Por Juliana Sada
Como outros telejornais, o “Jornal Nacional” deu destaque nesta semana à resolução da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) que proibiu três medicamentos emagrecedores que possuíam anfetamina. A diferença, na cobertura da Globo, foi trazer uma (meia) informação a mais: a alta procura por remédios emagrecedores estava causando problemas aos diabéticos. Tratava-se do caso específico do Victozia. Vendido sem receita e utilizado para controle da diabetes, o Victozia começou a ser muito procurado como emagrecedor, fazendo com que o remédio sumisse do mercado.
O telejornal da Globo entrevistou um diabético que não conseguia o medicamento e relatou que, nas drogarias, há listas de espera que chegam a mais de 100 pessoas. Até aí, uma reportagem correta, que presta serviço para o público. Se não fosse um detalhe: faltou ao JN explicar por que houve esse aumento repentino na procura pelo Victozia… Não é preciso muito esforço para lembrar a capa da revista “Veja”, de um mês atrás, que trazia o anúncio: “Parece milagre! Novo remédio faz emagrecer 7 a 12 quilos e, cinco meses. E sem grandes efeitos colaterais.”. Era o tal do Victozia.
Como outros telejornais, o “Jornal Nacional” deu destaque nesta semana à resolução da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) que proibiu três medicamentos emagrecedores que possuíam anfetamina. A diferença, na cobertura da Globo, foi trazer uma (meia) informação a mais: a alta procura por remédios emagrecedores estava causando problemas aos diabéticos. Tratava-se do caso específico do Victozia. Vendido sem receita e utilizado para controle da diabetes, o Victozia começou a ser muito procurado como emagrecedor, fazendo com que o remédio sumisse do mercado.
O telejornal da Globo entrevistou um diabético que não conseguia o medicamento e relatou que, nas drogarias, há listas de espera que chegam a mais de 100 pessoas. Até aí, uma reportagem correta, que presta serviço para o público. Se não fosse um detalhe: faltou ao JN explicar por que houve esse aumento repentino na procura pelo Victozia… Não é preciso muito esforço para lembrar a capa da revista “Veja”, de um mês atrás, que trazia o anúncio: “Parece milagre! Novo remédio faz emagrecer 7 a 12 quilos e, cinco meses. E sem grandes efeitos colaterais.”. Era o tal do Victozia.
A reportagem da “Veja”, com ares de anúncio publicitário, parece ter sido o motivo para essa corrida às farmácias, prejudicando os diabéticos. Vale lembrar: o medicamento, no Brasil, é liberado apenas para o tratamento de diabetes, e não para uso como inibidor de apetite.
Na época, a reportagem de “Veja” causou polêmica. A Anvisa divulgou uma nota, na qual reiterava que o remédio deveria ser utilizado apenas para o tratamento de diabetes: “o uso do produto para qualquer outra finalidade que não seja como anti-diabético caracteriza elevado risco sanitário para a saúde da população”. E, apesar da revista afirmar que não haveria grandes efeitos colaterais, a Anvisa adverte que por ser um remédio novo ainda está sob observação e que até agora já se constataram efeitos colaterais como “hipoglicemia, dores de cabeça, náusea e diarréia. Além destes eventos destacam-se outros riscos, tais como: pancreatite, desidratação e alteração da função renal e distúrbios da tireóide, como nódulos e casos de urticária”. Coisa pouca, na visão da Veja.
A matéria da “Veja” também deixou em alerta a Associação para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica: “achamos, no mínimo, temerária a propaganda do uso indiscriminado desse medicamento para emagrecer. Está provocando uma verdadeira corrida aos consultórios médicos para a prescrição da medicação”, nas palavras de Rosana Bento Radominski, presidenta da Associação.
A nota da Anvisa foi enviada à “Veja”, com o pedido de que fosse publicada na revista “como complemento à reportagem”. Até agora, nada. Nem uma resposta. A gravidade do conteúdo da matéria da “Veja”, que incentiva o uso do remédio, e o impacto negativo que isso tem na sociedade já demandariam que a nota de esclarecimento fosse publicada. São temas de interesse coletivo e que dizem respeito à saúde pública, por isso não deveriam ter de contar com a “boa vontade” dos editores da revista para publicação.
Entretanto, faltam mecanismos – simples e rápidos - para que esse tipo de resposta seja garantido e para que os meios de comunicação não se esquivem de dar espaço para vozes dissonantes. São mecanismos como esse que devem ser garantidos na formulação de um novo marco regulatório das comunicações, que há muito tempo é reivindicado por movimentos da área e evitado por governos, apesar da mídia não parar de fornecer evidências da urgência dessa regulação.
Na época, a reportagem de “Veja” causou polêmica. A Anvisa divulgou uma nota, na qual reiterava que o remédio deveria ser utilizado apenas para o tratamento de diabetes: “o uso do produto para qualquer outra finalidade que não seja como anti-diabético caracteriza elevado risco sanitário para a saúde da população”. E, apesar da revista afirmar que não haveria grandes efeitos colaterais, a Anvisa adverte que por ser um remédio novo ainda está sob observação e que até agora já se constataram efeitos colaterais como “hipoglicemia, dores de cabeça, náusea e diarréia. Além destes eventos destacam-se outros riscos, tais como: pancreatite, desidratação e alteração da função renal e distúrbios da tireóide, como nódulos e casos de urticária”. Coisa pouca, na visão da Veja.
A matéria da “Veja” também deixou em alerta a Associação para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica: “achamos, no mínimo, temerária a propaganda do uso indiscriminado desse medicamento para emagrecer. Está provocando uma verdadeira corrida aos consultórios médicos para a prescrição da medicação”, nas palavras de Rosana Bento Radominski, presidenta da Associação.
A nota da Anvisa foi enviada à “Veja”, com o pedido de que fosse publicada na revista “como complemento à reportagem”. Até agora, nada. Nem uma resposta. A gravidade do conteúdo da matéria da “Veja”, que incentiva o uso do remédio, e o impacto negativo que isso tem na sociedade já demandariam que a nota de esclarecimento fosse publicada. São temas de interesse coletivo e que dizem respeito à saúde pública, por isso não deveriam ter de contar com a “boa vontade” dos editores da revista para publicação.
Entretanto, faltam mecanismos – simples e rápidos - para que esse tipo de resposta seja garantido e para que os meios de comunicação não se esquivem de dar espaço para vozes dissonantes. São mecanismos como esse que devem ser garantidos na formulação de um novo marco regulatório das comunicações, que há muito tempo é reivindicado por movimentos da área e evitado por governos, apesar da mídia não parar de fornecer evidências da urgência dessa regulação.
Reproduzido do Escrevinhador
Nenhum comentário:
Postar um comentário