domingo, 26 de setembro de 2010

DEM e PPS serão os maiores derrotados

Está no Correio Braziliense deste domingo, com assinatura de Ivan Iunes:

Assim que os votos de todo o país forem consolidados no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) na noite de 3 de outubro, PSB e DEM estarão separados por sentimentos distintos: euforia e desolação. A análise de especialistas aponta que nenhuma outra legenda sairá das urnas com resultado melhor do que os socialistas, enquanto ninguém terá um desfecho tão ruim quanto os democratas. Somente na Câmara dos Deputados, a previsão é que o maior vencedor das eleições aumente sua bancada em um terço. Já o DEM sairá com um terço a menos de cadeiras na Casa, índice superior apenas ao do PPS, que perderá 38% da representatividade (veja quadro).


Para o PSB, a situação também deve ser muito boa no Senado. Com apenas dois senadores com mandato, a futura bancada do partido pode chegar a cinco, caso as pesquisas atuais sejam confirmadas e João Capiberibe (AP), Lídice da Matta (BA), José Reinaldo Tavares (MA), Antônio Carlos Valadares (SE) e Rodrigo Rollemberg (DF) acabem eleitos.

O cenário positivo do partido no Senado se mantém nas projeções da Câmara e nas pesquisas de intenção de voto para governador. Na Casa Baixa, os institutos de consultoria Patri, Arko Advice, Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap) e o cientista político David Fleisher arriscam que o PSB terá entre 30 e 45 deputados federais a partir de 1° de janeiro — atualmente, são 27. Nos estados, tudo indica que a legenda reelegerá Eduardo Campos (PE) e Cid Gomes (CE).

No pior cenário, o PSB ganharia mais um governador, com a eleição de Renato Casagrande (ES). E ainda há chances com Wilson Martins, no

“O principal beneficiado nesse pleito será justamente um partido próximo ao PT, mas que tem a imagem menos radical e administrações muito bem-sucedidas, o PSB”, explica o diretor do Diap, Antônio Queiroz. A legenda também conseguiu atrair bons puxadores de votos, como os ex-jogadores de futebol Marcelinho Carioca, em São Paulo, e Romário, no Rio de Janeiro.

Em outro extremo, DEM e PPS sairão das urnas com resultados frustrantes, segundo os prognósticos. O PPS deve eleger somente 13 deputados — oito a menos do que há quatro anos. No Senado, o salvador da lavoura pode ser Itamar Franco (PPS-MG), mas o ex-presidente enxerga no retrovisor a aproximação do adversário Fernando Pimentel (PT-MG). “Pagamos um preço alto por não permanecermos ao lado do governo a partir de 2005, um preço que nós sabíamos que poderíamos ter de pagar. De uma certa forma, nosso programa de governo chegou de forma muito tímida até o eleitor”, analisa o deputado federal Raul Jungmann, do PPS de Pernambuco.

Principal partido da oposição em 2002, quando elegeu 84 deputados, nenhuma outra legenda vai sair do pleito de 2010 tão “desidratada” quanto o DEM. O envelhecimento de seus principais líderes fez com que a sigla trocasse o nome, de PFL para Democratas, e colocasse os novos quadros políticos para tocar um processo de rejuvenescimento. Quatro anos depois, no entanto, as urnas mostrarão que o esforço pode ter sido em vão. O DEM deve eleger cerca de 46 deputados — 19 a menos do que há quatro anos. No Senado, a perda também será substancial. Antes nomes fortes, Heráclito Fortes (PI), Efraim Morais (PB) e Marco Maciel (PE) provavelmente não conseguirão renovar a permanência na Casa. A bancada do partido cairia de 14 para oito senadores.

Segundo Queiroz, do Diap, o principal problema do DEM foi não ter conseguido renovar seu programa de governo. “Os novos líderes não conseguiram encantar a população, seduzir os eleitores. As propostas do partido permanecem as mesmas, e são extremamente liberais — uma prática que, no passado, sobrevivia à sombra do Estado e agora não encontra mais receptividade”, aponta o consultor.

Retirado do Brasília, urgente

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