domingo, 23 de agosto de 2009

"Falta moral ao Senado para investigar a Petrobras", diz Sader

Do Diário de Natal
Edição de domingo, 23 de agosto de 2009

Ao ministrar palestra em Natal, o professor e sociólogo Emir Sader fala sobre problemas relacionados à estatal.


O professor e sociólogo Emir Sader, de passagem por Natal proferir a palestra "A importância estratégica do pré-sal e o ataque ideológico à Petrobras", disse que o papel da estatal não é dar lucro, e sim fomentar o social. Fala que a tentativa de abertura de uma CPI é a oportunidade que a oposição queria para iniciar a campanha presidencial e diz faltar autoridade ao Senado para iniciar uma investigação sobre a empresa.


Questionado se, ao tentar brecar a CPI da Petrobras, o governo não gerou uma confusão maior e não teria dado uma lição de transparência caso tivesse aceito a investigação, ele respodeu negativamente. "As contas da Petrobras devem ser acompanhadas pelo Tribunal de Contas da União. Já a busca pela CPI foi transformada em denuncismo, claramente em abertura da campanha presidencial do próximo ano", afirmou.


Insistindo na pergunta, a reportagem questionou se, com a dimensão, importância e simbolismo que a empresa tem para o Brasil, o Senadonão seria um lugar apropriado para o debate, Sader falou que a casa "não tem moral nenhuma para iniciar uma investigação. Sequer para investigar a si mesmo".


Os maiores escândalos da história brasileira se deram no governo FHC (Emir Sader - professor e sociólogo)


"Os maiores escândalos da história brasileira se deram no governo Fernando Henrique Cardoso, a maior trasferência de patrimônio público a preço de banana. Renan Calheiros era menos corrupto no governo FHC? Sarney era menos corrupto? Tudo bem, a transparência deve ser perseguida no que se refere a uma empresa que é orgulho nacional, mas a maneira como está sendo feita, onde na verdade questiona-se os patrocínios da Petrobras".


O sociólogo declara não haver privilégios nos contratos de patrocínio da empresa. "A Central Única dos Trabalhadores (CUT) não recebia um centavo da Petrobras na gestão FHC. Quanto Wilson Santarosa (gerente de Comunicação Institucional da Petrobras) assumiu o seu cargo, a CUT correu para saber se iria receber financiamentos da estatal. E ele respondeu que sim, 'na devida proporção'. Se a CUT recebe mais dinheiro da Petrobras hoje éporque ela tem mais filiados".


Sobre a tramitação de um projeto de lei que prevê uma distribuição nacional de royalties da Petrobras, ele fala que a proposta deve ser melhor analisada e, se essa distribuição for muito pulverizada, estados do nordeste poderão sair prejudicados.


"O papel da empresa é fomentar o social. Caso a redistribuição prejudique o desenvolvimento de um estado nordestino, não vejo sentido em aprová-la".


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