã não vai lhe dar nem um por cento a mais, mas pode faze-lo perder muito, muito mais”.pensem, e vejam se não é verdade. Mas Lula cumpriu seu dever, expôs-se e saiu engrandecido, como o Brasil e, principalmente, o seu povo saiu mais informado e lúcido sobre questões que um país que era um “gigante-anão” no mundo jamais teve coragem de abordar.

Lula tem a nós, que somos soldados de um combate por nosso povo. Dele, não quero nada, senão que seja o que é, o símbolo de um povo que é capaz de tomar o futuro em suas mãos.

Mas temos um “meio campo” preguiçoso, aburguesado, acomodado.

Se estes não combaterem, tudo ficará a cargo do general e dos soldados. Se ele não fustigar, não agir, não oferecer resposta a cada ação do inimigo, tudo nos será mais pesado. Eles acreditam em contos de fada, idílicos. Nós, que nada temos do Estado, senão o poder que ele encarna de fazer-nos uma Nação, sabemos que a diferença entre vitória e derrota se conta em crianças sem futuro, em homens e mulheres desesperançados, em riquezas que se vão para nunca mais, em não sermos nós mesmos.

Mas não nos será impossível, nem nos amedrontará. Vimos a face da esperança, e ela se gravou em nossas almas e existências.

Jogamos aqui muito mais que nossas vidas, jogamos aqui o nosso destino como povo e como país.

Deus queira que possamos fazer esta luta com serenidade apaixonada. Mas se a tivermos de fazer, por falta de meios, com a fúria da paixão, aquela que fez Cristo brandir o chicote contra os vendilhões do tempo, a faremos, que não se enganem.

Não somos liberais, muito menos neoliberais. Somos abandeirados, temos uma causa e um dever.

E ele será cumprido.


Michel Temer será o vice na chapa de Dilma Roussef

A Executiva do PMDB decidiu nesta terça-feira (18) indicar o presidente da Câmara e do partido, Michel Temer (SP), para o cargo de candidato a vice-presidente na chapa encabeçada pela petista Dilma Rousseff (RS). O anúncio foi feito pelo líder do governo no Senado, Romero Jucá (RR).

“O presidente Michel Temer é praticamente uma unanimidade. Tem muito poucas vozes dissonantes. A decisão foi unânime na Executiva. Ele representa a unidade do PMDB e vai representar a todos nós na chapa da Dilma”, afirmou Jucá.

A convenção nacional para oficializar a aliança com o PT e referendar Temer como vice será realizada em 12 de junho, em Brasília. Do dia 15 ao dia 30 de junho o PMDB realizará as convenções estaduais para definir as alianças regionais.

Nesta manhã, após Jucá fazer o anúncio, Temer falou com a imprensa e destacou que a decisão precisa ainda ser referendada pela convenção. “É claro que eu fico muito entusiasmado com essa hipótese. Entusiasmado, mas com muita cautela. Estamos com toda a cautela nessa questão, vamos unir o PMDB para levar a uma campanha naturalmente vitoriosa”.

Apesar da cautela, Temer afirmou que pretende viajar pelo país em campanha desde já. Afirmou ainda que será um vice “discreto”, se eleito. Disse também que poderá conciliar a campanha e a presidência da Câmara até as eleições.

Sobre palanques regionais, o presidente do PMDB disse acreditar que todos os problemas estarão solucionados até a data da convenção nacional. (G1)


Diário do Pará

Dilma Rousseff dá uma aula de política fiscal à Miriam Leitão

Por Alexandre Porto – Blog de Ale

Miriam Leitão - A grande dúvida a respeito da senhora é que nunca demonstrou, durante o período em que estava mais exposta na vida pública, apoiar políticas que garantiram a estabilidade da moeda, por exemplo, controle de gastos. Quando os seus colegas de partido, Antonio Palocci e Paulo Bernardo propuseram reduzir e zerar o déficit público, a senhora considerou a ideia rudimentar. E eles estavam certo. Tanto estavam certo que, de lá para cá, a dívida pública bruta subiu de R$ 1,2 trilhão para R$ 2,2 trilhões. Agora, a senhora tem defendido estabilidade da moeda, tem defendido políticas restritivas fiscais e monetárias. Quando é que a senhora mudou de ideia, que eu perdi essa parte?


