Quando o MST invadiu a Fazenda Cutrale assistimos na TV a um verdadeiro espetáculo de imagens mostrando tratores destruindo uma plantação de pés de laranja e danificando instalações e máquinas pertencentes à Sucocítrico Cutrale LTDA. Além dessas imagens verbalizavam-se discursos de protestos, de insegurança, de indignação. A reportagem procurava apenas aqueles que julgava serem as vítimas. Fez-se a condenação antecipada, sem direito a ouvir o outro lado.
Entretanto, a denúncia feita pelo MST, confirmada pelo INCRA, era de que as terras da Fazenda Cutrale eram resultantes de grilagem, sendo elas de propriedade legítima da União. Nenhuma das matérias procurou mostrar a legalidade ou não daquelas terras.
Ficaram as imagens que buscavam criminalizar o MST, estava feita a condenação sem provas.
Agora, que os trabalhadores sem-terra foram inocentados no caso Cutrale, será que vamos ver a mídia dar o mesmo espaço para o MST?
Caso Cutrale: trabalhadores sem-terras são inocentados e processo é arquivado
por Juliana Sada
Em janeiro deste ano, a Justiça decidiu pela libertação dos trabalhadores sem-terra acusados de praticar crimes durante a ocupação de uma fazenda na qual está instalada a empresa Cutrale, produtora de suco de laranja. Além disso, o processo foi arquivado pela 3ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo.
De acordo com o desembargador Luis Pantaleão, em seu relatório, não havia indícios que ligassem os acusados aos crimes alegados. Além disso, o desembargador citou problemas no processo. A prisão preventiva foi decretada antes do recebimento da denúncia e ainda com a investigação em curso, para o desembargador não havia indícios de que os acusados trariam algum empecilho ao processo. O encarceramento foi baseado também na suposta “imoralidade” dos trabalhadores, acusação que não sustenta a prisão preventiva.
Já o processo foi trancado por inépcia da denúncia, ou seja, por não possuir os requisitos legais para instauração de um processo.
A ocupação
Em setembro de 2009, cerca de 250 famílias ocuparam uma fazenda pertencente à Cutrale, para denunciar a grilagem de terras pela empresa. De acordo com o MST, a área ocupada pertence à União e a Cutrale estaria se apropriando ilegalmente da terra. A ocupação durou doze dias, entre 28 de setembro e nove de outubro, e terminou por ordem judicial.
O episódio teve intensa repercussão na mídia, sobretudo por conta da derrubada de pés de laranja da fazenda pelos manifestantes, como forma de protesto.
Do Blog: Esse caso foi bastante explorado pelo PIG, oposição e setores conservadores que buscam a todo instante criminalizar o MST.
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