As eleições de Dilma Rousseff (PT) como presidenta eleita da República, e Rosalba Ciarlini (DEM), na condição de governadora do Rio Grande do Norte devem refletir substancialmente no novo cenário político do Rio Grande do Norte. A presidenta é adversária da governadora e ambas são, até que se prove o contrário, aliadas da prefeita da capital, Micarla de Sousa (PV). Há, portanto, uma reversão de alianças e parcerias. Enquanto o Estado sairá da condição de parceiro político da presidência da República – tanto Iberê Ferreira como Wilma de Faria são de um partido considerado aliado de primeira hora do PT, o PSB – o Executivo Municipal, tratado na condição de adversário após a eleição de 2008, nutre agora de uma nova expectativa frente ao repasse de dividendos oriundos da União.
O senador Garibaldi Alves (PMDB), observou que não acredita em represálias do governo Dilma Rousseff ao Rio Grande do Norte em face da governadora eleita, Rosalba Ciarlini, ser de uma ala oponente ao governo federal. Ele disse que está disposto a apoiá-la nas principais reivindicações e encaminhar assuntos de interesse do estado. Garibaldi é do partido do vice-presidente da República, Michel Temer (PMDB). “Essa disposição existe da minha parte e da bancada federal. Não acredito que haja algum problema neste sentido”, ressaltou o peemedebista.
A deputada federal Fátima Bezerra, do PT, reconheceu que um governo com alinhamento político ao grupo que comanda o Planalto se beneficia mais substancialmente em virtude da proximidade programática, no entanto, assegurou que não haverá discriminação. “Naturalmente [com o alinhamento político e programático] isso flui com mais efetividade. A capacidade de articulação se torna mais potencializadora, mas nem por isso nós podemos destacar que o governo vai deixar de se relacionar institucionalmente. O governo Lula deu demonstração disso e você tire como exemplo Mossoró”. A parlamentar petista assinalou que a prefeita de Mossoró, Fafá Rosado, mesmo estando na condição de oposição ao governo Lula foi muito beneficiada, tendo recebido investimento das áreas mais importantes.
Ainda segundo a petista, a Prefeitura de Natal também deverá ter o tratamento de uma parceria institucional. “Cabe a ela [Micarla de Sousa] apresentar capacidade de gestão, ter bons projetos para que possa ter uma boa parceria com o governo federal. Ela vai ser tratada do mesmo jeito, a partir de janeiro do ano que vem”, atestou Fátima Bezerra.
A governadora eleita tem afirmado, sempre que é questionada sobre o assunto, que vai bater a porta do governo federal para obter as parcerias necessárias aos investimentos e às ações que pretende implementar no Estado. Ela quer ampliar o número de convênios, os financiamentos e repasses do governo federal. Rosalba, inclusive, fez uma campanha discreta para o candidato José Serra (PSDB), sobretudo no seu principal reduto eleitoral, Mossoró.
Partidos vão definir posicionamento
Enquanto as parcerias administrativas dos partidos com o governo federal já estão definidas – com DEM e PSDB capitaneando a oposição – nas esferas estadual e municipal ainda há indefinições e, neste caso, de legendas consideradas potenciais para a governabilidade, como o PMDB. Dividido no período eleitoral, a legenda comandada pelo deputado federal Henrique Alves e pelo senador Garibaldi Alves, ainda não fechou questão sobre o posicionamento governo/oposição na Assembleia Legislativa. O senador Garibaldi opina que “o melhor seria todos caminharem unidos”, no entanto, tal tese está cada vez mais difícil de prosperar, uma vez que pelo menos dois parlamentares já se disseram situação e outros dois oposição. “Vamos ouvir a todos e eu tenho certeza que o presidente estadual Henrique Alves vai, após isso, encontrar uma solução”, destacou o peemedebista.
No caso da gestão municipal, a prefeita de Natal, Micarla de Sousa, deverá ter o DEM como um aliado distante nos próximos meses. Uma prova disso foram as declarações do senador José Agripino Maia, presidente estadual da legenda, que externou o descontentamento com o apoio da pevista à candidatura de Dilma Rousseff. Micarla de Sousa também deve ter o PT como partido adversário, mesmo com a aproximação da sigla no plano nacional. “Faremos uma oposição com firmeza e com responsabilidade. Claro que se nós tivéssemos um partido aliado no governo do estado seria melhor no nosso ponto de vista, até para dar continuidade. A partir de janeiro nós somente seremos situação no plano nacional”, declarou Fátima Bezerra.
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