quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Reflexões de Fidel Castro: O papel genocida da OTAN

 
Reflexões de Fidel Castro: O papel genocida da OTAN (Primeira parte)
Havana, 25 out (Prensa Latina) "O papel genocida da OTAN (Primeira parte)" é o título da mais recente das Reflexões do líder da Revolução Cubana, Fidel Castro.
 
A Prensa Latina transmite a seguir o texto na íntegra:

O papel genocida da OTAN 


Essa brutal aliança militar tornou-se o mais pérfido instrumento de repressão já conhecido na história da humanidade.

A OTAN assumiu esse papel repressivo global logo depois do desaparecimento da URSS, que tinha servido como pretexto aos Estados Unidos para criá-la. O seu criminoso objetivo foi evidente na Sérvia, um país de origem eslava, cujo povo lutou muito corajosamente contra as tropas nazistas durante a Segunda Guerra Mundial.

Quando no mês de março de 1999 os países dessa nefasta organização, nos seus esforços por desintegrar a Iugoslávia, após a morte de Josip Broz Tito, enviaram suas tropas para apoiar os secessionistas cossovares, encontraram uma forte resistência daquela nação cujas experientes forças estavam intactas.

A administração ianque, aconselhada pelo Governo espanhol de direita de José Maria Aznar, atacou as emissoras de televisão da Sérvia, as pontes sobre o rio Danúbio e Belgrado, capital desse país. A embaixada da República Popular da China foi destruída pelas bombas ianques, vários funcionários morreram e não podia existir um erro possível como alegaram os autores. Numerosos patriotas sérvios perderam a vida. O presidente Slobodan Milo�íevic, abrumado pelo poder dos agressores e pelo desaparecimento da URSS, cedeu às exigências da OTAN e admitiu a presença das tropas dessa aliança dentro de Cossovo sob o mandato da ONU, o que ao final levou à sua derrota política e a seu posterior julgamento pelos tribunais nada imparciais de Haia. Morreu de uma maneira estranha na cadeia. Se o líder sérvio tivesse resistido mais alguns dias, a OTAN teria entrado em uma grave crise que esteve a ponto de estourar. Deste modo o império dispôs de ainda mais tempo para impor a sua hegemonia entre os cada vez mais subordinados membros dessa organização.

De 21 de fevereiro a 27 de abril do presente ano publiquei no site Cubadebate nove Reflexões sobre o tema, nas quais abordei amplamente o papel da OTAN na Líbia e o que, na minha opinião, iria acontecer.

Por isso, vejo-me obrigado a fazer uma síntese das ideias essenciais que eu expus e dos fatos que têm acontecido tal e como foram previstos, agora que um personagem central da história, Muammar Al-Gaddafi, foi gravemente ferido pelos mais modernos caça-bombardeiros da OTAN que interceptaram e inutilizaram o seu veículo, capturado ainda vivo e assassinado pelos homens que essa organização militar armou.

O seu cadáver foi sequestrado e exibido como um troféu de guerra, uma conduta que viola os mais elementares princípios das normas muçulmanas e outras crenças religiosas que existem no mundo. Anuncia-se que em breve tempo a Líbia será declarada "Estado democrático e defensor dos direitos humanos".

Vejo-me obrigado a dedicar várias Reflexões sobre estes importantes e significativos fatos.

Continuará amanhã.

Fidel Castro Ruz
23 de outubro de 2011
18h10

Reproduzido do Prensa Latina


Reflexões de Fidel Castro: O papel genocida da Otan (2ª parte)


Há pouco mais de oito meses, em 21 de fevereiro do ano em curso, afirmei com plena convicção: "O plano da Otan é ocupar a Líbia". Sob esse título abordei pela primeira vez o tema em uma Reflexão cujo conteúdo parecia fruto da fantasia.

Incluo nestas linhas os elementos de juízo que me levaram a essa conclusão.

"O petróleo se converteu na principal riqueza em mãos das grandes transnacionais yanques; através dessa fonte de energia dispuseram de um instrumento que acrecentou consideravelmente seu poder político no mundo".

"Sobre essa fonte de energia se desenvolveu a civilização atual. A Venezuela foi a nação deste hemisfério que pagou o maior preço. Os Estados Unidos se tornaram donos das enormes jazidas com que a natureza dotou esse país irmão.

