sábado, 5 de março de 2011

Mídia esconde a responsabilidade de José Serra nas enchentes de São Paulo

Retirado do  Luis Nassif

A notícia que o Estadão censurou sobre as enchentes


É curiosa a maneira como o Estadão ainda esconde a responsabilidade de José Serra nas enchentes de São Paulo. Fica-se num lero-lero danado.

A questão objetiva - e que deveria motivar uma ação pública contra a irresponsabilidade de Serra- é que o pior governador que São Paulo já teve simplesmente interrompeu o trabalho de dessassoreamento do rio Tietê. Com isso reduziu em 30 a 40% a vazão do rio. A consequência óbvia foi o transbordamento. Em vez de trazer água para o rio, as galerias pluviais conduziam as águas do rio para a cidade.

Foi o erro de gestão mais grave da história de São Paulo. Duvido que alguém aponte outro erro que tenha afetado tal quantidade de pessoas e regiões.

No entanto, por conveniência eleitoral, varreu-se o erro para baixo do tapete. Apenas a blogosfera levou essa informação aos leitores.


Agora, fica-se na situação surreal de continuar escondendo a informação - ou colocando-a escondida em textos - para livrar a cara da falta de jornalismo que marcou a cobertura.

Olha o único vestígio da informação principal, escondido no texto da matéria:

"Todos os anos, cerca de 600 mil m³ de sedimentos vão parar no Rio Tietê, conforme estudos feitos pela Secretaria de Estado de Saneamento e Recursos Hídricos. A limpeza chegou a ser paralisada na gestão José Serra, como destacou Geraldo Alckmin após as enchentes de janeiro".

Muros na beira da Marginal. A arma do governo para o Tietê não transbordar - saopaulo - Estadao.com.br
Muros na beira da Marginal. A arma do governo para o Tietê não transbordar
Pacote antienchente ainda prevê desassoreamento do rio, criação de valas na zona leste, construção de piscinões e instalação de bombas
05 de março de 2011 | 0h 00
Tiago Dantas - O Estado de S.Paulo

Até o fim do ano, o Estado pretende construir quatro muros de contenção na Marginal do Tietê, retirar 2,8 milhões de m³ (230 mil caminhões) de sedimentos dos dois maiores rios da capital e entregar um piscinão na bacia do Pirajuçara, na zona sul. As medidas fazem parte de um pacote antienchente anunciado ontem pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB) - que inclui ainda outros seis piscinões e obras de proteção à várzea do Tietê.

Os investimentos em obras de drenagem na Região Metropolitana de São Paulo devem subir de R$ 285 milhões para R$ 558,5 milhões, de acordo com Geraldo Alckmin. Nem o crescimento de 96% no orçamento, porém, será suficiente para acabar com as enchentes na cidade ou com o transbordamento do Tietê, que já ocorreu três vezes neste ano.

Muros. Uma das formas de evitar que a água do Tietê volte a invadir as pistas será construir muros de até 1,5 metro de altura (com a largura que for necessária) nas laterais da calha, apenas nos trechos em que a pista foi rebaixada, para permitir a passagem de caminhões sob as pontes - o que fez o asfalto ficar abaixo do nível do rio.

Além de represar o curso d"água, o sistema adotado - chamado de dique pelo governo do Estado - também deve contar com bombas capazes de jogar a água da chuva que fica parada nas faixas de tráfego para dentro do rio. O mesmo sistema já funciona na Ponte das Bandeiras, em um trecho que alagou após a chuva de 11 de janeiro.

A instalação de mais diques, discutida pelo menos desde 1997 pelo governo do Estado, deve contemplar os trechos sob as Pontes do Limão, da Vila Guilherme, da Vila Maria e do Aricanduva - onde uma estrutura chamada pôlder também deverá ajudar a evitar inundações nas ruas do bairro, bombeando o excedente da bacia do Aricanduva para o Tietê.

"Essas medidas são importantes, mas só serão acionadas em momentos de emergência. Elas podem evitar que carros fiquem ilhados nesses pontos. Mas isso não é tudo", avalia o professor de Engenharia Hidráulica e Sanitária da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli-USP), José Rodolfo Scarati Martins. "Em São Paulo você tem componentes que nenhuma engenharia resolve, como o excesso de lixo que vai parar no rio e o furto de cabos elétricos, que pode parar o funcionamento de uma bomba de água."

Calha. Para complementar as obras, o governador Alckmin voltou a falar do desassoreamento dos rios. O edital para tirar 2,1 milhões de m³ do Tietê e 700 mil m³ do Pinheiros foi publicado ontem. As obras devem começar em maio.

Todos os anos, cerca de 600 mil m³ de sedimentos vão parar no Rio Tietê, conforme estudos feitos pela Secretaria de Estado de Saneamento e Recursos Hídricos. A limpeza chegou a ser paralisada na gestão José Serra, como destacou Geraldo Alckmin após as enchentes de janeiro.

Valas. No dia 11, deve ser lançado outro edital, para contratar uma empresa que fará a "circunvalação" na região do Parque Ecológico do Tietê, entre a zona leste e Guarulhos. O projeto prevê a criação de valas, que funcionariam como córregos paralelos ao Tietê e teriam o objetivo de receber a água dos córregos próximos. O sistema ficaria completo com a instalação de mais dois reservatórios, que teriam capacidade para receber até 1 milhão de m³ em dias de tempestades.

O governador destacou que essas obras vão melhorar o sistema de contenção das águas na região acima da Barragem da Penha. O fechamento das comportas dessa represa foi apontado como uma das causas do alagamento que durou quase dois meses no Jardim Romano, na zona leste da capital paulista.

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