sábado, 10 de abril de 2010

Repressão violenta do governo Serra (PSDB) contra professores

Do Correio da Cidadania

Professores lutam por salários, mas também pela refundação da educação pública



Deflagrada sob grande menosprezo do governo Serra, a greve dos professores da rede estadual de São Paulo, contra todas as previsões derrotistas e acusações eleitoreiras, atingirá um mês de duração no próximo dia 8, quando nova assembléia será realizada no vão livre do MASP, na Avenida Paulista.

Marcado por violenta repressão das forças oficiais, o movimento grevista conseguiu uma expressiva adesão na classe docente, escancarando que algo de muito podre paira sobre a educação pública, a despeito do forte exercício publicitário de que o número de alunos matriculados cresceu vertiginosamente nos últimos anos. O que não necessariamente possui conexão com a qualidade do ensino oferecido, como nos esclarecem as estatísticas acerca do altíssimo analfabetismo funcional que assola o país.

"Não me surpreende o comportamento do governo. Quando a categoria se manifesta de forma mais firme eles vêm com a repressão. Foi assim em 2000 com Mario Covas e agora se repete. No penúltimo ato foi degradante a atuação do aparelho repressivo do Estado e pior ainda a da imprensa", disse ao Correio o diretor colegiado da APEOESP (Associação dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo), Josafá Rehem Nascimento Vieira.

De fato, a atuação do poder público no ‘diálogo’ com a categoria se utilizou de expedientes muito questionáveis dentro do que se entende por Estado democrático, onde o direito à greve é reconhecido pela Constituição e foi referendado pelo STF. A violência que se verificou nas manifestações foi a mesma aplicada aos moradores do Paraisópolis, aos policiais civis em greve e aos paulistanos de diversos cantos alagados da cidade, quando protestavam contra a inépcia governamental no combate às chuvas.

O ápice da falta de decoro foi o flagrante de um policial, até hoje não identificado, infiltrado entre os manifestantes, na já celebre assembléia do dia 26 de março, em frente ao Palácio dos Bandeirantes. Após o ato, repercutiu maciçamente a foto da Agência Estado de um suposto docente socorrendo uma PM ferida. A própria polícia se apressou em dizer que a boa alma em meio ao caos era um dos seus, o famoso P2, revelando um expediente digno do período 1968-1977, o pior dos anos de chumbo.

"Vínhamos lutando desde o ano passado contra os PL’s, que acabaram virando leis, que retiram muitos direitos, oficializam a contratação temporária no estado, o que na nossa avaliação depõe contra a qualidade da educação, e diminui a malha social da educação, já que trabalhadores com 20 anos de profissão são tratados como temporários. Fora a questão salarial em si, onde temos uma perda do poder de compra dos trabalhadores da educação de 34%.", enumera Josafá.

O professor e sindicalista se refere às leis 1041, 1093 e 1097, que desregulamentaram completamente a relação de trabalho da categoria, defasando os vencimentos e precarizando a própria organização escolar. "A Lei Complementar nº. 1.093 de 16 de julho de 2009, que dispõe sobre a contratação de temporários, impede que ocorra nova contratação da mesma pessoa antes de decorridos 200 dias do fim do contrato.

Posso dar aula somente este ano, pois em 2011 ficarei 200 dias letivos sem lecionar, mesmo passando em provas instituídas pelo estado", explica a professora de história Nágila Soares, em texto que circula em portais educacionais.

Uma necessidade inadiável

Além disso, lutam também contra o PLS 403, em trâmite no Senado e que segue o mesmo receituário neoliberal no tratamento da educação pública. "Sublinha-se que, muito além de uma óbvia reivindicação salarial, a luta urgente e inadiável deverá ser por um novo modelo de Educação Básica", escreveu neste Correio o também professor Wellington Fontes de Menezes, que também já produzira uma série de textos destrinchando o desmonte da educação pública nos anos tucanos.

"Outras pautas históricas também são importantes: 25 alunos por sala, aumento linear, o fim dessa provinha que só proporciona aumento a um quinto da rede, ou seja, é excludente e fere a isonomia da profissão...", prossegue Josafá. "Descobri que somente os docentes que entram no estado a partir de agora têm direito a FGTS. Um professor que tem 10 anos de carreira não tem nada de fundo de garantia", completa Nágila.