Dilma Rousseff – Ô, Miriam, deixa eu te falar uma coisa. A nossa visão naquela época, de ajuste de longo prazo, ela ainda não estava completa. A questão do ajuste fiscal de longo prazo é algo que você constrói, porque implica, inclusive, relações complexas intertemporais. Exemplo: nós mantivemos sempre a trajetória e perseguimos isso. Aliás, eu queria te esclarecer, eu sou integrante, fui aliás, desculpe, da junta orçamentária. Todos os cortes de gastos aprovados por esse governo, em 2005, 2006, 2007, 2008 e 2009, e início de 2010, foram aprovados com meu acordo. Todos os superávits primários e as metas de superávit primário foram aprovadas com o meu acordo. Aliás, o Programa de Aceleração do Crescimento mostra, da nossa parte, uma maturidade maior, porque eu não posso prever um plano de ajuste fiscal de longo prazo em que o PIB começa mais alto e acaba mais baixo. É o inverso, eu tenho de prever um plano de ajuste fiscal de longo prazo em que o PIB começa mais baixo e passa para um patamar mais alto. O próprio plano de ajuste fiscal é um fator de elevação do nível de crescimento da economia.

[Aqui a ministra está dizendo que não se pode fazer ajuste fiscal constrangendo o investimento e o crescimento. Ao contrário, o ajuste deve vir como consequência do crescimento, do incentivo ao crescimento.]

ML – Ministra, deixa eu interromper, porque a minha pergunta não está sendo respondida.

DR – Eu estou tentando, viu, Miriam, estou fazendo o melhor dos meus esforços para te responder. Então, no caso do PAC, por exemplo, nós trabalhamos com metas de superávit primário, de queda do déficit nominal e de taxa de juro. Tanto é assim que foi só porque o valor do PAC, vamos supor, o primeiro valor, R$ 500 bilhões e pouco, era consistente com essa trajetória que a gente queria de queda do endividamento, e você a de convir comigo, o único governo nos últimos anos que perseguiu queda sistemática do endividamento foi o governo do presidente Lula.

ML – Ministra, os números mostram o contrário. A dívida pública cresceu, ministra.

DR – Você está falando a bruta, né, Miriam?

[Só na cabeça da Miriam a dívida Bruta é a mais importante que a líquida. E como se verá a seguir, não há truques contábeis, mas diferentes interpretações sobre o papel da capitalização do BNDES. A política fiscal está tão 'descuidada' que o Risco País continua caindo. Quem será que está errando? Truques contábeis é ela se referir ao valor nominal da dívida e não sua relação com o PIB.]


ML – A bruta, que é a mais importante, até porque na líquida tem alguns truques contábeis.

DR – Então, vamos discutir porque a dívida bruta cresceu.

ML – Mas deixa eu terminar a minha pergunta. Pelo contrário, o governo Lula, a partir do momento em que a senhora assume e a partir do momento em que o ministro Palocci sai, começa a aumentar muito os gastos públicos. Então, a minha pergunta é o seguinte: a senhora estava errada quando atropelou a proposta do ministro Palocci?

DR – Me desculpa, Míriam, você está falando uma coisa que não é correta.

ML – O que não é correto?

DR – No momento em que nós fizemos o maior superávit primário, tão grande que nós pudemos construir o fundo soberano, foi em 2008. Você está equivocada no que se refere a números. Além disso, Miriam, vou te falar uma coisa. Você falou em dívida bruta. Você sabe por que que a nossa dívida bruta cresceu? A dívida líquida você concorda que é cadente.

[E mais. Foi na gestão Dilma e Mantega que o Brasil elevou as reservas aos níveis que nos garantiram passar pela crise internacional com soberania. Fruto, é claro, do trabalho iniciado por Palocci e Henrique Meirelles, mas dizer que a política fiscal foi deixada de lado com Dilma na Casa Civil, é uma afirmação que não tem base real. ]

ML – Ela aumentou recentemente também.

DR – Fizemos um pequeno desvio diante da crise, muito necessário para a gente poder sair da crise sem grandes conseqüências. Aliás, o Brasil tem um dos menores déficits nominais e uma das menores dívidas/PIB.

[A dívida líquida aumentou em 2009, mas já retomou seu ritmo de queda em 2010, mesmo com algumas desonerações ainda em curso. ]

ML – A senhora estava errada quando atropelou a proposta do ministro Palocci?

DR – Miriam, me desculpa, eu acho que você está errada no conceito. Não houve essa questão. Temos perseguido e cada vez mais aprimorado nossa política de ajuste de longo prazo. Tanto é assim que, no caso da dívida bruta, as razões pelas quais ela cresce são o fato de a gente ter construído 250 bilhões de dólares de reserva. E você sabe tão bem quanto eu: se eu quiser diminuir a dívida, eu posso. As reservas têm liquidez imediata, o BC liberou R$ 100 bilhões para os bancos, diante da crise, e agora já está voltando a recompor o compulsório. Por último, transferimos R$ 180 bilhões para o BNDES, um pouco menos do que isso, a título de garantir empréstimo e investimento de longo prazo, impedir que as empresas brasileiras tivessem um enorme choque de crédito. Portanto, não se pode discutir dívida bruta no Brasil sem dizer porque ela aconteceu. Senão, é como a gente lançar plumas ao vento. Eu digo: olha, a dívida bruta subiu e não digo, por exemplo, ela é completamente diferente da dívida bruta da Grécia, que está quebrando. Nós não estamos quebrando, pelo contrário. Estamos cada dia mais robustos.



