terça-feira, 26 de abril de 2011

Monteiro Lobato, um racista

Uma cambada subiu nas tamancas quando o Ministério da Educação publicou parecer recomendando que o uso de Caçadas de Pedrinho, do Monteiro Lobato, em sala deveria ser acompanhado de instrumentos que contextualizem epítetos e caracterizações que hoje são inaceitáveis em nossa interação social (como o racismo).
Mesmo sem ler, jornalistas, deputados, escritores e escritoras indignados de plantão, quadrinistas gagás e toda sorte de gente que não costuma ler pareceres e nem livros infanto-juvenis se mandou a gritar CEEEEEENSUUUUUUUURAAAAA! Que a democracia brasileira estava em perigo e que Monteiro Lobato era a quinta maravilha para todos os brasileiros.
No meio tempo a maior parte de sensatez nesse debate foi reunida nos posts de Idelber Avelar sobre o assunto e nos magníficos textos de Ana Maria Gonçalves – Não é sobre você que devemos falar e Carta Aberta ao Ziraldo.
Eis que a eleição passou, o carnaval acabou, a poeira baixou, o assunto mudou e os incautos sumiram. Alguns jornalistas ou estudiosos parece que resolveram ler a obra do Monteiro Lobato pra ver qual era a dele.
Hoje a Mônica Bergamo publicou a seguinte nota na Folha de S. Paulo (acesso só para assinantes):
CONFISSÕES DE LOBATO
A revista “Bravo!” publica em maio cartas inéditas do escritor Monteiro Lobato. “Um dia se fará justiça ao Ku Klux Klan; tivéssemos uma defesa dessa ordem, que mantém o negro no seu lugar, e estaríamos livres da peste da imprensa carioca-mulatinho fazendo o jogo do galego, e sempre demolidor porque a mestiçagem do negro destrói a capacidade construtiva”, escreveu em 1938 o escritor, censurado pelo governo por racismo.
A nota obviamente vai dizer que o governo “censurou” Monteiro Lobato, uma mentira deslavada, uma vez que o governo nunca proibiu a livre circulação de suas obras, que continuam a ser vendidas nas livrarias, compradas por bibliotecas e, provavelmente até utilizadas em salas de aula.
A Conferência Nacional de Educação, ligada ao Ministério da Educação, recomendava que os alunos tivessem orientação aos alunos sobre o racismo de Lobato e achavam que o uso desse tipo de conteúdo em sala de aula era um constrangimento para os alunos negros. É só ler o parecer. Assim como não leram a obra de Monteiro Lobato, jornalista no Brasil não costuma ler nada, mesmo quando mostram que Monteiro Lobato era de fato um odioso e grotesco racista.
A Unicef lançou na semana passada a campanha Por um infância sem racismo, a motivação é atacar a discriminação racial que persiste no cotidiano das crianças brasileiras e se reflete nos números da desigualdade entre negros, indígenas e brancos. E essa discriminação também é muito forte nas salas de aula, nos livros infantis e faz com que crianças e adolescentes abandonem as escolas. Vale a pena visitar o site oficial! 

Um comentário:

Anônimo disse...

EU LI TODA A OBRA DE LOBATO E CONFESSO ESTOU SURPRESA,POIS COMO PODE HAVER TANTA INCOERENCIA.O SITIO ERA UMA SOCIEDADE DEMOCRATICA.LOBATO DEU VOZ E VOTO A CRIANÇA E AO IDOSO,ENTAO COMO PODE TER PENSAMENTOS TÃO RACISTAS?VOCE JÁ LEU O SITIO?AS PESSOAS SÃO LIVRES E TEM PODER DE DECISÃO.O SITIO É UMA OBRA LINDA.TAMBEM FIQUEI TRISTE,ADMIRAVA LOBATO,O CONSIDERAVA UM VISIONÁRIO,AGORA IREI REPENSAR MEU CONCEITO SOBRE O ESCRITOR QUE TANTO AMEI.