"Ao finalizar a última Guerra Mundial, começaram a extrair das jazidas do Irã, assim como das da Arábia Saudita, Iraque e dos países árabes situados ao redor deles, maiores quantidades de petróleo. Estes passaram a ser os principais fornecedores. O consumo mundial se elevou progressivamente à fabulosa cifra de aproximadamente 80 milhões de barris diários, incluídos os que são extraídos no território dos Estados Unidos, aos quais ulteriormente se somaram o gás, a energia hidráulica e a nuclear".

"O lixo do petróleo e do gás está associado a uma das maiores tragédias, não resolvida em absoluto, que a humanidade sofre: a mudança climática."

"Em dexembro de 1951, a Líbia se converte no primeiro país africano a alcançar sua independência depois da Segunda Guerra Mundial, na qual seu território foi cenário de importantes combates entre tropas alemãs e do Reino Unido"

"95 % de seu território é totalmente desértico. A tecnologia permitiu descobrir importantes jazidas de petróleo leve de excelente qualidade que hoje alcançam um milhão e 800 mil barris diários e abundantes depósitos de gás natural. [...] Seu rigoroso deserto está localizado sobre um enorme lago de água fóssil, equivalente a mais de três vezes a superfície de Cuba, o que lhe tornou possível construir uma ampla rede de dutos de água doce que se estende por todo o país."

"A Revolução Líbia teve lugar no mês de setembro de 1969. Seu principal dirigente foi Muamar Kadafi, militar de origem beduína, que em sua mais remota juventude se inspirou nas ideias do líder egípcio Gamal Abdel Nasser. Sem dúvida que muitas de suas decisões estão associadas às mudanças que se produziram quando, igualmente ao Egito, uma monarquia débil e corrupta foi derrocada na Líbia."

"Pode-se estar ou não de acordo com Kadafi. O mundo foi invadido com todo tipo de notícias, especialmente por intermédio dos meios de informação de massa. Deve-se esperar o tempo necessário para conhecer com rigor quanto há de verdade ou mentira, ou uma mescla de fatos de todo tipo que, em meio ao caos, se produziram na Líbia. O que para mim é absolutamente evidente é que ao governo dos Estados Unidos não preocupa em absoluto a paz na Líbia, e não vacilará em dar à Otan a ordem de invadir esse rico país, talvez em questão de horas ou muito breves dias.

"Os que com pérfidas intenções inventaram a mentira de que Kadafi se dirigia à Venezuela, assim como o fizeram na tarde de ontem, domingo, 20 de fevereiro, receberam hoje uma digna resposta do ministro das Relações Exteriores da Venezuela, Nicolás Maduro" .

"De minha parte, não imagino o dirigente líbio abandonando o país, eludindo as responsabilidades que lhe são imputadas, sejam ou não falsas em parte ou em sua totalidade”.

"Uma pessoa honesta estará sempre contra qualquer injustiça que se cometa com qualquer povo do mundo, e a pior delas, neste instante, seria guardar silêncio diante do crime que a Otan se prepara para cometer contra o povo líbio.

"Para o comando dessa organização belicista urge fazê-lo. É preciso denunciar isso!”

Naquele data eu me havia dado conta do que era absolutamente óbvio.

Nesta terça-feira, 25 de outubro, nosso chanceler Bruno Rodriguez falará na sede das Nações Unidas para denunciar o criminoso bloqueio dos Estados Unidos contra Cuba. Seguiremos de perto essa batalha que porá em evidência uma vez mais a necessidade de dar fim, não só ao bloqueio, mas também ao sistema que engendra a injustiça em nosso planeta, dilapida seus recursos naturais e põe em risco a sobrevivência humana. Prestaremos atenção especial à argumentação de Cuba.

Prosseguirá na quarta-feira, 26.

Fidel Castro Ruz
24 de outubro de 2011
17h19
Fonte: Cubadebate
Tradução da redação do Vermelho

Reproduzido do Portal Vermelho


Fidel Castro: O papel genocida da Otan (terceira parte)


O líder da Revolução Cubana, Fidel Castro, publicou na última quarta-feira (26) a terceira parte de suas Reflexões sobre o papel genocida da Otan.