Como se vê, exceto para os que vêem educação como mais um nicho de negócios, o estado em que se encontra nosso ensino público é deplorável. Condições de trabalho rebaixadíssimas, clima nada ameno nas escolas e total falta de estrutura para ensinar, motivar os alunos e também se sentir estimulado com o exercício da profissão.

"Do ponto de vista mais geral, há uma perda gradativa do valor da profissão docente, que em outros períodos já foi considerada nobre pela população. Hoje a situação é cada vez mais difícil. Há salas com 35, 40 alunos, o que não é o ideal para um bom atendimento de suas necessidades. Há outras que têm 50, 60 alunos no ensino médio, o que torna a profissão bastante insalubre, dificultando a relação com os estudantes e também sua conduta", explica Josafá. (leia na íntegra aqui)



Portal Vermelho: Garis rejeitam acordo em processos por comentário de Boris Casoy


Os cerca de 800 garis que processaram a TV Bandeirantes por causa de um comentário ofensivo do jornalista Boris Casoy contra a classe não chegaram a um acordo com a emissora, em audiência realizada pela Justiça do Rio na última quarta-feira (7). Com isso, o juiz Brenno Mascarenhas, do 4º Juizado Especial Cível do Rio, marcou uma nova audiência para o próximo dia 30, quando será lida a sentença.



Os garis pedem indenização por danos morais pelas declarações do jornalista durante a edição do Jornal da Band do dia 31 de dezembro de 2009. Sem saber que seu microfone estava ligado, Casoy ridicularizou dois garis que desejaram feliz ano-novo aos espectadores na abertura do telejornal. “Que merda, dois lixeiros desejando felicidades do alto de suas vassouras. Dois lixeiros, o mais baixo da escala do trabalho”, disse o apresentador, em tom de deboche.

No dia seguinte, Casoy pediu “profundas desculpas”, ao vivo, pela “frase infeliz que ofendeu os garis”. Mas o mea-culpa não foi suficiente para evitar as mais de 163 ações na Justiça — uma delas movida pela Fenascon (Federação Nacional dos Trabalhadores em Serviço, Asseio e Conservação, Limpeza Urbana, Ambiental e Áreas Verdes).

Segundo informações do TJ-RJ (Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro), mais de 800 garis, divididos em grupos de cinco, entraram com processos contra a Rádio e Televisão Bandeirantes Ltda.

http://www.vermelho.org.br/noticia.php?id_noticia=127366&id_secao=6


Por que Lula é "O Homem"


India Times: Lula, o "cara "


Why Lula Is The Man

Shobhan Saxena, Apr 9, 2010, 12.00am IST

do Times da Índia, via twitter do Tão Gomes Pinto

Brasília — Recentemente, a secretária de Estado dos Estados Unidos Hillary Clinton pressionou o presidente brasileiro Lula da Silva para que o Brasil se juntasse aos Estados Unidos na imposição de novas sanções contra o Irã. Lula rebateu Clinton dizendo que “não é prudente empurrar o Irã contra a parede”. Não é o que Clinton gostaria de ter ouvido de um país que tem um dos assentos não permanentes no Conselho de Segurança das Nações Unidas e faz lobby por um assento permanente.

Subsequentemente, em Tel Aviv, Lula chocou líderes israelenses por se negar a visitar o túmulo do pai do sionismo, Theodore Herzl. Em maio, Lula vai ao Irã para se encontrar com o presidente Ahmadinejad, uma decisão que jornais dos Estados Unidos descreveram como “não representativa de um país que aspira ser considerado um igual entre os líderes do mundo”. Lula está agindo como um líder mundial?

Caçoado pelos comentaristas do Brasil por sua gramática imprecisa, Lula se tornou um hit no palco mundial com seu estilo de homem comum. Na cúpula financeira sobre a crise global em Londres, no ano passado, ao ver Lula o presidente Barack Obama gritou: “Lá está o meu cara. Eu amo esse cara. Ele é o político mais popular da terra”. As declarações de Obama foram feitas apenas alguns dias depois do brasileiro ter atribuído a crise global ao “comportamente irracional dos brancos de olhos azuis que antes da crise pareciam saber tudo sobre economia”. As declarações de Lula fizeram a elite brasileira ranger os dentes.

