domingo, 16 de maio de 2010

O preço para ouvir Lula

Do blog Amigos do presidente Lula

Com ou sem sucessora, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva está com o futuro garantido a partir do próximo ano. Agências de conferencistas dos Estados Unidos e do Brasil já assediam aliados do presidente na esperança de contratarem Lula como palestrante, após o fim do mandato do petista. Pela estimativa do mercado, o cachê do atual presidente para falar por duas horas sobre sua experiência no cargo vai ficar na faixa de US$ 120 mil (R$ 216 mil pelo câmbio oficial de sexta-feira).Fernando Henrique Cardoso (PSDB), presidente do Brasil de 1994 a 2002, ganha US$ 50 mil (R$ 90 mil) por palestra. Atualmente, o ex-presidente tucano faz cerca de 30 apresentações por ano.

Antes mesmo de dar os primeiros passos no mercado de palestras, Lula já tem convite para falar a um grupo de 300 empresários da Brazilian-American Chamber of Commerce, nos Estados Unidos, quando deixar a Presidência, segundo o deputado Maurício Rands (PT-PE). Profissionais brasileiros que atuam gerenciando ex-autoridades e intelectuais informam que uma agenda movimentada pode comportar até 10 convites por mês. Como palestrante, o presidente Lula poderá embolsar em 30 dias mais que o dobro do patrimônio de R$ 839.033 que juntou durante toda a vida, segundo declaração entregue ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em 2008. “Se o Lula quiser ficar milionário honestamente, fazendo palestras pelo mundo, não terá dificuldades”, avalia o consultor Thales de Azevedo Leite, pioneiro do mercado de palestras no Brasil.

Ficar milionário ou investir o dinheiro arrecadado em uma fundação, a exemplo do que fez o ex-presidente Bill Clinton, será o dilema de Lula. O deputado Maurício Rands (PT-PE) e o senador Delcídio Amaral (PT-MS) contam que eles e seus colegas petistas têm ouvido pedidos de grupos de empresários que querem ouvir Lula depois do fim do mandato. “Independentemente de questões polêmicas como o Irã, ele é um protagonista da política internacional. Por isso esse assédio das pessoas para ouvir o Lula”, resume Delcídio. Rands afirma que Lula não deve embolsar o dinheiro e já demonstrou interesse em montar uma fundação. “Ele poderia ocupar um cargo nas Nações Unidas, mas vai optar pela fundação, com trabalho ligado à bandeira da segurança alimentar.” Aliados do presidente contam que a fundação está sendo desenhada, e que profissionais já desenvolvem a ideia, guardada a sete chaves. A fundação de Lula não tratará apenas de inclusão social e deve ter perfil mais amplo.

O PT deve ficar distante da organização da fundação de Lula. Como o circuito de palestras é bancado essencialmente por recursos da iniciativa privada, muitos empresários pregam o distanciamento partidário das ex-autoridades, para não criarem conflitos políticos com governantes. Empresas estatais também costumam contratar nomes internacionais a peso de ouro para participação em seminários.

"Se o Lula quiser ficar milionário honestamente, fazendo palestras pelo mundo, não terá nenhuma dificuldade”
Thales de Azevedo Leite, pioneiro do mercado de palestras no Brasil

Quanto vale

Confira o preço estimado de uma palestra das seguintes personalidades

Fernando Henrique Cardoso, ex-presidente da República: US$ 50 mil (R$ 90 mil)
Pedro Malan, ex-ministro da Fazenda: US$ 20 mil (R$ 36 mil)
Bill Clinton, ex-presidente dos EUA: US$ 140 mil (R$ 252 mil)
Tony Blair, ex-primeiro ministro do Reino Unido: US$ 130 mil (R$ 234 mil)

Cachê livre de despesas

O cachê pago ao palestrante é livre de despesas com transporte e hospedagem. Nesse mercado, os contratantes, geralmente grandes empresas, pagam 50% na confirmação da agenda com a ex-autoridade e o restante quatro dias antes da apresentação, explica o consultor Thales de Azevedo Leite. A diretora da Palavra Speakers Bureau, Priscila David, conta que o mercado está “ansioso” pela chegada de Lula, mas além do petista, o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, é muito esperado pelo empresariado. “O mercado das palestras torceu muito para o Henrique Meirelles desistir de lançar candidatura e não investir na vida pública. Ele será um ótimo palestrante”, afirma a diretora.

Esse tipo de mercado movimenta R$ 30 milhões apenas para as 15 ex-autoridades e intelectuais mais requisitados. Nos Estados Unidos, o valor chega US$ 150 milhões. “Os 15 maiores conferencistas do país ganham cerca de R$ 2 milhões por ano cada um”, afirma o consultor Thales de Azevedo Leite.

Fernando Henrique Cardoso é considerado a estrela do mercado brasileiro, posição que pode ser desbancada com a entrada de Lula no ramo. Administrando a rotina acadêmica com a agenda de palestras, FHC reduziu o ritmo no último ano, mas não para de receber convites.

Os agenciadores do mercado de palestra elogiam o profissionalismo do ex-presidente. Apesar de a bolada de R$ 50 mil para falar duas horas parecer um “dinheiro fácil”, a assessoria de FHC conta que o tucano se prepara até por uma semana para fazer a apresentação. Sem perfil acadêmico, Lula dificilmente vai passar horas sentado lendo relatórios para fazer uma palestra. Mas o consultor afirma que as empresas aceitam fazer “adaptações”, para adequar a discussão ao perfil das ex-autoridades. A barreira do idioma pode prejudicar um pouco a inclusão de Lula no mercado. Apesar de as palestras contarem com sistema de tradução simultânea, muitos empresários pagam valores altos para “conversar” com ex-autoridades.

Ex-ministros

Quando um ministro, preferencialmente da área econômica, deixa o governo, as agências de conferências correm atrás para agenciar suas apresentações. Pedro Malan, ex-ministro da Fazenda durante o governo Fernando Henrique, é muito requisitado e seu cachê pode ficar entre R$ 30 mil e R$ 40 mil.Ex-ministros, como Malan, são obrigados a esperar quatro meses depois de deixar o cargo antes de realizarem trabalhos para a iniciativa privada. A Casa Civil não soube informar se a mesma regra de quarentena vale para ex-presidentes da República. (Correio)

O número R$ 40 mil
Valor que o mercado chega a pagar por uma palestra de um ex-ministro da área econômica

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