Racismo contra bolsista da PUC motivou a criação de um fórum; faculdades debatem a questão
Mariana Lenharo – Jornal da Tarde
Semanas depois de vir à tona o caso de discriminação contra a aluna do ProUni Meire Rose Morais, que cursa o último ano de Direito na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), representantes da Faculdade de Direito da instituição resolveram criar um Fórum Permanente de Inclusão Social e Ações Afirmativas, inaugurado anteontem. Outras universidades já têm ações que seguem na mesma direção, como a São Judas, que criou, neste semestre, um Núcleo de Atenção à Discriminação e Intolerância.
O fórum da PUC foi organizado pelos professores e desembargadores Consuelo Yoshida e Antonio Carlos Malheiros, titular da área de Direitos Humanos e coordenador da comissão responsável pela apuração do caso de discriminação contra Meire. Malheiros adiantou que a ideia do movimento não é punir, mas ter um caráter pedagógico, “de maneira que possamos nos tornar mais tolerantes e receptivos a todas as ideias, e aceitarmos as diferenças”.
De acordo com Consuelo, o objetivo do fórum é a ampliação do envolvimento do corpo docente e discente, visando a prevenção da discriminação de qualquer natureza na universidade. O diretor da Faculdade de Direito, Marcelo Gomes Sodré, anunciou que vai criar mecanismos para que os alunos do ProUni passem a ter um acompanhamento mais detalhado. “Historicamente detectamos poucos problemas, mas temos de confessar que, talvez, a gente não tenha se debruçado como deveria com relação ao acompanhamento desses alunos”.
Estudantes bolsistas presentes na inauguração do fórum mostraram-se receosos de que a atitude da PUC fosse apenas uma “resposta à mídia”. “O que a gente percebe é que os fatos não são isolados. O que se torna isolado é uma voz ser realmente ouvida”, diz a doutoranda da área de Linguística Aplicada da PUC, Carla Messias.
Na Universidade São Judas, o Núcleo de Atenção à Discriminação e Intolerância foi criado neste semestre durante um simpósio sobre o holocausto. “Trouxemos sobreviventes do holocausto para mostrar para os alunos até onde pode chegar a intolerância”, conta o diretor de extensão Fernando Duch. “O objetivo dessas ações é fazer com que percebam a importância de valorizar as diferenças”.
No caso do Mackenzie, há comissões que se reúnem para acompanhar os bolsistas. “Felizmente, até hoje, não houve reclamação no sentido de manifestar descontentamento quanto a tratamentos desiguais”, afirma o professor Ademar Pereira, decano da instituição.
A primeira ação do fórum da PUC será incluir debates sobre o preconceito na semana de recepção aos calouros no próximo ano. Os próprios bolsistas, contudo, podem não chegar à universidade a tempo de participar dos eventos, pois os atrasos na seleção desses alunos, por parte do MEC, faz com que iniciem as aulas depois do restante da classe.
Retirado do Blog Leituras Favre
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