terça-feira, 11 de março de 2014

Viúvas da ditadura articulam uma nova versão da Marcha da Família



Viúvas da ditadura tentam reeditar Marcha da Família

Panfletos distribuídos em grandes cidades e eventos organizados via redes sociais fazem convocatória para manifestações no dia 22, em pelo menos 23 estados

Najla Passos

Brasília - Às véspera dos 50 anos do golpe civil-militar, saudosistas do regime que matou, torturou e desapareceu com milhares de brasileiros articulam uma nova versão da Marcha da Família com Deus pela Liberdade, a mobilização de extrema-direita que, em 1964, deu a justificativa que faltava para que os militares tomassem o poder e mergulhassem o país em uma ditadura que durou 20 anos.

Há eventos marcados para o próximo dia 22 em municípios de pelo menos 23 unidades da federação. A propaganda e busca por adesão é feita por meio da distribuição de panfletos e divulgação via redes sociais, mas a adesão, até o momento, é baixa. No maior dos eventos, o de São Paulo, apenas 862 pessoas confirmaram participação, via Facebook, até a tarde desta terça (11).

Na convocatória, os organizadores conclamam a população a “comemorar” a primeira edição da Marcha da Família, realizada em 16 de março de 1964, como reação ao discurso do então presidente João Goulart, de 13 de março, que admitia as reformas de base reivindicadas pelos movimentos sociais populares, poucos dias antes dos militares tomarem o poder.

“Amigos patriotas, vamos todos juntos comemorar esta data tão importante para o nosso país! 50 anos que o povo saiu às ruas pedindo democracia, justiça, liberdade e acima de tudo dizendo ‘não ao comunismo’”, diz o texto publicado n rede social.

Nos posts, os organizadores pregam a “intervenção militar” como a “única forma de preservar a democracia e defender os brasileiros do comunismo”, como afirma Bruno Toscano Franco, que estudou Aviação Civil na Universidade Morunbi e se define como fotógrafo autônomo.

A publicação de comentários foi restrita apenas aos organizadores, depois que vários internautas se manifestaram contra o evento. “Todo e qualquer comentário que seja contrário aos objetivos da nossa luta, será excluído e bloqueado”, alerta Ana Paulo Logullo, formada em pedagogia pela UNIP e que se define, na rede, como gerente da sua própria empresa.

Com amplo acesso à publicação de posts também estão os organizadores da página Contragolpe militar – por um Brasil verde e amarelo, que defendem “a retomada da ética e de valores como o patriotismo, civismo, honra e honestidade”, além de bradar “Fora PT e Foro de São Paulo”.

Na página, eles alertam os brasileiros que vivemos hoje uma ditadura, já que “o PT controla os três poderes”. Já o foro de São Paulo é tratado como um mecanismo “criado por Lula e Fidel tem como objetivo unificar a América Latina em uma República Socialista”. A página, criada em setembro de 2013, tinha sido curtida por 6.637 pessoas até o início da tarde desta terça.

Pinçado do Carta Maior

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