Aumento real do salário mínimo e economia aquecida beneficiaram mais a mão de obra feminina na região
VERENA FORNETTI
CLAUDIA ROLLI
DE SÃO PAULO
A renda das mulheres cresceu mais do que a dos homens em três regiões metropolitanas do Nordeste pesquisadas pelo Dieese (Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos) em 2010.
Em Fortaleza, em Recife e em Salvador, enquanto o rendimento feminino por hora avançou de 1,8% a 12,7%, o masculino variou de -0,2% a 9,7%.
A renda feminina foi puxada principalmente pelo comércio e pelos serviços domésticos. Para os homens, a construção civil esteve entre os setores com maior alta.
Lúcia Garcia, supervisora da Pesquisa de Emprego e Desemprego do Dieese, afirma que a combinação do aumento do mínimo com o crescimento acelerado em 2010 explica a vantagem feminina nas três capitais nordestinas.
Garcia pondera que, no Nordeste, as mulheres estão concentradas em postos de trabalho que pagam o mínimo. Portanto, a variação no rendimento base -que teve aumento real de 6,02% no ano passado- é mais determinante para elas.
Em Fortaleza, o rendimento médio das mulheres, descontada a inflação, passou de R$ 3,91 por hora em 2009 para R$ 3,98 em 2010 (o dos homens foi de R$ 5,07 para R$ 5,06). Em Salvador, avançou de R$ 5,19 para R$ 5,54 (R$ 6,29 para R$ 6,50 no caso dos homens).
E, em Recife, foi de R$ 3,70 para R$ 4,17 (R$ 4,52 para R$ 4,96 para os homens). Entre as sete regiões pequisadas, o Distrito Federal é a que tem a maior remuneração por hora para mulheres: R$ 9,99 em 2010 (contra R$ 12,46 dos homens).
O fato de os salários no Nordeste serem mais baixos acentua a importância da alta real do salário mínimo.
O professor José Dari Krein, da Unicamp, concorda. "As categorias com menores rendimentos foram mais beneficiadas com a política de valorização do salário mínimo, o que beneficia as mulheres."
Para Marcio Pochmann, presidente do Ipea, a melhora na renda das mulheres pode ser explicada, em parte, por uma "transição". "Elas deixam de ocupar serviços domésticos e informais para vagas com mais proteção, como no setor industrial."
Pedro Paulo Carbone, diretor-executivo do Ibmec Brasília, afirma que é necessário incrementar as políticas públicas para diminuir a desigualdade salarial.
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