O governo de São Paulo foi condenado pela prática de racismo cometido por uma professora da rede estadual. O caso ocorreu no ano de 2002 na escola Francisco de Assis, no bairro do Ipiranga em São Paulo (SP). Na ocasião, um estudante negro, de sete anos de idade, teve problemas psicológicos e precisou ser transferido de escola. Conforme a sentença da 5ª Vara da Fazenda Pública de São Paulo, a família do estudante receberá uma indenização por danos morais no valor de R$ 20,4 mil.
O estudante, hoje com quinze anos, teve fobia ao ambiente, problemas de relacionamento e queda na produtividade escolar. O motivo foi a realização de uma atividade baseada no texto “Uma família colorida”. A narrativa contava a história na qual a mãe era vermelha, o pai azul e os filhos cor-de-rosa. O vilão da história era um homem preto, que aparecia para roubar as crianças.
O juiz responsável pela sentença considerou que a atividade aplicada pela professora é incompatível com o princípio constitucional de repúdio ao racismo. O educador Adriano Rodrigues considera difícil o combate a essa prática, pois os professores não recebem formação para lidar com a diversidade.
“Se nós não temos uma política pública de combate ao racismo, é quase natural que isso se espalhe na sala de aula. O professor não vai ser preparado para o combate ao racismo, nem na faculdade, nem no seu local de trabalho e ele vai reproduzir as situações racistas em sala de aula. A ação pedagógica poderia contribuir, mas acaba servindo de instrumento de reprodução das relações sociais que aí estão e, principalmente, as relações raciais.”
O nome da professora não foi revelado, embora o processo não corra em segredo de Justiça. A Procuradoria Geral do Estado ainda não informou se irá recorrer da decisão.
De são Paulo, da Radioagência NP, Jorge Américo.
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