Precisamos colocar os dados em perspectiva histórica'
Lisandra Paraguassú / BRASILIA - O Estado de S.Paulo
ENTREVISTA - Fernando Haddad, ministro da Educação
O ministro da Educação, Fernando Haddad, comemorou os resultados do Pisa. Apesar de reconhecer que o Brasil tem um longo caminho pela frente, afirma que, se for mantido o crescimento registrado na última edição, o País atingirá as metas traçadas para 2022. A seguir, os principais trechos da entrevista concedida ontem ao Estado.
O País teve uma melhora significativa no Pisa 2009, mas os dados mostram que a qualidade da educação ainda é sofrível. Como o senhor recebeu os resultados?
O olhar correto sobre esses indicadores é colocá-los em perspectiva histórica. Não podemos abolir o século 20, que foi praticamente desperdiçado pelo Brasil na educação. Enquanto todos os países investiram pesadamente na formação dos cidadãos, o Brasil custou a despertar para o assunto. Tivemos um bom momento na Constituinte de 88, logo negado pelo advento da Desvinculação de Receitas da União. O Brasil, na primeira década do século 21, começa um processo de retomada evidente. Dos países que fizeram o Pisa em 2000, é o terceiro da lista em incremento. Metade do incremento na pontuação se deu nos últimos três anos, sobretudo após a Prova Brasil de 2005, que recolocou a aprendizagem no centro da atenção da escola pública. Os dados mostram melhorias em todas as três áreas avaliadas, mas matemática continua tendo os piores números.
Não é necessário um trabalho específico nessa área?
Eu não tenho dúvida. Nós já tínhamos esse diagnóstico, tanto que tomamos duas medidas, além da Prova Brasil: a Olimpíada de Matemática, que os estudos empíricos mostram que teve repercussão no ensino, e a inclusão da matemática no Enem. Até 2008, o Enem sequer cobrava matemática. Essas duas coisas já estão repercutindo favoravelmente. Mas há espaço para um trabalho específico na área.
Quanto se analisa o Pisa por Estados, o que se vê é que, mesmo com evoluções, os piores continuam piores, só mudam de posições. Não é preciso investir mais forte no Norte e Nordeste?
No Norte e Nordeste, as condições de equalização das oportunidades educacionais só se tornaram realidade com o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb). Em 2002, o Fundo Nacional de Desenvolvimento do Ensino Fundamental (Fundef) remunerava a matrícula do Maranhão a 50% da do Paraná. Com o Fundeb é 90%, e vai melhorar em 2011, quando atingiremos R$ 10 bilhões de complementação.
Mas o Fundeb só faz o investimento chegar ao patamar do Sul e Sudeste. Não é preciso investir mais para compensar?
Temos as transferências voluntárias e o investimento federal na rede federal de universidades e escolas técnicas. Estamos fazendo um esforço adicional de interiorizar as redes, além das transferências voltadas para educação básica.
Fonte: Estado de São Paulo
Retirado do site Liderança do PT no Senado
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