domingo, 9 de março de 2014

Garis do Rio conquistam aumento e derrotam o lixo midiático




Renato Sorriso sumiu da Globo!

NEGOCIAÇÃO


Garis conquistam reajuste de 37% e encerram greve no Rio

Em audiência no TRT, prefeitura aceita elevar salário-base em R$ 225 na comparação com o negociado por sindicato. Conversa foi antecipada devido a problemas criados pela suspensão da coleta de lixo


São Paulo – Os garis da cidade do Rio de Janeiro conquistaram hoje (8) um piso salarial de R$ 1.100, após greve de oito dias para cobrar melhorias nas condições laborais. A audiência no Tribunal Regional do Trabalho (TRT) se arrastou durante toda a tarde de sábado e chegou ao fim com a aceitação da administração Eduardo Paes (PMDB) da última proposta feita pelos representantes da categoria.

O novo piso fica abaixo dos R$ 1.200 almejados por um segmento dos garis, mas é R$ 225,21 maior que o previsto no acordo fechado previamente entre a prefeitura e o Sindicato de Empregados de Empresas de Asseio e Conservação e representa um reajuste de 37%. Um grupo dos profissionais não gostou da proposta obtida previamente e passou a desconhecer a mediação sindical, o que levou a administração Paes a promover críticas e a desconhecer a manutenção da greve iniciada em meio ao carnaval.

Desta vez, o discurso foi diferente. Presente à audiência, o secretário-chefe da Casa Civil, Pedro Paulo, disse esperar que se coloque uma pá de cal sobre o assunto. Ele admitiu que a greve foi um aprendizado para a prefeitura, que entendeu sobre a necessidade de negociar de maneira mais ampla com os trabalhadores. “É a cidade voltando à normalidade. Esse é um jogo de ganha-ganha. Ninguém sai perdendo”, disse, em entrevista ao Mídia Ninja.

A reunião no TRT estava marcada para terça-feira, após o fracasso da véspera, mas foi antecipada devido aos problemas causados pela suspensão da coleta de lixo em várias regiões da cidade. O presidente do tribunal, Carlos Alberto Araújo Drummond, chegou a propor um intervalo de vinte dias na greve, manifestando preocupação com a previsão de chuva para os próximos dias.

A prefeitura chegou a apresentar proposta de R$ 1.050, mas os garis que recusaram a intermediação do sindicato decidiram fazer uma contraproposta no valor de R$ 1.100, que acabou aceita. Além do novo piso, os trabalhadores terão R$ 20 de tíquete-refeição diariamente, R$ 4 a mais que o valor que havia sido fechado pelos representantes sindicais.

“O prefeito diz que o nosso movimento é um motim, mas motim é uma rebelião de presos. Isso aqui é um ato de trabalhadores”, queixou-se Célio Vianna, que tem sido um dos porta-vozes dos garis, segundo o jornal O Globo. “A não ser que o prefeito considere que os garis sejam bandidos. Outra reivindicação que fazemos é a melhoria das instalações das nossas gerências, que estão insalubres.”

O aumento acertado foi resultado da contraproposta da categoria. Um dos representantes da comissão de greve, Angelo Ricardo Freitas, disse que os garis saíram vencedores. “Estamos todos satisfeitos, pois não queríamos nada além disso, sentar e conversar e poder propor nossa pauta”, disse.

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A vitória dos garis e o lixo da mídia


A greve dos trabalhadores da Companhia Municipal de Limpeza Urbana do Rio de Janeiro (Comlurb) terminou neste sábado (8) com uma expressiva vitória – talvez o melhor acordo de todas as categorias firmado nos últimos anos. Os garis conquistaram um reajuste no salário-base de 37% – que passa dos atuais R$ 802,57 para R$ 1.100 – e mais 40% de aumento no adicional de insalubridade. Eles não se intimidaram diante da intransigência do prefeito Eduardo Paes (PMDB), que ameaçou demitir mais de 300 funcionários e acionou a polícia contra os seus protestos, e nem com o violento cerco da mídia patronal, que fez de tudo para criminalizar os grevistas. O prefeito recuou, os garis venceram e a mídia foi para o lixo!

Durante a paralisação, que durou oito dias e agitou o Carnaval carioca, a velha imprensa usou todo o seu repertório antissindical para jogar a sociedade contra os trabalhadores da Comlurb. Jornalões e emissoras de rádio e tevê – principalmente os pertencentes à Rede Globo, sediada no Rio de Janeiro – responsabilizaram os grevistas pelo caos na saúde pública, acusaram a categoria de prejudicar o turismo e a imagem da cidade que sediará jogos da Copa do Mundo e as Olimpíadas, garantiram que a paralisação contava com baixa adesão e que foi obra de uma minoria com motivações políticas-eleitorais. Houve um verdadeiro bombardeio midiático contra os garis.

A mídia patronal chegou omitir as várias manifestações de solidariedade dos foliões aos grevistas. Ela nem sequer deu destaque para adesão à greve do famoso “Renato Sorriso”, o gari que já ocupou várias vezes a telinha da TV Globo ao sambar durante a limpeza do Sambódromo e que alegrou o mundo no encerramento das Olimpíadas em Londres. Tudo foi feito – como de costume – para estigmatizar os grevistas e desqualificar os garis, bem ao estilo do preconceituoso Boris Casoy. Agora, com a vitória da greve, alguns colunistas até tentam disfarçar o papel nefasto de seus veículos. Elio Gaspari afirma na Folhadeste domingo (9) que o prefeito Eduardo Paes “produziu uma grande lixeira”. Ele só não diz que a mídia fez parte desta lixeira!

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