domingo, 15 de junho de 2014

Veja como foi a estreia de Manaus na Copa

Repórter relata estreia de Manaus na Copa: ‘Porto de Lenha surpreendeu’

por Izabel Santos, no Portal Amazônia.com


Confira relato da repórter do Portal Amazônia que foi como torcedora à primeira partida na Arena da Amazônia

Arena da Amazônia estava lotada para jogo entre Itália e Inglaterra. Foto: Izabel Santos/Portal Amazônia

MANAUS – A repórter Izabel Santos participou neste sábado (14) de um momento histórico para a capital amazonense. A estreia de Manaus na Copa do Mundo era cercada de expectativas. Brasiliense radicada em Manaus, ela foi assistir ao jogo como torcedora. Ao Portal Amazônia, a jornalista relatou o que viu durante a partida entre Inglaterra e Itália, que terminou com a vitória da Azurra por 2×1 sobre o time terra da rainha. Confira:

“Quando Manaus foi escolhida como uma das subsedes da Copa 2014, eu e meu marido começamos a imaginar como seria viver essa experiência. Nunca acreditamos que nossa querida cidade teria condições de acolher um evento tão importante e que exige tanta disciplina. Mas, graças a Deus, fomos positivamente surpreendidos. A surpresa não foi apenas no dia da partida entre Inglaterra e Itália, mas nos dias que antecederam o evento, quando a cidade foi tomada por turistas que não se intimidaram com o clima amazônico. O Porto de Lenha virou Liverpool com as centenas de caras sardentas e olhos azuis envolvidas nas cores vermelho e branco.

No percurso de ida para o estádio e volta para casa, tudo ocorreu maravilhosamente bem. Encontramos um evento organizado, torcedores de várias nacionalidades empolgados e dispostos a se comportarem. A única coisa ruim foi demorarmos meia hora na fila para comprar água e refrigerante.

Nossa jornada começou na Avenida Constantino Nery. Como moramos ao lado do Terminal 1 [no Centro de Manaus], achamos que seria prático deixarmos o carro em casa e seguirmos de ônibus até a Arena da Amazônia. Embarcamos em uma das linhas exclusivas na Praça da Saudade. O ônibus, que estava praticamente vazio, nos deixou no cruzamento da Constantino Nery com a Darcy Vargas. Durante todo o percurso, de cerca de 15 minutos, o trânsito esteve tranquilo e sem congestionamentos. Dois policiais militares nos acompanharam em motocicletas até o ponto final.

A partir daí até a Arena seguimos a pé. Durante todo o percurso, os torcedores, principalmente os estrangeiros, estavam animados. Ninguém parecia incomodado com o calor. Ainda tentei postar algumas fotos, mas a conexão 4G estava inativa. Dentro do estádio, a coisa era diferente, a conexão estava satisfatória; consegui enviar fotos pelo Whatsapp a amigos e postar imagens em redes sociais sem problemas. A demora acontecia só com o envio de vídeos.

Quando nos aproximamos da Arena, foi possível ver a festa da torcida inglesa cuja cantoria podia ser ouvia num raio de 100 metros de onde estavam. Muito espirituosos e bem-humorados, cantavam e gritavam no posto de gasolina em frente ao estádio. A polícia observava tudo de perto, mas não notamos nenhuma confusão. Eu mesma me aproximei ao ponto entrar no círculo de torcedores para filmar com o celular. O máximo que me aconteceu foi tomar banho de cerveja, mas ninguém sequer pisou os meus pés.

Para ingressar na Arena propriamente dita era preciso passar por uma revista semelhante a realizada em aeroportos. Minha bolsa já havia sido revistada anteriormente quando desci do ônibus e passei pela barreira que interditava a Constantino Nery. A revista na entrada do estádio foi um pouco lenta porque quem estava com bolsas tinha que colocar objetos perfurantes e celulares em uma bandeja que passava pelo raio-X. A lentidão não era por causa da revista, mas das pessoas que, mesmo recebendo o manual do torcedor no ato da entrega do ingresso, insistiram em levar objetos não recomendados.

Dentro da Arena, tudo estava bem sinalizado e repleto de voluntários solícitos. Todos os que observei eram no mínimo bilíngues e falavam com propriedade sobre cada canto da área. Não vi ninguém insatisfeito com eles. O mesmo não posso dizer dos quiosques de bebidas, pois as filas estavam enormes. Nós chegamos a esperar meia hora para comprarmos copos de água a R$6 e refrigerantes por R$8. Não achei ruim porque os copos que nos deram são objetos colecionáveis.

Em relação a acessibilidade, tudo me pareceu bastante organizado. O nível que acolheu os cadeirantes possuía rampas de acesso desde a rua e eles tinham uma boa visão do campo. Aliás, por toda a área era possível ver cadeirantes de várias nacionalidades.


Alguns cadeirantes presentes na Arena. Foto: Izabel Santos/Portal Amazônia

Os banheiros estavam em boas condições, apesar das pequenas filas (com no máximo duas pessoas) que se formavam dentro do espaço. Funcionários limpavam e abasteciam o local constantemente.

A volta pra casa foi muito tranquila. Resolvemos ir a pé, como muita gente, principalmente estrangeiros. No caminho, presenciamos situações inusitadas. Ingleses jogando futebol com crianças na rua, sentados na calçada chorando e até ensaiando uns passinhos de boi em bares. Em quase todo o caminho tivemos a companhia de policiais militares. Viaturas passavam pela rua o tempo todo. Não fomos perturbados ou nos sentimos ameaçados nem nos trechos mais escuros e desertos do caminho.

Enfim, foi um dia memorável. Tive a impressão que todos estavam dispostos a colaborar para que tudo desse certo. Na minha opinião, um dos legados da Copa é a certeza de que, quando queremos, podemos fazer tudo sair bem. Fiquei muito feliz com Manaus, minha cidade do coração. Acredito que em poucas subsedes houve tanta tranquilidade e organização como tivemos aqui. Até o próximo jogo!”

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