Quando os jornais contestam qualquer ação dos governos, sejam estes federal, estadual ou municipal, é normal que os mesmos respondam e forneçam suas defesas aos questionamentos. Nada mais natural e é assim que alguns jornais, como a Folha, tem incorporado até a figura do “Outro lado” para permitir a manifestação do contraditório.
Quando um candidato contesta a atitude de um jornal ou de uma emissora, é natural igualmente que esta última responda, como foi o caso ontem no JN, com o questionamento feito por Plínio, ao pouco tempo que o JN lhe reservou para sua entrevista. O apresentador deu às explicações da emissora. Não ficou claro, porem, porque só Plínio, que não pontuou nas pesquisas, teve esse espaço e não o representante do PSTU, por exemplo. Mas esse é tema para outro post.
Na sua entrevista ao JN Serra atacou indiretamente Dilma, falando que não vai na garupa de ninguém. Dilma respondeu ao dia seguinte, que seria covardia o debate eleitoral se Serra se mostrasse na garupa de FHC, do qual foi ministro e candidato em 2002.
Na mesma entrevista ao JN, o candidato tucano atacou o governo citando números e dados. As áreas visadas, saúde e transporte, forneceram respostas em nota que refutam os dados utilizados pelo candidato da oposição.
Nada mais esclarecedor que essa troca de informação e de debate sobre assuntos de interesse do eleitor e do cidadão.
Está não parece ser a avaliação do fato pela imprensa.
Diversos artigos e reportagens sobre o assunto intentam assimilar as respostas fornecidas pelo governo ao uso da máquina. Não é curioso?
Assim, Eliane Cantanhêde, na Folha, acusa Lula de “botar os ministros e seus assessores, pagos com dinheiro público, para monitorar tudo o que Serra faz e “desconstruir” os dados, o discurso e a imagem de bom gestor do principal adversário.
Exemplo: o Ministério dos Transportes produz a contestação a dados expostos por Serra e joga nos sites amigos e na campanha.
Imagine-se agora se FHC pusesse Pedro Malan, Pedro Parente e duas dezenas de ministros para fazer a campanha de Serra contra Lula em 2002? Seria um escândalo.”
Foi feito sim, em 2002, e não foi, nem é escândalo. Pode se dizer que não foi patriótico fazer o que fizeram os tucanos em 2002 utilizando o governo, e não só o seu candidato, para difundir o “medo” contra Lula pretendendo que o futuro do país estava em risco. Penso ser mais correto, como fez Lula recentemente, afirmar que nenhum candidato coloca o país em perigo. Mesmo que não seja indiferente para o futuro da luta contra a desigualdade social, a vitória da Dilma ou do candidato tucano.
Agora, fornecer resposta objetiva a dados inverídicos de qualquer candidato sobre a atuação do governo, é legítimo, e essencialmente uma contribuição para a informação do cidadão. Salvo a incentivar a manipulação dos eleitores a partir de afirmações que não correspondem com a verdade factual. Pois uma coisa é dizer que a saúde não esta bem, por exemplo, e outra muito distinta é afirmar que o governo reduziu o número de cirurgias eletivas, quando é o contrário que é verdadeiro.
Falar de “jogar [os dados] nos sites amigos e na campanha” só pode ser irritação da jornalista com a circulação das informações. Elas foram emitidas em nota oficial e distribuídas para toda a imprensa, disponibilizadas nos sites das pastas respectivas e reproduzidas em diversos jornais e veículos. Este blog, por exemplo, publicou ontem as 7:15 da manhã a matéria da Agência Estado dando conta da nota do Ministério da Saúde e só as 19:11 da tarde a integra da nota que tinha sido disponibilizada pela pasta.
A irritação de Eliane Cantanhede não se justifica e menos ainda a insinuação sobre uso do “dinheiro público” para fazer campanha, trata-se de uma contribuição ao debate democrático que restringe a utilização demagógica de dados manipulados. Uma ajuda inclusive a própria imprensa para ampliar as informações que fornece aos seus leitores. (leia mais...)
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