A nove meses de deixar o poder, Lula viaja o mundo atacando a ONU pelo “sistema de castas”, o mundo rico em Copenhagen e em campanha por um maior papel global para “poderes emergentes” e pregando o “diálogo” com o Irã. Isso fez alguns observadores ocidentais se perguntarem se ele está seguindo os passos de Hugo Chávez como “gladiador da batalha antiimperialista”.

Nada mais distante da realidade. Lula se tornou um herói em casa e um estadista no mundo por razões genuínas. No Brasil, sua taxa de aprovação está em 76%, um recorde para um presidente em fim de mandato. Sua conquistas domésticas foram sem precedentes: desde 2003, ele mais que dobrou o salário mínimo para o equivalente a 300 dólares, ajudou a tirar 20 milhões de brasileiros da pobreza e derrubou a dívida pública para 35% do PIB (de 55%). No ano passado, os reais brasileiros foram a quinta moeda com melhor performance do mundo, a inflação caiu para 4% e o país navegou pela crise econômica mundial quase sem danos.

Graças aos programas sociais de Lula, os maiores beneficiários do crescimento foram os pobres para os quais o presidente, que cresceu engraxando sapatos e dividindo um quarto com a mãe e oito irmãos, é um símbolo de esperança. A popularidade de Lula é tão grande que ele até recebeu crédito pela descoberta de petróleo na costa do Brasil.

O país pode se tornar em breve o terceiro maior produtor de petróleo do mundo e Lula já anunciou planos para gastar a renda do petróleo com programas contra a pobreza.

Naturalmente, Lula cometeu erros. Houve escândalos no governo e ele tem sido criticado pela esquerda do Partido dos Trabalhadores por ter se movido “muito para o Centro”. Mas ninguém questiona sua maior conquista: o posicionamento do Brasil no mundo. Lula converteu o músculo econômico em influência global ao promover o comércio “sul-sul” e crescentes ligações políticas com países em desenvolvimento. O que explica suas posições sobre o Irã, com o qual o comércio do Brasil cresceu 40% desde 2003. A químic com Ahmadinejad é tão boa que Obama pediu ao Brasil que medie as relações do Irã com os Estados Unidos, algo que Lula adoraria fazer. Na passagem por Tel Aviv, Lula sugeriu “alguem com neutralidade” para mediar o processo de paz no Oriente Médio. E ele não queria dizer Tony Blair.

Uma vez caçoado pela elite que bebe caipirinha em Copacabana, que “temia” que Lula poderia envergonhar o Brasil no exterior, o ex-operário metalúrgico tem demonstrando um domínio sólido da política externa. Durante seu primeiro mandato, ele trabalhou por relações mais próximas com a Índia, a China e a África do Sul.

Hoje a China, não os Estados Unidos, é o maior parceiro comercial do Brasil. Jogando um papel crucial na criação da IBSA e da BASIC, dois grupos envolvendo o Brasil, a Índia, a China e a África do Sul, Lula se tornou a voz mais forte das nações emergentes em questões globais como as mudanças do clima e a crise financeira. Com o movimento dos não-alinhados morto, esses grupos se tornaram a voz da Ásia, da África e da América Latina em questões globais. Descrevendo Lula como “uma referência para os países emergentes e também para o mundo em desenvolvimento”, em 2009 um importante jornal francês escolheu Lula como “homem do ano”.

Lula é o homem do momento porque ele seguiu uma fórmula simples, a de reforçar a economia doméstica, desligando o sistema financeiro do Brasil dos Estados Unidos, cultivando relações com países emergentes e seguindo uma política externa independente. E é por isso que ele pode falar o que quer em qualquer assunto.

