por Rodrigo Vianna, no Escrevinhador
A foto está na página A-7, na edição impressa do Estadão. Dilma surge levemente arqueada, e a espada de um cadete parece trespassar o corpo da presidenta. Abaixo da foto, o título “Honras Militares” – e um texto anódino, sobre a participação de Dilma numa cerimônia militar.
Faço a descrição minuciosa da foto porque a reprodução acima é de má qualidade, tive que fotografar a página do jornal. Até porque, estranhamente, a foto sumiu da edição digital. Se alguém encontrar, por favor, me avise.
O editor do Estadão deve ter achado genial mostrar a presidenta como se estivese sendo golpeada pelas costas. É a chamada metáfora de imagem. Mas, expliquem-me: qual a metáfora nesse caso? O que a foto tinha a ver com a solenidade de que fala o jornal? Há, no meio militar, quem queira golpear Dilma pelas costas? O jornal sabe e não vai contar?
Ou, quem sabe, a turma do “Estadão” tenha achado graça em “brincar” com a imagem. No mínimo, um tremendo mau gosto com uma mulher que já passou por tortura na mão de militares, e hoje é a presidenta de todos os brasileiros.
Sintomático que a foto não apareça ao lado da mesma notícia na edição digital. Alguém deve ter pensado melhor e concluído: isso não vai pegar bem.
Por isso tudo, sou levado a pensar que Freud talvez explique a escolha da foto: a mão militar, na foto, cumpre a função de eliminar a presidenta. E, com isso, talvez agrade a parcela dos leitores do jornal. Passeando pelo site do Estadão, é comum ver a presidenta chamada de “terrorista”.
PS do Viomundo: Aparentemente a mídia corporativa acalenta um mesmo sonho: ver a presidenta Dilma fora de combate. Quem não se lembra daquela capa da revista Época em que Dilma, de olhos fechados, num fundo negro, parece que está morta num caixão? Naquela ocasião, ela seria vítima de sua saúde, que, como se soube depois, pelo relatório médico, estava muito bem, obrigada. Agora, o Estadão escolhe “eliminá-la” com uma espada. Só Freud talvez explique essa obsessão da mídia corporativa, já que pelo voto o seu candidato, o ex-governador José Serra (PSDB), não conseguiu tirar Dilma do caminho (Conceição Lemes).
Reproduzido do Vi o Mundo
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