sexta-feira, 13 de junho de 2014

Brasil venceu assim que a luz do iPhone se apagou

por Fabio Chiorino, em Carta Capital



Jogadores correm para abraçar Felipão após o gol de empate, marcado por Neymar (Crédito: Rafael Ribeiro | CBF)

O Brasil estava nervoso e afobado. E quem não estava? Além da pressão natural de uma Copa do Mundo, existia uma obrigação implícita de vencer a estreia jogando em casa. E em São Paulo, o palco historicamente mais crítico em relação à seleção brasileira.

Ainda causa certo estranhamento observar as arquibancadas das novas arenas construídas para o Mundial. A impressão é que estão lá 60 mil correntistas “premium”presenteados pelos bancos com os ingressos. Não é uma crítica. Mesmo. Mas é algo que me chama bastante atenção. Mas essa torcida, elitizada ou não, reagiu bem ao gol contra de Marcelo. Evitou as vaias, impulsionou como pode. Falta cacoete, é claro, mas se portou de forma digna: apoiou, mesmo ao perceber que a festa se transformava em uma partida dificílima. Naquele momento, as luzes de milhares de iPhones se apagaram e o torcedor enfim levantou a cabeça para enxergar o que acontecia na Arena Corinthians.

Neymar. Gigantesco. Ignorou a juventude e o excesso de responsabilidade e marcou o gol que deu o respiro que Felipão procurava por debaixo de seus bigodes. Quando o camisa 10 desequilibra demais e seguidamente, surge a preocupação sobre a dependência da Seleção Brasileira em relação a ele, como bem descreveu o José Antonio Lima nesse blog. Mas, enfim, menos mal que esteja do lado brasileiro, e não jogando contra nós.

Oscar foi a melhor surpresa da partida. Disperso nos últimos amistosos, já se antevia que perderia o lugar para Willian, seu companheiro no Chelsea. Procurou a bola a partida toda, atuando mais como ponta do que como meia. Luiz Gustavo e David Luiz também foram acima da média, mesmo em uma tarde que a defesa brasileira concedeu espaços e contra-ataques demais.

Alguém precisa ressuscitar Paulinho. Terminou a Copa das Confederações dividindo as atenções com Neymar e Fred. Hoje, parece jogar por carteirada. Roda pelo campo como quem passeia por cartões postais. Não marca nem apoia o ataque. A inconstância no futebol inglês lhe tirou ritmo e o status de inquestionável. As laterais foram outro fator negativo. Assim como observado nos amistosos preparatórios, os espaços por ali são enormes, principalmente nas costas de Daniel Alves, que, definitivamente, não tem vocação defensiva.

O erro do juiz japonês Yuichi Nishimura, curiosamente o único entre os 24 chamados para a Copa que se dedica exclusivamente à arbitragem, causa a revolta da Croácia, ao mesmo tempo em que coloca o Brasil muito cedo na roda de acusações de favorecimento por jogar em casa. A vitória foi merecida, mas a malandragem de Fred não foi o melhor cartão de visitas. Dos sete passos, o primeiro foi dado. Que o último seja uma linda homenagem a Barbosa, tão injustiçado quanto os croatas nessa quinta-feira.

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