Chamem de sorte, mas a falta de líderes carismáticos em outras nações emergentes também ajudou. Hoje, a China e a Índia são lideradas por tecnocratas, não por líderes de massa, a África do Sul não produziu um líder conhecido desde Nelson Mandela e o presidente da Rússia Vladimir Putin não tem as credenciais democráticas. Neste cenário, Lula agarrou a oportunidade com as duas mãos. Um líder indiano com imaginação poderia ter escrito este papel para si próprio.


http://www.viomundo.com.br/voce-escreve/india-times-lula-o-cara.html

"PSB mantém candidatura de Ciro", diz Eduardo Campos


Ed Ruas
De Recife (PE)


O governador de Pernambuco e presidente nacional do PSB, Eduardo Campos, reafirmou, nesta sexta-feira, 9, que a pré-candidatura do deputado federal Ciro Gomes (PSB-CE) está mantida e que não "há nenhuma alteração". O líder socialista revelou que pesquisas de intenção de votos realizadas recentemente sustentam a tese acordada com o próprio presidente Luiz Inácio Lula da Silva, antes mesmo do lançamento da pré-candidatura do PSB.

- Discutimos com Lula e ele entendia que, na nossa visão, era mais estratégico ter duas candidaturas. Acompanhamos os fatos através de pesquisas e vimos que isso efetivamente deixou o campo da oposição mais restrito. Na semana passada, fechamos mais uma pesquisa quantitativa e qualitativa e observamos que temos tempo.

Eduardo Campos também fez questão de frisar que: "Se tivermos de ter candidatura, vamos ter. É uma decisão do PSB", argumentou. As declarações foram ditas depois da inauguração de mais uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA), na Avenida Caxangá, no bairro da Iputinga, periferia de Recife.

O governador Eduardo Campos também foi questionado se teria dado algum tipo de orientação a Ciro Gomes sobre a visita que a pré-candidata do PT, Dilma Rousseff, fará ao Ceará. O objetivo era saber se o pré-candidato socialista receberia a petista como adversária ou aliada. "Não precisa disso (orientação). Você conhece a relação que Dilma e Ciro têm. São companheiros, amigos e têm uma relação respeitosa. Esse tipo de orientação não carece dela não", garantiu.


http://terramagazine.terra.com.br/interna/0,,OI4373242-EI6578,00-PSB+mantem+candidatura+de+Ciro+diz+Eduardo+Campos.html

sexta-feira, 9 de abril de 2010

Carlos Lupi: salário do trabalhador entre 2003 e 2009 acumulou crescimento real de 26,65%

Salário de servidor público aumentou 56% desde 2002. Outro crescimento acentuado foi observado na agricultura, silvicultura e criação de animais, com alta acumulada de 47,32%


Viviane Monteiro, de Brasília - VALOR

O ministro do Trabalho, Carlos Lupi, anunciou ontem que a criação de emprego com carteira assinada deverá apresentar resultado histórico para os meses de março e bater o recorde de 204 mil vagas criadas em março de 2008, ano que em a economia cresceu mais de 5%. Lupi informou ainda que o salário do trabalhador entre 2003 e 2009 acumulou crescimento real de 26,65%, o equivalente a ganho médio anual de 4%. A renda média do trabalhador saltou de R$ 616,2, em dezembro de 2002, para R$ 780,5 em dezembro.

O melhor ganho na remuneração foi dado aos trabalhadores da administração pública e autárquica, com aumento real acumulado de 56,1%. Outro crescimento acentuado foi observado na agricultura, silvicultura e criação de animais, com alta acumulada de 47,32%. Os dados são do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) e serão anunciados na próxima semana.

Caso a estimativa do ministro seja confirmada, a geração de empregos em março superará as 63,6 mil vagas formais registradas em fevereiro e as 34,8 mil verificadas em igual mês de 2009.

Para o ministro, o resultado demonstra a “melhoria” nas políticas públicas voltadas para o trabalhador. Já o economista da consultoria LCA, Francisco Pessoa, disse que o resultado também deve ser reflexo do crescimento da economia, principalmente entre 2004 e 2008.

Lupi disse que, segundo o Caged, em dezembro de 2002, o estoque de empregos formais no país era de 28,6 milhões e que em fevereiro deste ano chegou a 40,8 milhões. No período, foram criadas 12,143 milhões de vagas. Ele estima que o Caged deve fechar 2010 com 50% de empregos formais a mais que dezembro de 2002.


quarta-feira, 7 de abril de 2010

Amorim alerta para risco de sanções radicalizarem Irã

"Não se trata de o Brasil ser pró-Irã ou contra o Irã. O Brasil é a favor da paz e de soluções negociadas"


A aplicação de sanções pela comunidade internacional ao Irã por conta do avanço do programa nuclear desenvolvido pela República Islâmica pode provocar uma radicalização do país, afirmou nesta terça-feira o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim.

