domingo, 8 de junho de 2014

Para o Brasil ficar ruim, ainda tem que melhorar muito…

Noite de ontem, Aeroporto Internacional de Cumbica, Guarulhos. Babilônia total. Torcedores com camisas de suas seleções e adereços caraterísticos de seus países misturavam-se em cada canto do Terminal 1, onde o blogueiro aguardava seu voo para o Galeão, Rio de Janeiro.


Muita gente e muita festa. A Copa chegou ao Brasil, pensava o blogueiro. Quem sabe esse clima de pessimismo radical com o país comece a mudar.


Um casal jovem e repleto de sacolas e bolsas, se arrastando e bufando, resolve sentar nas poltronas de espera ao lado do blogueiro. Pelo papo, ficou claro, voltavam de Miami. Provavelmente de uma viagem de compras.


— Isso é um caos, protestou ela.


Ele, mais incisivo ainda, retrucou:


— Para o Brasil ficar ruim ainda tem que melhorar muito…


O blogueiro olhou de soslaio e eles ficaram animados. A moça, mais atirada, começou a puxar papo e a falar mal do país, do PT, do Lula e da Dilma. O esporte favorito de um certo setor nacional.


— Fico olhando isso e me sinto envergonhada, disse ela. E acrescentou: — Olha essa gente aí espalhada, sentada no chão. É um vexame total. A gente não tem civilidade. Somos um povinho bem do mal educado…


O blogueiro assentiu com a cabeça, deu um sorriso amarelo e olhando tanto para ela quanto para o marido e como se não houvesse percebido que eles eram a inspiração para a frase que diria, retrucou:


— Vocês toda razão. Eu estava pensando nisso agora, olhando algumas pessoas carregando um monte de sacolas. Nos falta civilidade, nos falta educação. Onde já se viu, esse povo vai pra Miami, volta carregado de lá, não despacha as coisas e depois fica batendo as sacolas na cara de todo mundo dentro do avião. Não tenho como não concordar com você, tem um povinho brasileiro que é muito do mal educado…


O casal ficou verde, amarelo, azul e branco e o blogueiro voltou o rosto para o Ipad, fazendo de conta que escrevia um texto. Deu dois minutos, desligou o aparelho, se despediu animadamente do casal, que respondeu um tchau entre surpreso e constrangido, e foi rir alto no banheiro.


De fato, tem coisa no Brasil que pra ficar ruim tem que melhorar muito. A dona elite é uma delas.


Renato Rovai, no Contexto Livre

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