Retirado do Congresso em Foco
Por Édson Sardinha e Renata Camargo
Estranha no ninho
De origem modesta e sem tradição familiar na política, a deputada Fátima Bezerra (PT) se descreve como a única parlamentar que tem um perfil de origem social na bancada do Rio Grande do Norte. Reeleita pela segunda vez como a mais bem votada do estado, ela atribui a votação expressiva à “luta social e popular” de seu mandato.
“Essa votação traduz o reconhecimento do povo potiguar do nosso trabalho. O mandato tem se esforçado para fazer as pontes entre as demandas do estado junto ao governo federal e tem uma vinculação com as lutas sociais e populares. O mandato preserva até hoje o caráter militante”, diz.
Para Fátima, apesar de sua votação expressiva, a tradição familiar na política do Rio Grande do Norte ainda é muito forte. A parlamentar afirma que, somente em 2002, o estado elegeu um representante federal que não era ligado às famílias tradicionais. “Até aquele ano, das oito vagas que o Rio Grande do Norte tinha direito, só quem conseguia se eleger eram os candidatos oriundos de famílias tradicionais ou aqueles que dispunham de um forte aparato do poder econômico”, avalia.
A parlamentar considera que essa perpetuação no poder não favorece o processo político de renovação e de pluralidade.
“A presença forte das famílias tradicionais, aliada ao aspecto do poder econômico, evidentemente dificulta, e muito, o processo de renovação, de pluralismo no campo da representação política. Não estou falando aqui do ponto de vista do desempenho pessoal de cada um. Mas evidente que o aspecto negativo é que, num contexto desses, fica difícil você ter novos quadros e uma representação de caráter mais plural”, conclui.
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