Para o chanceler, o Ocidente deveria buscar uma solução negociada com o Irã, uma vez que até integrantes da oposição iraniana defendem o enriquecimento de urânio com fins pacíficos.

"A alternativa das sanções, para um regime como o Irã, a tendência é radicalizar, tornar mais rígido, juntar o que está separado, a oposição e o governo ficarem juntos numa posição de intransigência, até para o governo não demonstrar que capitulou", argumentou o ministro em audiência pública na Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional do Senado.

Amorim comparou a situação do Irã à do Iraque, que foi invadido por forças lideradas pelos Estados Unidos depois de ser acusado de possuir armas de destruição em massa, o que nunca foi provado.

"O resultado é que as sanções vão crescendo, o país vai ficando mais isolado. As sanções sempre atingem as camadas mais pobres da população (...) isso, em geral, vai gerar uma revolta na população", acrescentou.

Amorim disse que "o Irã deve cooperar o mais extensivamente possível" para provar que não quer ou tem armas de destruição em massa.

"É difícil ter uma prova negativa. Viu-se que no caso do Iraque foi impossível, e no final não havia nada", afirmou Amorim, convidado pela comissão para debater a política externa brasileira.

A oposição aprovou requerimento pedindo a sessão depois de anunciar que obstruiria a aprovação de indicação de novos embaixadores por discordar de alguns posicionamentos do governo brasileiro no cenário internacional, como a aproximação com o governo do presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad.

Potências ocidentais, lideradas pelos Estados Unidos, acusam Teerã de buscar a fabricação de armas nucleares. A República Islâmica nega e afirma que seu programa nuclear tem objetivos pacíficos.

No ano passado, a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) propôs um acordo para a troca de combustível nuclear, o que poderia significar uma saída para a longa disputa sobre o programa nuclear iraniano.

Sob a proposta, o Irã embarcaria 70 por cento de seu estoque de urânio baixamente enriquecido para o exterior, onde seria convertido em cápsulas de combustível compatíveis para o uso científico, mas inviável para o desenvolvimento de armas nucleares.

Em fevereiro, o chanceler iraniano, Manouchehr Mottaki, disse que aceitaria enviar o material para ser reprocessado na Turquia, no Brasil ou no Japão, mas os Estados Unidos e seus aliados não chegaram a um acordo com a República Islâmica, que corre o risco de enfrentar uma quarta rodada de sanções da Organização das Nações Unidas (ONU).

"Acho ainda que é possível (um acordo) com base no que foi proposto pela Agência Atômica ao Irã, com uns mínimos ajustes", afirmou Amorim, acrescentando que "o Irã não renunciaria ao direito de enriquecer urânio para fins pacíficos".

"Não se trata de o Brasil ser pró-Irã ou contra o Irã. O Brasil é a favor da paz e de soluções negociadas (...) o Brasil quer ter relações com o Irã como quer ter com outros países grandes."

Questionado sobre qual seria o limite do governo brasileiro para manter a postura de apoiar a negociação e o programa nuclear iraniano para fins pacíficos, Amorim disse ser difícil avaliar a situação.

"Não posso dizer com precisão, mas nós achamos que o Irã deve mostrar flexibilidade, há um conjunto importante de países do qual ele não pode se isolar. Tem que ser uma negociação sem procrastinação. As coisas devem se resolver rapidamente", disse o chanceler.

Fonte: Reuters Brasil

Classe C é a que mais se expande em 2009


Mesmo com a crise, participação no total da população aumentou de 45% para 49%, enquanto classes D/E encolheram, diz pesquisa

Nos últimos cinco anos, classe C ganhou 30 milhões de pessoas; alta renda ampliou participação em apenas um ponto em 2009, para 16%


TATIANA RESENDE – FOLHA SP

DA REPORTAGEM LOCAL


Mesmo em um ano marcado pela crise global, a classe C conseguiu ampliar sua participação, em 2009, para 49% da população brasileira, ante 45% no ano anterior, chegando a 92,85 milhões de pessoas no país.

As classes A/B cresceram de 15% para 16% do total, enquanto as D/E encolheram (de 40% para 35%), de acordo com a pesquisa da Cetelem, financeira do grupo francês BNP Paribas, em conjunto com a Ipsos.

