quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Oriente Médio: Imprensa vê disputa pelo apoio do Brasil

País começa a ganhar destaque como ator importante na política da região


Os dois presidentes conversam no Itamaraty: Lula dá sinais de que aceitará o convite de Peres para visitar Israel em 2010 - (Ronaldo de Oliveira/CB/D.A Press )

Gustavo Chacra, correspondente, Nova York - O Estado de SP

O Brasil consegue aos poucos se destacar como um ator importante na política do Oriente Médio, e o apoio brasileiro passou a ser disputado pelos países envolvidos em conflitos na região. Esta é a avaliação de órgãos de imprensa de Israel que cobrem a visita do presidente Shimon Peres a Brasília, São Paulo e Rio.

Nos Estados Unidos, o peso brasileiro também é sentido, com críticas a Luiz Inácio Lula da Silva por receber o líder iraniano Mahmoud Ahmadinejad ainda neste mês e por ter uma viagem agendada a Teerã no início do próximo ano. Outros veem a iniciativa do presidente como positiva pela neutralidade do país, ajudando em um difícil acordo para a questão nuclear iraniana, prioridade da administração de Barack Obama.

O governo brasileiro também tem sido ativo no conflito envolvendo israelenses e palestinos. No mês passado, o Brasil liderou, sem obter sucesso, uma proposta no Conselho de Direitos Humanos da ONU, em Genebra, para encontrar uma saída para a questão do relatório Goldstone, que acusa Israel e o Hamas de terem cometido crimes durante a guerra em Gaza no início deste ano.

A embaixadora brasileira nas Nações Unidas em Nova York, Maria Luiz Viotti, foi, na semana passada, uma das vozes mais fortes no debate sobre o tema. A posição brasileira, nos dois casos, teve destaque nos principais jornais americanos e europeus, algo impensável desde quando o diplomata Osvaldo Aranha presidiu a Assembleia Geral da ONU na votação que criou o Estado de Israel, em 1948.

Em análise, o diário israelense Haaretz afirma que “as visitas dos presidentes do Irã e de Israel ao Brasil demonstram o crescimento da potência sul-americana no Oriente Médio”. Na avaliação do jornal, considerado de centro-esquerda em Israel, um apoio do Brasil ao Irã poderia dar credibilidade ao programa nuclear iraniano, e os israelenses visam impedir justamente que isso aconteça.

Neste envolvimento na política do Oriente Médio, o Brasil é visto como anti-Israel. Em primeiro lugar, pela forma como Lula trata Ahmadinejad, considerado o principal inimigo israelense no mundo. O presidente brasileiro também já esteve em uma série de países árabes e visitará o Irã, mas não foi a Israel. Para completar, a posição brasileira em relação ao relatório Goldstone foi vista como dura pelos israelenses. Na ONU, Viotti afirmou que “Israel precisa respeitar as leis internacionais ao se defender, especialmente em áreas densamente populosas”.


Fonte: http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20091112/not_imp465140,0.php

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