"O cônsul confirma a percepção da executiva [da petrolífera americana Chevron] ao escrever que fontes do Congresso disseram que Serra recomendara ao PSDB e outros partidos da oposição que fizessem emendas aos projetos, mas não se opusessem a eles. Diante desse cenário, a estratégia das petrolíferas para barrar a aprovação do novo marco do pré-sal seria fazer lobby no Senado por meio do IBP e de outras entidades como Organização Nacional da Indústria do Petróleo (Onip) e Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). Embora, na sua avaliação, Hearn tenha escrito que a mudança na Lei do Petróleo pode afetar o interesse das companhias americanas, em diversos outros telegramas as empresas reafirmam sua intenção de permanecer no Brasil, mesmo com a alteração nas regras”.
O GLOBO – Americanos de olho no pré-sal
“Deixa esses caras [do PT] fazerem o que eles quiserem. As rodadas de licitações não vão acontecer, e aí nós vamos mostrar a todos que o modelo antigo funcionava… E nós mudaremos de volta”, disse Serra a Patricia Pradal, diretora de Desenvolvimento de Negócios e Relações com o Governo da petroleira norte-americana Chevron, segundo relato do telegrama.
Folha SP – Petroleiras foram contra novas regras para pré-sal
Vemos que enquanto José Serra recomendava à oposição a não se opor ao projeto do governo e limitar-se a apresentar emendas, o mesmo Serra explicava para a mesma executiva de Chevron que reverteria a lei aprovada pelo governo Lula no pré-sal, caso fosse eleito.
Curiosamente O Globo omite que José Serra tinha afirmado que reverteria a decisão do novo marco regulatório e mesmo que tenha dito para Chevron que depois poderiam voltar. Ao contrário do Globo, a Folha traz esses trechos dos telegramas revelados pelo Wikileaks.
Relembremos que em consonância com os interesses das empresas americanas de petróleo, a oposição veiculou em 2009 as emendas redigidas pelo IBP e José Serra evitava tomar abertamente posição sobre o assunto.
Já em 2010, com a passagem de Serra ao segundo turno, David Zylbersteajn revelou que tinha proposto para José Serra reverter o sistema de partilha. O candidato tucano pretendeu que a posição de Zylberstajn não era representativa do seu pensamento, enquanto cogitava, caso eleito, implementar o projeto explicitado pelo próprio Zylberstajn.
De sorte que enquanto Serra publicamente evitava endossar a proposta de manter o sistema anterior no pré-sal, nos bastidores afirmava para a representante da petroleira norte-americana que procederia de acordo com o que elas defendiam.
Luis Favre
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Postado por Luis Favre
Retirado do Blog do Saraiva
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