segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Carta do Presidente da Federação Brasileira de Entidades de Combate ao Câncer

São Paulo, 14 de novembro de 2011

Ao

Blog Leituras Favre

Att. Luis Favre


Prezado Luis,

Desde que foi anunciado o câncer do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, observa-se uma comoção no País. De um lado, uma avalanche de brasileiros apoiando o chamado ‘força Lula’; de outro, um número enorme de anônimos e famosos reforçando o movimento conhecido como ‘Lula, vai se tratar no SUS’.

Mas, o que separa os hospitais de referência oncológica do SUS do hospital privado Sírio Libanês? A resposta, que tentaram responder no Twitter, é simples: nada. Nada separa, neste caso e no que diz respeito ao tratamento oncológico oferecido aos pacientes, o público do privado.


Hoje, segundo o INCA, são 490 mil novos casos por ano, com mais de 160 mil mortes, colocando a doença no segundo lugar no ranking de óbitos no País, atrás apenas do infarto, acidente vascular e hipertensão. É fato: o câncer cresce a passos largos no Brasil e tende, com o aumento da expectativa de vida e das práticas inadequadas para a saúde, a crescer ainda mais.

Mas, ao contrário do que muitos pensam, a rede pública é referência no tratamento do câncer no Brasil: faz um excelente trabalho, usa a mesma técnica, os mesmos equipamentos e, do ponto de vista da junta médica, oferece equidade no tratamento ao paciente. É o caso, por exemplo, do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo, do Hospital do Câncer de Barretos e da Fundação Hospital Amaral Carvalho, em Jaú.

Mas, então o que diferencia o tratamento oferecido no SUS e na rede privada? Para nós, da FEBEC, com mais de 4 mil voluntários em centenas de municípios, a resposta também é fácil: o apoio biopsicossocial aos pacientes, a identificação precoce do câncer e o tratamento imediato, que preservam vidas. Enquanto pacientes de hospitais privados ou da rede pública com nível quatro de estadiamento, o estágio mais grave da doença, têm 13,5% de chances de sobrevida após cinco anos de tratamento, os de nível zero, têm 98%, e os de nível um, 79,8%.

Ou seja, o câncer tem cura. A discussão entre a saúde pública e privada não pode ser centrada no atendimento hospitalar, mas no acesso ao tratamento. E não basta criticar. É preciso promover a articulação entre as organizações públicas, privadas, do terceiro setor e a sociedade. A ação voluntária, independentemente de religião, orientação política e nível social, salva vidas.

Antonio Luís Cesarino de Moraes Navarro

Presidente da FEBEC – Federação Brasileira de Entidades de Combate ao Câncer

Diretor-superintendente da Fundação Amaral Carvalho (Jaú)


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