domingo, 6 de novembro de 2011

Repugnante: Cor da pele é fator indispensável para o mercado de trabalho

Triste realidade de um Brasil racista e ainda desigual: pesquisa indica que cor da pele é o fator que mais pesa na hora de conseguir emprego

Irresponsáveis são os que ainda vendem a ideia de democracia
racial no Brasil
Que fatores são determinantes para abrir ou fechar portas no mercado de trabalho? Um estudo inédito dos economistas Fernando de Holanda Barbosa Filho e Samuel de Abreu Pessôa, do Ibre/FGV, reforça que, apesar dos avanços incontestáveis no caminho do pleno emprego, o Brasil tem muito trabalho pela frente para corrigir as desigualdades marcantes nessa área. E a receita não é trivial.

Para entender a dinâmica do mercado de trabalho nas grandes regiões metropolitanas do país, os economistas se debruçaram sobre os dados da Pnad de 2009, comparando a situação de Porto Alegre, a capital com a menor taxa de desemprego do país, com as regiões onde este é mais alto.

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Gênero, raça, escolaridade, faixa etária e experiência profissional foram analisados. E a cor da pele é o fator que mais pesou. Ou seja, se os negros e pardos têm mais dificuldade para ingresso no mercado em qualquer região do país, naquelas onde a maioria da população apta ao trabalho é negra ou parda, a taxa média de desemprego é maior.

Isso acontece em Recife e Salvador, regiões metropolitanas com as maiores taxas de desemprego do país em 2009 e ainda hoje. Em Recife, onde o desemprego chegava a 15,9% em 2009, a soma de negros e pardos alcançava 63,9% da população apta ao trabalho. Em Salvador, o desemprego estava em 14,2%, enquanto a população negra e parda chegava a 82,8%.

Barbosa Filho explica que as altas taxas de desocupação em Salvador e Recife têm a influência de dois fatores. Os negros e pardos, grupos que apresentam as taxas mais altas de desemprego quando o critério da análise é a raça, são a maioria da população apta ao trabalho nessas regiões. Assim, o pe so desses grupos na média geral é maior na comparação com outras regiões.

Ao comparar o mercado de trabalho de Porto Alegre com o Rio, o estudo mostra um aspecto interessante. No Rio, 44,9% da população apta ao trabalho era formada por negros e pardos em 2009, enquanto na capital gaúcha esse percentual chegava a 18,4%. Por outro lado, o Rio apresentava um nível de qualificação profissional mais elevado em relação a Porto Alegre, o que, a princípio, favorece o acesso ao mercado de trabalho. Mas os números da pesquisa mostram que o peso da cor prevalece sobre a escolaridade e a qualificação profissional. Assim, enquanto em Porto Alegre, onde 81% da população apta ao trabalho era de brancos, o desemprego chegava a 7,6%, no Rio, onde os brancos somam 54,6%, o desemprego era de 9,4%.

O economista evita a palavra preconceito, mas destaca que a escolaridade maior não é capaz de neutralizar a diferença das taxas de desemprego relacionadas a raça e cor, o que justificaria a adoção de políticas para atenuar essa disparidade.

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Outro aspecto destacado é que o mercado de trabalho de Porto Alegre é o que melhor funciona em relação às demais regiões do país, embora os economistas não saibam exatamente que fatores determinam esse desempenho.

O Globo 

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