No texto, ele relembra passagens de uma Reflexão publicada em 23 de fevereiro do ano em curso sob o título “Dança macabra de cinismo”, na qual afirmava, entre outras coisas, que a política de saque imposta pelos Estados Unidos e seus aliados da Otan no Oriente Médio havia entrado em crise. Fidel analisava os acontecimentos na Líbia, onde tinha início uma guerra civil, e retratava as declarações dos líderes das principais potências imperialistas, que considerou uma “dança macabra de cinismo”.

Na Reflexão publicada ontem, o líder da Revolução Cubana afirma:

Enquanto meditava sobre estes fatos, nas Nações Unidas se abriu o debate previsto para a terça-feira, 25 de outubro, em torno da “Necesidade de pôr fim ao bloqueio comercial e financeiro imposto pelos Estados Unidos da América contra Cuba”, algo que vinha sendo apresentado pela imensa maioria dos países membros dessa instituição ao longo de 20 anos.

Desta vez os numerosos raciocínios elementares e justos -que para os governos dos Estados Unidos não eram mais que exercícios retóricos - puseram em evidência, como nunca antes, a fraqueza política e moral do império mais poderoso que já existiu, a cujos interesses oligárquicos e insaciável sede de poder e riquezas têm sido submetidos todos os habitantes do planeta, incluído o próprio povo desse país.

Os Estados Unidos tiranizam e saqueiam o mundo globalizado com seu poderio político, econômico, tecnológico e militar.

Essa verdade se torna cada vez mais óbvia depois dos debates honestos e valentes que tiveram lugar nos últimos 20 anos nas Nações Unidas, com o apoio dos Estados que se supõe expressam a vontade da imensa maioria dos habitantes do planeta.

Antes da intervenção de Bruno [Rodriguez, chanceler cubano], numerosas organizações de países expressaram seus pontos de vista através de um dos seus membros. O primeiro deles foi a Argentina em nome do Grupo dos 77 mais a China; seguiram-na o Egito, em nome dos Noal [Não Alinhados]; Quênia, em nome da União Africana; Belize, em nome do Caricom; Cazaquistão, em nome da Organização da Cooperação Islâmica; e o Uruguai, em nome do Mercosul.

Con independência destas expressões de caráter coletivo, a China, país de crescente peso político e econômico no mundo, a Índia e a Indonésia apoiaram firmemente a resolução através de seus embaixadores; entre os três representam 2 bilhões e 700 milhões de habitantes. Também o fizeram os embaixadores da Federação Russa, Belarus, África do Sul, Argélia, Venezuela e México. Entre os países mais pobres do Caribe e América Latina, vibraram as palabras solidárias da embaixadora de Belize, que falou em nome da comunidade do Caribe, São Vicente e Granadinas e a Bolivia, cujos argumentos relacionados com a solidaridade de nosso povo, apesar de um bloqueio que já dura 50 anos, será um estímulo imperecível para nossos médicos, educadores e cientistas.

A Nicarágua falou antes da votação, para explicar com valentia por que votaria contra aquela pérfida medida.

Antes já tinha falado o representante dos Estados Unidos para explicar o inexplicável. Senti pena dele. É o papel que lhe atribuíram.

Quando chegou a hora da votação, dois países se ausentaram: Líbia e Suécia; três se abstiveram: Ilhas Marshall, Micronésia e Palau; dois votaram contra: Estados Unidos e Israel. Somados os que votaram contra, se abstiveram, ou se ausentaram: Estados Unidos, con 313 milhões de habitantes; Israel, com 7,4 milhões; Suécia, com 9,1 milhões; Líbia, com 6,5 milhões; Ilhas Marshall, con 67,1 mil; Micronésia, com 106,8 mil; Palau, com 20,9 mil, somam 336 milhões e 948 mil, o equivalente a 4,8% da população mundial, que já se eleva este mês a 7 bilhões.

Depois da votação, para explicar seus votos, falou a Polônia em nome da União Europeia que, apesar de sua aliança estreita com os Estados Unidos e sua obrigatória participação no bloqueio, é contrária a essa medida criminosa.

Depois fizeram uso da palavra 17 países, para explicar com firmeza e decisão por que votaram a favor da resolução contra o bloqueio.

Continuará na sexta-feira (28).

Fidel Castro Ruz
26 de outubro de 2011
21h45
Traduzido pela Redação do Vermelho
Fonte: Cubadebate

Reproduzido do Portal Vermelho

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