Por Brizola Neto
Agora, com acesso completo, posso afirmar a todos que há uma inexplicada distorção na amostra utilizada nas pesquisas Datafolha em fevereiro – quando Dilma encostava em Serra -, em março – quando este abriu nove pontos de diferença e agora, quando a diferença, estatisticamente, se manteve, subindo um ponto.
Explico: você pode ver na ilustração aí ao lado, retirada do UOL, uma empresa do grupo Folha, a distribuição da população brasileira, que é declaradamente a base da amostra das pesquisas eleitorais de âmbito nacional, inclusive a do Datafolha. A população brasileira foi estimada em 191.480.630 pessoas, assim distribuídas por região: Norte: 15.359.608 (8,02% do total), Nordeste: 53.591.197 (27,99%), Sudeste: 80.915.332, (42,26%), Sul: 27.719.118 (14,48%) e a região Centro-Oeste: 13.895.375 (7,26%).
Nos mapas da Datafoçha, em seu próprio site, aparecem os dados sobre base ponderada – que é o número de entrevistas que, na proporção do IBGE deveria ser considerado, no total proposto para o levantamento. Corresponde, portanto, à aplicação daqueles percentuais regionais sobre o número total de entrevistados. Já o “números absolutos” é o número de entrevistas realizadas e computadas. Os dois números devem ser semelhantes, podendo haver pequenas diferenças, em razão mesmo da velocidade da coleta e transmissão dos formulários e, sobretudo, das frações que restam na distribuição entre os vários pontos de coleta.
Em fevereiro, quando a diferença pró-Serra tinha se reduzido a quatro pontos apenas, os percentuais conferiam. Vejam:
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No caso do Sudeste, as 1109 entrevistas (ideais) correspondiam a 42,28% do total. Recordando, segundo o IBGE, o Sudeste tem 42,26% da população. Viram? Agora as pesquisas realizadas – 1072 – correspondem a 40,87% do total. Uma diferença absolutamente aceitável. Já o Nordeste, região pró-Dilma, que tinha uma participação “ideal” de 27,99%, oui 734 entrevistas, entrou com 752 entrevistas, ou 28,67%. Novamente, pequena diferença.
Mas na pesquisa de março, quando Serra deu o salto que manteve agora, a amostra mudou:
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Agora, o Sudeste, que deveria ter 42,26% das entrevistas, ou 1757, aparecia com 2.545 pessoas num total de 4158, ou seja 61,21% do total. Já o Nordeste, com uma percentagem ideal de 27,99, o que daria 1164 entrevistas, contribuía apenas com 765 formulários, isto é, 18,4%.
Notem, agora não se trata de pequenas diferenças. O crescimento do peso do Sudeste foi de 42,26 para 61,21, isto é, cresceu, relativamente, 44.8%. Já o do Nordeste, que deveria ser 27,99 e baixou para 18,4, teve uma redução proporcional de 34,26%.
Isso não é imprecisão, nem passa despercebido. Os documentos reproduzidos acima estão no site do Datafolha. Basta clicar nas imagens para ver os originais. Qual é a explicação que dá o instituto para essa disparidade?
Na pesquisa atual, os números voltam a ser compatíveis, como em fevereiro, embora os resultados se assemelhem aos de março.
Se os dirigentes do PT, preocupados em não desagradarem a Folha, vão ficar inertes diante disso, o Ministério Público, que tem a obrigação de verificar se houve transgressão à Lei 9.504, que prevê, no seu art. 33, parágrafo 4°, que divulgação de pesquisa fraudulenta constitui crime, punível com detenção de seis meses a um ano e multa.
Ou vai ficar uma cortina de silêncio sobre isso?
Fonte:http://www.tijolaco.com/?author=2
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