Segundo o “Observador Brasil 2010″, a expansão da classe C chegou a 15 pontos percentuais desde 2005, início da pesquisa, quando essa fatia da população representava 34% do total. Naquele ano, as classes A/B respondiam por 15% e as D/E, por 51%.
Nos últimos cinco anos, esse estrato intermediário ganhou 30,15 milhões de consumidores, sendo 8,23 milhões entre 2008 e 2009. Já os segmentos D/E perderam 26,05 milhões desde 2005, dos quais 8,94 milhões no último ano. “Nos próximos anos, a classe C deve ter um crescimento menor, mas continuar em expansão”, avalia Marcos Etchegoyen, diretor geral da Cetelem no Brasil.

As classes sociais utilizadas no estudo são as definidas pelo Critério de Classificação Econômica Brasil, fornecido pela Abep (Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa).

O conceito não considera a renda e leva em conta itens como posse de eletrodomésticos (televisão, rádio, aspirador de pó, máquina de lavar, DVD, geladeira, freezer), de carro de passeio, quantidade de banheiros na casa e grau de escolaridade do chefe da família.

Por isso, a redução de IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) concedida pelo governo para móveis e veículos foi uma das razões para a mobilidade social, diz Elisa Bernd, gerente de pesquisa da Ipsos, por possibilitar a mais pessoas o acesso a esses bens duráveis.

Renda

Entre 2008 e 2009, a renda familiar média mensal caiu nas classes A/B, de R$ 2.586 para R$ 2.533, mas subiu na C (de R$ 1.201 para R$ 1.276) e nas D/E (de R$ 650 para R$ 733). “A crise afetou mais o topo da pirâmide”, conclui Etchegoyen. Na média, a renda bateu recorde, de R$ 1.285.

Na análise por região, o Nordeste e o Sudeste tiveram aumento na renda familiar mensal semelhante entre 2008 e 2009, de R$ 178 e R$ 179, respectivamente, embora a diferença entre ambos ainda esteja grande: R$ 884 e 1.496.

Sobre investimentos, a pesquisa constatou que a classe C foi a única que direcionou mais dinheiro para aplicações em 2009 do que em 2008, passando de R$ 209 para R$ 633. “O consumidor [desse estrato da população] ficou mais prudente, mais maduro”, avalia Marc Campi, diretor da Cetelem na América Latina.

A pretensão de compra se manteve estável para a maioria dos itens pesquisados, com destaque para a de carros, que foi de 14% para 17% das intenções, e gastos com lazer e viagem (de 26% para 28%).

Nas classes A/B, a pretensão de compra de um veículo, que havia sido de 9% em 2008, saltou para 30%.

O levantamento se baseou em 1.500 entrevistas, feitas em dezembro em 70 cidades de nove regiões metropolitanas.



Poder de compra é o maior em 14 anos


Salário mínimo, que aumentou 9,5% em um ano, é capaz de adquirir 1,8 cesta básica do Dieese


João Villaverde, de São Paulo – VALOR


A inflação de preços tem incomodado analistas e pressionado o Banco Central, que sinaliza aumento nas taxas de juros, mas não tem atingido os consumidores neste começo de ano. O salto de 9,5% no salário mínimo, entre janeiro de 2009 e janeiro de 2010, combinado a uma alta mais suave na taxa acumulada em 12 meses de produtos cruciais, como alimentos e bebidas, e à redução do custo da cesta básica, tem permitido melhora do poder de compra. Em janeiro e fevereiro, um salário mínimo adquiria cerca de 1,8 cesta básica do Departamento Intersindical de Estatística e Estudo (Dieese) – o poder de compra mais elevado desde abril de 1996, segundo levantamento da LCA Consultores.

Os cálculos do economista Fábio Romão, da LCA, levam em conta o custo de uma cesta básica e o salário mínimo. Nos últimos anos, os resultados mais fracos foram alcançados nos primeiros meses de 2008, graças à alta nos preços dos alimentos, influenciados pela explosão nos preços das commodities – fenômeno provocado pela crise mundial, em
setembro daquele ano. Mesmo o reajuste no mínimo concedido pelo governo em 2008 – que, em março, passara de R$ 380 para R$ 415 – não foi suficiente para compensar o salto no preço da cesta básica, de R$ 259,3, em fevereiro, para R$ 301,4, em junho. Assim, um salário mínimo comprava apenas 1,38 cesta básica em junho de 2008. De lá para cá, o poder de compra do salário mínimo cresceu 23,3%.

