Relatório da ONU aponta que acesso à medicação contra Aids na América Latina aumentou, mas ainda é preciso melhorar. Documento indica também que jovens têm se prevenido mais.
Por Natasha Pitts
[02 de agosto de 2010 - 18h41]
A prevenção e o tratamento do HIV/Aids ainda precisam avançar em todo o mundo. Segundo o Programa das Nações Unidas para o HIV/Aids (Unaids), dez milhões de mortes e um milhão de infecções por HIV poderiam ser evitadas. Mesmo com esta possibilidade de salvar vidas, os fundos destinados à Aids podem ser reduzidos.
Segundo informações da ONG Gestos, há cerca de dois anos, o acesso ao tratamento para o HIV ainda era limitado em vários países da América Latina e menos de 30% dos que necessitavam tinham acesso a este tratamento. Hoje, de acordo com Sérgio Costa- assistente de projetos da ONG Gestos - Soropositividade, Comunicação e Gênero, mesmo passados poucos anos, a situação caminha para melhor, mas ainda é necessário avançar.
"O tratamento é um ponto básico. Hoje, 5 milhões de pessoas têm acesso aos remédios e ao tratamento adequado, mas 15 milhões ainda não têm. 2010 deveria ser o ano em que todos teriam o direito o tratamento, mas não foi. Dos países que se comprometeram com a causa, a maioria não cumpriu. Em virtude disso, as pessoas estão adoecendo e morrendo todos os dias. Avançamos consideravelmente na última década, mas ainda há muito que fazer", avalia.
Para fazer referência à promessa não cumprida pelos Governos, a Gestos organizou durante a XVIII Conferência Internacional de Aids, realizada em Viena, na Áustria, de 18 a 23 de julho, a campanha "2010: um ano para não esquecer". Na ocasião, foram realizados debates sobre o ‘Acesso Universal para Mulheres e Meninas’ e os ‘Desafios políticos & econômicos para alcançar os objetivos da UNGASS-AIDS’.
De acordo com Sérgio, os principais gargalos relacionados ao HIV/Aids estiveram presentes nas discussões da Conferência Internacional de Aids, que teve como tema ‘Direitos aqui, direitos agora’.
"As principais pendências estão relacionadas aos direitos humanos das pessoas que tem o HIV/Aids e para o grupo vulnerável que tem seus direitos sexuais negados. Também há uma pendência com relação ao fato de muitos estarem infectados, não saberem e estarem com o vírus agindo em seu corpo e transmitindo para outros. Outro ponto é a necessidade e a importância do tratamento, já que os que estão se cuidando ficam com a carga viral mais baixa e logo tem menor possibilidade de transmitir", explica.
Para chamar a atenção sobre a necessidade de maior atenção e tratamento, cerca de dois mil ativistas protestaram contra a redução de fundos destinados à AIDS. Na entrada do centro de conferência, os ativistas deitaram no chão para simbolizar as mortes ocorridas por falta de financiamento adequado para a AIDS, mortes que poderiam ter sido evitadas.
De acordo com o Unaids, seria possível reduzir o número de novas infecções por HIV em mais de um milhão por ano, se os países fornecerem terapia antirretroviral a todos que necessitam. Seria possível ainda, evitar dez milhões de mortes, até 2015, com iniciativas como o "Tratamento 2.0". A iniciativa precisaria unir esforços para executar tarefas nada fáceis como reduzir os custos do tratamento da doença, fazer com que se tornem mais simples e inteligentes, diminuir a sobrecarga nos sistemas de saúde e melhorar a qualidade de vidas das pessoas que vivem com HIV e de suas famílias.
Dados
Segundo dados da Unaids, os jovens estão saindo na frente quando o assunto é prevenção. Em 15 dos 25 países mais afetados pela síndrome, a prevalência do HIV diminuiu 25% neste grupo, já que muitos jovens estão retardando o início da vida sexual e quando iniciam estão se prevenindo.
Em países como Costa do Marfim, Etiópia, Quênia, Malauí, Namíbia, República Unida da Tanzânia, Zâmbia e Zimbábue, quedas significativas de prevalência de HIV têm sido acompanhadas por mudanças positivas no comportamento sexual da juventude.
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