quarta-feira, 17 de novembro de 2010

'Qualquer miserável tem um carro', reclama comentarista da Globo de SC

Por: Anselmo Massad, Rede Brasil Atual


Luiz Carlos Prates, da RBS, retransmissora da rede Globo em Santa Catarina, atribui à popularização do automóvel – promovida por "este governo espúrio" – a principal causa de problemas no trânsito.

São Paulo – O comentarista da RBS Luiz Carlos Prates atribui as mortes e problemas no trânsito no país à popularização do automóvel. Em comentário exibido na edição de segunda-feira (15) do noticiário local da retransmissora da Rede Globo em Santa Catarina, ele afirma que atualmente "qualquer miserável tem um carro". Esse fato decorre, em sua visão, "deste governo espúrio que popularizou, pelo crédito fácil, o carro para quem nunca tinha lido um livro".(Veja vídeo)



Prates foi instado a comentar o fato de que 11 pessoas morreram no estado catarinense no feriado do dia da proclamação da República. No dia de finados (2 de novembro), foram 20 vítimas fatais de acidentes em rodovias.

Em sua fala, o comentarista adicionou ainda questões ligadas ao comportamento de habitantes de grandes cidades, como frustrações decorrentes de dificuldades familiares ("casais que não se toleram") e de questões socioeconômicas (morar em "uma gaiola que hoje chamam de apartamento"). A combinação de fatores como esse, aliados à "estultícia" seria, na visão dele, a razão das mortes.

Prates é conhecido por comentários polêmicos e notadamente conservadores. Em dezembro de 2009, por exemplo, ele declarou que João Baptista Figueiredo, o último presidente da ditadura militar, "ensinou o caminho da verdadeira luta e da verdadeira e legítima democracia". Disse ainda, na ocasião, que tinha liberdade plena durante o regime autoritário.

Confira a íntegra do comentário

É só isso, só isso. As pessoas saem absolutamente desatinadas por uma pressa que não se justifica por nenhuma razão. Eu andei ontem na BR 101. Nunca a tinha visto com tanto movimento nem em dias de semana. Ontem (domingo 14) era metade de um feriadão. Quem tinha de ter saído tinha saído, e ainda era muito cedo para voltar para casa. Mas o que é isso? Antes de mais nada, a popularização do automóvel. Hoje, qualquer miserável tem um carro. O sujeito jamais leu um livro, mora apertado em uma gaiola que hoje chamam de apartamento, não tem nenhuma qualidade de vida, mas tem um carro. E este camarada, casado, como não suporta a mulher nem a mulher suporta ele, sai, vão para a estrada. Vão se distrair, vão se divertir. E aí, inconscientemente, o cara quer compensar suas frustrações com excesso de velocidade. Tem cabimento o camarada não vencer a curva? Como se a curva fosse feita para vencer. Quando o camarada morre sozinho, problema dele. Mas e quando mata um inocente? Ontem, havia um acidente na estrada, no trecho norte da BR 101, eu vinha para Florianópolis, era do outro lado. Os caras paravam do lado em que eu vinha e atravessavam a pé para ver o que tinha acontecido. Com um movimento absolutamente incomum, se um desgraçado – e esta é a palavra – desgraçado é atropelada e feito um sanguinche na pista, o que é que vão dizer? "Este trânsito insano". Insano é o cara que para o carro, atravessa a BR para ver o que aconteceu com a outra pessoa. Então, é isso, estultícia, falta de respeito, frustração, casais que não se toleram, popularização do automóvel – resultado deste governo espúrio que popularizou, pelo crédito fácil, o carro para quem nunca tinha lido um livro. É isso.

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