[Dívida líquida é a diferença entre o que o país deve (dívida bruta) e o que tem a receber mais as reservas. Os tais truques contábeis, citados na pergunta anterior, se baseiam na tese mercadista segundo a qual a capitaização de um banco de investimento, no caso o BNDES, deve ser computado como dívida líquida e não apenas como dívida bruta. Essa tese não leva em consideração que o banco não só tem retorno dos financiamentos que faz ao setor privado, como tem lucro. O índice de inadimplência do BNDES é muito baixo para ser considerado uma capitalização de risco. Risco seria deixar os investidores com projetos sem financiamento.]

Você está pegando uma discussão de 2005. Que era a seguinte: como faremos? Sabe como fizemos, Miriam? Colocamos o investimento na ordem do dia, mantivemos talvez nessa trajetória até 2008 a maior queda nos últimos tempos na dívida líquida/PIB e no déficit nominal. Fomos interrompidos pela crise? Fomos. Saímos de um patamar de 3,6% ou 3,3% do superávit primário, e só fizemos 2,1%. Este ano, estamos recompondo o superávit primário. A mesma coisa houve com o déficit nominal. Estávamos numa trajetória de queda no endividamento, mas sobretudo, eu acho que a grande conquista fiscal do Brasil foi desindexar a dívida interna brasileira das moedas externas, o que foi altamente relevante. Você há de convir que país nenhum tem margem de manobra fiscal se não é capaz de ter a sua gestão internacional, em termos de dívida, de endividamento, sem o dedo do Fundo Monetário. E isso, nós conseguimos.

terça-feira, 18 de maio de 2010

Mais denúncias contra o senador Efraim Morais (DEM)


Do G1

Polícia Federal recebe acusação contra senador Efraim Morais


Parlamentar do DEM-PB é suspeito de contratar funcionários fantasmas.
Irmãs recebiam R$ 100, mas folha do parlamentar aponta R$ 3,8 mil.

O senador Efraim Morais (DEM-PB) foi denunciado à Polícia Federal por suspeita de contratação de funcionários fantasmas. A acusação, feitas por duas jovens de Brasília, também já chegou à Presidência do Senado. O senador não quis conversar com a reportagem do Jornal Nacional sobre o assunto.

A denúncia foi feita pelas irmãs Kelriany e Kelly Nascimento da Silva. Ambas não tinham emprego fixo, mas recebiam o que acreditavam ser uma bolsa de estudos de R$ 100 que duas amigas teriam conseguido junto à Universidade de Brasília (UnB). Para isso, elas assinaram procurações que iriam para a universidade.

“ Ela pediu nossos documentos, autorização para abrir conta no banco e depois ela falou que ia passar o número da conta e o cartão para gente, para podermos estar recebendo esse auxílio. Aí o tempo foi passando, e elas traziam pra gente até em casa a quantia” contou Kelriany.

A descoberta foi feita no mês passado, quando Kelriany conseguiu um emprego e foi ao banco abrir uma conta. Só neste dia a estudante descobriu que ela e a irmã já tinham contas correntes, e estavam empregadas no gabinete do senador Efraim Moraes (DEM-PB). O salário de cada uma das irmã era de R$ 3,8 mil.

“Nunca imaginei que eu poderia ser uma funcionária fantasma. Nunca me passou pela cabeça”, disse Kelly.

Nos documentos que entregaram à Polícia Civil, as irmãs aparecem na relação de funcionários do gabinete do senador. Uma das amigas que pediu a procuração é Mônica da Conceição Bicalho, que trabalha para o senador. O parlamentar não quis conversar com a equipe do Jornal Nacional. Mônica declarou que as duas irmãs prestavam serviço ao gabinete, e que o senador não tinham conhecimento das irregularidades.

Em 2008, ele teve de demitir seus parentes do gabinete devido a uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) em relação ao nepotismo. No mesmo ano, surgiram denúncias de que ele estaria envolvido com fraudes nas licitações do Senado para contratação de empresas terceirizadas. O parlamentar acabou inocentado na investigação da Corregedoria da Casa.

http://g1.globo.com/politica/noticia/2010/05/policia-federal-recebe-denuncia-contra-senador-efraim-morais-dem-pb.html