O brasileiro não tem memória suficiente da sua historia, o que leva a imprensa a fazer avaliações ultra-pessimistas, sem fundamento algum na realidade, e sem o contraponto adequado.
O estádio do Maracanã, na época o maior do mundo, foi construído em menos de dois anos. Faltam quase três anos para Copa de 2014 e a imprensa insiste em que não conseguiremos dar conta das obras necessárias para o evento, daqui a três anos, em especial, o Itaquerão.
Além das previsões pessimistas em relação aos estádios nas cidades-sede, fala-se do caos no transporte urbano, porque as obras de mobilidade não ficarão prontas a tempo.
Até a simples obviedade de que em dias de jogos importantes numa determinada cidade, a Lei Geral da Copa autoriza ao Prefeito a decretação de feriado, se transforma em infindável polêmica. Ora, isso de dispensar os funcionários mais cedo para assistir os jogos do Brasil em casa já não ocorre quando a Copa é disputada em outro país?
Dá até a impressão de que há uma poderosa torcida para que dê tudo errado e que isso possa criar as condições subjetivas de impedir a reeleição de Dilma Rousseff!
Nós que não olhamos a Copa de 2014 com preocupação eleitoral temos que ser racionais: a engenharia brasileira já deu mostras de que consegue empreender grandes construções no prazo adequado. É aqui que voltamos à história do estádio do Maracanã que, repito, foi construído em pouco menos de dois anos, para a Copa de 1950, no Brasil. Com a significativa diferença para os estádios de hoje: seria o maior estádio do mundo!
Para termos idéia do gigantismo da obra do estádio do Maracanã, apresento os números abaixo, extraídos do site http://www.clerioborges.com.br/maracana.html:
Foram utilizados 500.000 sacos de cimento e 10.000 toneladas de ferro na armação da estrutura do Maracanã, além de 40.000 caminhões, para transportes diversos.
Volume total de concreto utilizado: 80.000 m³. Área total de madeiras: 650.000m². Volume total de areia: 45.000m³. Volume total de escavações, para a execução das fundações: 39.572.000,00 m³. Volume total de aterro: 134.700.000,00m³
O volume de concreto utilizado na construção do estádio seria suficiente para construir a estrutura de edifícios de 10 andares em ambos os lados, e em toda a extensão da Avenida Rio Branco (2Km), no Rio de Janeiro, ou na Park Avenue, em Nova Iorque (EUA), entre as ruas 35 e 65.
Um homem sozinho construindo o Maracanã, e trabalhando 6 horas por dia – inclusive sábados, domingos e feriados –, levaria nada menos que 1.860 anos para conclui-lo.
Colocando-se em fila os 40.000 caminhões que entraram no Maracanã durante sua construção, estes cobririam toda extensão da estrada Rio-São Paulo (500 Km), ou de Nova Iorque a Washington (EUA).
Os ferros, transformados em barras de 3/16″, ou seja, 45 mm, seriam suficientes para contornar o globo terrestre uma vez e meia passando pela linha do Equador. Os sacos de cimento, empilhados individualmente, forneceriam 78 colunas da altura do Corcovado.
A madeira utilizada poderia forrar completamente a Avenida Presidente Vargas 3 vezes, em toda a sua extensão, que tem 2,5 Km. A areia utilizada poderia cobrir a Avenida Presidente Vargas, que tem a extensão de 2,5 Km, completamente, com uma camada de 25 cm de altura.
Trabalharam em média, na construção, 3.500 operários por dia, chegando aos 11.000 às vésperas da inauguração, tendo sido gastas 7.730.000 de horas de serviço ininterrupto.
A quantidade de pedras utilizada seria suficiente para encher uma trincheira de 2,50 m de largura, com 2,00 m de altura, numa extensão de 12 Km, ou então para construir um prisma de 20.000 m² de base e 3.000 m de altura;
O volume de escavações, executadas na construção do Maracanã, corresponde a abertura de 1.640 poços de 2,00 x 2,50 m, com 5,00 m de profundidade;
Se a engenharia e os gestores públicos conseguiram fazer o maior estádio do mundo em pouco menos de dois anos, há 60 anos atrás, porque não haverá de fazer o Itaquerão e os demais estádios, que são muito menores?
Num próximo artigo, escreverei sobre as obras de mobilidade urbana, mostrando que há muita confusão quando se aborda esse assunto.
José Augusto Valente – Diretor Executivo da Agência T1
Foto: Os arquitetos Miguel Feldman e Antônio D. Carneiro diante da maquete do Maracanã, em 16/6/1949. Foto da coleção de Branca Feldman
Fonte: Agência T1
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