quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

DEMO, Arruda e panetones

Polícia Federal desmonta versão panetone

por ANDREI MEIRELES

Flagrado em vídeo recebendo R$ 50 mil em dinheiro vivo de seu ex-secretário Durval Barbosa, o governador de Brasília José Roberto Arruda disse que eram recursos para a compra de panetones, que depois teriam sido distribuídos em comunidades carentes.A investigação da Polícia Federal mostra que a versão de Arruda também seria uma fraude. Segundo apurou a PF, há 20 dias o empresário Roberto Cortopassi Júnior, um dos donos da empresa da WRJ Engenharia, chamou para uma conversa o lobista Renato Malcotti – apontado pelos federais como um dos principais operadores financeiros do governador – num café no Shopping Liberty Mall. Cortopassi chegou com um laptop e exibiu para Malcotti um fragmento do vídeo em que Arruda recebe o dinheiro das mãos de Durval. Malcotti teria feito uma ameaça: se Arruda não determinasse ao Banco de Brasília, um banco estatal, a suspensão da cobrança de uma dívida milionária de sua empresa, ele iria divulgar o vídeo. Diante da ameaça, o governador foi aconselhado por advogados a ter uma explicação para o destino do dinheiro. A compra de panetone em período eleitoral poderia ser enquadrada como crime eleitoral, uma acusação que três anos depois das eleições teria pouca conseqüência prática. Há 10 dias, Durval foi chamado à residência oficial do governador, em Águas Claras, onde Arruda lhe teria pedido para assinar recibos sem datas que justificariam os gastos com os panetones. Na ocasião, Durval indagou: “E como eu vou explicar a origem do dinheiro?”. Um dos assessores de Arruda apontou uma saída: “Diz que foi uma vaquinha entre amigos”.

A reunião em Águas Claras foi monitorada pela PF. “Esperto, Durval assinou os recibos com um tipo de caneta que facilita a identificação de quando foi usada”, disse a ÉPOCA um investigador da Operação Pandora. De posse de cópias dos recibos, Durval foi direto da casa oficial do governador para a Polícia Federal. Ali, ele entregou os papéis para serem submetidos a uma perícia do Instituto Nacional de Criminalística. A conclusão foi de que a assinatura era recente. “A tinta ainda estava fresca”, diz um dos investigadores.

Época

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