Por Marcos Coimbra
Jornal Estado de Minas
Todas essas pesquisas apontam para um cenário de expressivo crescimento de Dilma na virada de 2010, com uma concomitante retração das intenções de voto em Serra
Com a divulgação dos novos resultados da Vox Populi no sábado, são agora sete as pesquisas públicas feitas este ano que pintam um mesmo quadro. Juntas, delineiam um painel razoavelmente nítido do que parece estar acontecendo com os eleitores brasileiros nesta altura do processo sucessório.
Elas foram realizadas desde o fim de janeiro, em âmbito nacional, por quatro institutos: Ibope, Sensus, Datafolha e a própria Vox Populi. Quase tudo que disseram foi corroborado por levantamentos em vários estados, compatíveis com o que estavam indicando os dados para o conjunto do país.
Todas essas pesquisas apontam para um cenário de expressivo crescimento de Dilma na virada de 2010, com uma concomitante retração das intenções de voto em Serra. À medida em que aumentava seu nível de conhecimento, ela subiu e ele caiu, sem que essa transferência afetasse o tamanho do eleitorado disposto a votar em Ciro ou Marina. Ambos permaneceram onde estavam, sugerindo que haviam atingido seu piso (pelo menos nas condições de pré-campanha).
Com isso, a distância entre os dois principais candidatos caiu até chegar ao que se costuma chamar empate técnico. Não mais que cinco pontos percentuais passaram a separar sua posições na corrida.
Mas essas pesquisas também sugerem que, depois da mudança que aconteceu entre dezembro e janeiro, a estrutura das intenções de voto permaneceu basicamente inalterada. Talvez um pequeno efeito inercial continuou em ação, fazendo com que a aproximação de Dilma a levasse mais perto do empate cravado com o candidato do PSDB.
É o que mostra a nova pesquisa da Vox, cujos trabalhos de campo fora, foram feitos em 30 e 31 de março. No cenário com Ciro, Serra fica com 34% e Dilma com 31%, enquanto Ciro tem 10% e Marina 5%. Quando Ciro não está, Serra vai a 38% e Dilma a 33%, restando à senadora 7%.
Em relação à pesquisa anterior divulgada pela Vox, realizada na segunda quinzena de janeiro, Serra não caiu e Dilma cresceu nos dois cenários testados. Ou seja, o que aconteceu é que se acentuou a tendência à bipolarização, com uma ligeira redução do agregado de eleitores que dizem que votarão em branco, que anularão seu voto ou que não sabem o que fariam se a eleição fosse hoje.
Essa diferença entre os dois, na faixa entre 3 e 5 pontos percentuais, é coerente com quase todas as pesquisas nacionais do período. Mais que isso, a tendência que a nova pesquisa aponta é a mesma que elas indicavam, de uma redução praticamente estabilizada da distância entre os candidatos do PSDB e do PT, com, no máximo, um resíduo inercial ainda atuando.
Houve apenas uma pesquisa que mostrou um quadro diferente. É cedo, por enquanto, para imaginar que só ela conseguiu captar o que de fato está se passando com a opinião pública.
Pesquisas, à distancia em que estamos de uma eleição, são assim mesmo. Uma ou outra pode soar estranha, sem que isso queira dizer que está errada ou, pior, que foi “manipulada”, como costumam dizer aqueles que se decepcionam com seu resultado.
Por isso, ganha corpo, mundo afora, a ideia de “média das pesquisas”, como ocorreu na última eleição americana. Lá, os veículos, mesmo que patrocinassem suas pesquisas, mostravam ao público como se saíam os candidatos na média das disponíveis. É melhor que fingir que só uma é boa.
Pesquisa é como andorinha. Uma sozinha não faz verão. Quem olha o processo pela ótica de apenas uma pode se enganar redondamente.
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