No entanto, segundo os economistas ouvidos pelo Valor, esse nível recorde não deve continuar neste ano. “Se os resultados referentes ao mês passado dos índices de inflação ao consumidor ficarem próximos a 0,5%, ainda que em queda frente aos cerca de 0,8% apurados em janeiro e fevereiro, teremos uma alta acumulada de 2% no primeiro trimestre, o que já implica um ano mais ’salgado’ que 2009″, afirma Tatiana Pinheiro, analista do Santander. Para ela, a inflação pode diminuir o ganho real do mínimo ao longo do ano.

Romão calcula que a cesta básica já deve ter saltado de R$ 286 para R$ 300 entre fevereiro e março, num movimento altista que deve alcançar R$ 326 em dezembro. Dessa forma, o salário mínimo vigente em 2010, de R$ 510, deve perder seu poder de compra ao longo do ano. Segundo estimativas da LCA, o mínimo deve perder 13,3% de seu poder de compra ao longo deste ano – no ano passado, o mínimo aumentou seu poder de compra em 13%, devido à queda nos preços provocada pela crise mundial. Numa série acumulada em 12 meses do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), que mede a inflação para quem ganha entre um e seis salários mínimos, os preços alcançaram neste começo de ano quase metade da variação registrada em meados de 2008. Em julho de 2008, quando o
Produto Interno Bruto (PIB) crescia a taxas anualizadas de 6%, a taxa acumulada do INPC bateu em 7,6%. Já em janeiro deste ano, com o PIB de 2010 projetado para taxas próximas a 6%, repetindo o desempenho de
2008, o INPC acumulado alcançou 4,4%.

“Num espaço curto de tempo, a inflação ao consumidor de baixa renda caiu fortemente. Essa descompressão foi importante para preservar o poder de compra”, avalia Romão. Fenômeno semelhante ocorre com o Índice
de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), principal indicador de inflação no varejo, que caiu de 6,4% acumulados nos 12 meses terminados em julho de 2008 para 4,6% em janeiro.

Outros índices, no entanto, mostram um quadro menos benigno. O Índice de Preços ao Consumidor classe 1 (IPC-c1), que mede a inflação para quem ganha entre 1 e 2,5 salários mínimos acumulou 2,22% entre janeiro e fevereiro, a maior alta desde 2004, quando o índice passou a ser calculado pela Fundação Getulio Vargas (FGV). Os preços dos
alimentos, que respondem por cerca de 40% da ponderação do IPC-c1, aumentaram 2,74% nos dois primeiros meses do ano – em igual período de 2009 tinham subido 0,62%.

Para Tatiana, do Santander, os elevados reajustes do salário mínimo dos últimos anos – na faixa dos dois dígitos desde 2007 – têm importância na manutenção e ampliação do poder de compra, seja pelo impacto direto nos trabalhadores formais, cuja remuneração está atrelada ao mínimo, seja pela função de “nortear” negociações
coletivas. “Nem sempre, no entanto, o forte reajuste do mínimo é repetido pelo conjunto da economia”, afirma Tatiana, “uma vez que algumas categorias não têm o mesmo poder de barganha que setores mais organizados, que podem usar o reajuste do mínimo como parâmetro para conquistas salariais elevadas”.

Para Bernardo Wjuniski, economista da Tendências Consultoria, os reajustes elevados do mínimo “não são condizentes com os índices de inflação”. Segundo o economista, a forte elevação dos salários em termos reais é uma fonte de inflação futura. “Há uma pressão, via salários, que vai direto ao consumo varejista, que pode não acompanhar, se a demanda não ceder”, afirma. Além disso, ressalta Wjuniski, há consequências importantes em termos de Previdência, uma vez que dois terços dos benefícios previdenciários são corrigidos pelo salário mínimo. “Isso gera um enorme custo para o setor público, que precisa elevar gastos para fazer frente ao reajuste concedido”, avalia.