sexta-feira, 15 de abril de 2011

“Calunista” da Globo gera crise diplomática

Por Altamiro Borges

O programa “Manhattan Connection”, exibido para assinantes da TV a cabo – antes no GNT e atualmente na Globo News –, adora polemizar pela direita. Com comentários agressivos e elitistas, seus “calunistas” atacam tudo e todos, esbanjando arrogância. O pitbull Diogo Mainardi é a cara do “Manhattan”, mas parece que o jornalista Caio Blinder decidiu disputar o posto.

Nesta semana, porém, ele exagerou e mordeu a língua. Caio chamou a rainha da Jordânia, Rania, de “piranha”, o que gerou uma crise diplomática. “Politicamente, ela [Rania] e as outras piranhas são intragáveis. Todas elas têm uma fachada de modernização desses regimes – ou seja, não querem parecer que são realeza parasita e nem mulher muçulmana submissa. Isso é para vender para o Ocidente, enquanto os maridos estão lá, batendo e roubando”, esbravejou.


“Já acabou essa história pra mim”

Diante do comentário tresloucado e machista, o embaixador da Jordânia, Ramez Goussous, enviou ao Itamaraty protesto formal contra o jornalista. A embaixada exigiu retratação de Blinder durante o programa e ainda ameaçou processar a Rede Globo. De imediato, a Jordânia recebeu a solidariedade de outros 17 embaixadores, que repudiaram a atitude leviana do jornalista.

No final da tarde de ontem (14), Caio Blinder confessou o crime e tentou colocar panos quentes. Em conversa por telefone com a reportagem do Portal Imprensa, admitiu: “Eu errei e estou pedindo desculpas”. Sua confissão, porém, parece visar apenas evitar o pior. Ele quer abafar o caso. “Eu sabia que a gente tinha feito uma besteira, mas já acabou essa história pra mim”.

“Comentemos leviandades e insultos”

Para ele, tudo já está resolvido. “Houve a retratação no ar. O Lucas [Mendes], editor-executivo do 'Manhattan', pediu desculpas pelo meu termo ofensivo. E nós demos as mãos à palmatória”, argumentou. Segundo o inocente Caio Blinder, o episódio foi “mais um momento raro, mas não inédito, onde cometemos leviandades, injustiças e insultos”.

Quanto à explicitação do seu machismo, o jornalista jurou: “Não me refiro às mulheres como piranhas, sejam elas árabes judias, esquimós... Aliás, eu faço críticas políticas; não a pessoas”. Quem tem a paciência de assistir a “Manhattan Connection”, porém, sabe que não é bem assim. O programa é dos mais preconceituosos e elitistas da televisão brasileira. Na campanha eleitoral do ano passado, por exemplo, ele abusou do seu direitismo em vários comentários agressivos contra Dilma Rousseff. 

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