Mariana Mandelli - O Estado de S. Paulo
O ministro da Educação, Fernando Haddad, voltou a dizer nesta sexta-feira que houve apropriação indevida de questões do caderno do pré-teste do Enem no Ceará. Ele esteve na Câmara de Vereadores de São Paulo para compromissos de sua pré-candidatura à Prefeitura da capital paulista.
Haddad afirmou que o MEC está em contato permanente com a Polícia Federal e que a investigação segue em sigilo. “Está tudo mais avançado que o que sabíamos na segunda-feira. Sabemos exatamente o que ocorreu. Agora é uma questão de identificar o autor”, disse. Segundo ele, alguns alunos já procuraram voluntariamente a PF para dar depoimentos.
O ministro ainda citou o Scholastic Assessment Test (SAT), prova para ingresso em universidades norte-americanas no qual o Enem foi inspirado, afirmando que ela é aplicada nos Estados Unidos e também fora dele. Ele lembrou que alunos foram indiciados por fraude no SAT e que mais de mil testes do exame dos EUA são anulados por ano.
“Tem que haver da parte dos educadores a compreensão da importância da lisura dos procedimentos. E mais do que isso: é muito difícil uma violência contra o Enem não ser apurada”, afirmou. “As pessoas vão se dar conta de que não vale a pena fazer isso - não só por razões morais e éticas, mas sobretudo porque não vão se beneficiar de um ato delituoso, já que sempre vai se chegar em quem atentou contra o exame.”
Sobre o fato de os alunos do Colégio Christus, de Fortaleza, terem de fazer o Enem novamente, Haddad afirmou que há duas teses. “Há a tese do procurador (Oscar Costa Filho, do MPF no Ceará) de que as questões devem ser anuladas para todo o Brasil. A nossa tese é adotar o mesmo procedimento que sempre adotamos nessas circunstâncias, que é reaplicar a prova para os afetados – prejudicados ou beneficiados – para que as condições de igualdade sejam resgatadas.”
Haddad ainda afirmou que o MEC remeteu ao Congresso uma mudança no código penal que agrava penas envolvendo concursos públicos e processos seletivos. A matéria já foi aprovada pela Câmara e deve ser avaliada pelo Senado nas próximas semanas. “Isso vai coibir ações como essa”, disse ele que não acredita que a credibilidade do Enem foi afetada com esse novo problema.
(Estadão)
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