quarta-feira, 11 de maio de 2011

Filho de Osama Bin Laden critica operação que matou seu pai e ameaça processar EUA

João Novaes | Redação

O saudita Omar Bin Laden, filho do terrorista Osama Bin Laden, criticou publicamente o governo dos Estados Unidos pela maneira como seu pai foi morto e pela forma como seu funeral foi realizado. Em comunicado, ele pergunta a razão de seu pai ter sido baleado enquanto se encontrava desarmado e não ter sido levado a julgamento, e pede que a ONU (Organização das Nações Unidas) investigue o fato.


Omar afirma que “assassinatos arbitrários não são uma solução para problemas políticos e que os julgamentos dos crimes devem ser realizados através da Justiça”. Segundo o governo dos Estados Unidos, Bin Laden morreu durante uma ação de um comando militar norte-americano ocorrida no último 1º de maio, em uma mansão em Abbottabad, no Paquistão.

Nesta terça-feira (10/05), o site do jornal norte-americano The New York Times publicou um comunicado de Omar (leia a íntegra). Ela foi entregue ao jornal pelo escritor norte-americano Jean Sasson. O jornal afirma que uma versão diferente da mensagem foi publicada em um site “jihadista”.

Inicialmente, os protestos de Omar foram publicados no blog de Sasson. Os dois, ao lado de Najwa Bin Laden, mãe de Omar e ex-esposa de Osama, são co-autores do livro “Growing Up With Bin Laden” (Crescendo com Bin Laden, na tradução em português). Tanto no livro quanto publicamente, Omar condenou os atos do pai, lamenta o 11 de Setembro e diz rejeitar qualquer forma de terrorismo.

“Assim como condenamos nosso pai, nós agora condenamos o presidente dos Estados Unidos por ordenar a execução de homens e mulheres desarmados”, diz Omar no comunicado.

No comunicado, Omar e seus irmãos afirmam que, caso suas respostas não sejam respondidas em trinta dias, eles irão procurá-las através de instâncias jurídicas internacionais, com a ajuda de um grupo de “eminentes advogados britânicos”.

Comunicado

Na mensagem, Omar fala em seu nome e de parte da família. No início ele diz ainda ter dúvidas da morte de Osama devido à falta de evidências e faz todo seu relato baseando-se na suposição de que o relato norte-americano é verdadeiro.

O filho de Bin Laden critica o fato de o governo dos EUA ter decidido não publicar fotografias e vídeos que mostrassem o corpo do terrorista. De acordo com o governo dos EUA, pouco após ser abatido, o corpo de Osama foi levado da mansão por um helicóptero e, após seguir “ritos funerários tradicionais islâmicos”, foi jogado ao mar – atitude que também foi duramente criticada por Omar. Ele pede que os EUA forneçam – publicamente ou em privado, para a família – imagens de que seu pai está realmente morto.

Omar também questiona o fato de Osama ter sido morto quando se encontrava desarmado – fato que foi confirmado pela Casa Branca – e não ter sido julgado por seus crimes em um tribunal “para que a verdade pudesse ser revelada ao mundo”.

“Se ele foi sumariamente executado, então questionamos a validade desse assassinato, já que não apenas o direito internacional foi brutalmente violado. Os EUA deram um exemplo muito diferente a respeito do direito de se ter um julgamento justo e da presunção de inocência até que se prove o contrário por um tribunal. Este direito, pelo qual a sociedade ocidental foi construída e se sustenta, foi sacrificado, pois o julgamento de Osama Bin Laden era possível, como já havia ocorrido nos casos do (ex-) presidente do Iraque Saddam Hussein ou do (ex-) presidente sérvio Slobodan Milosevic”, diz Omar no comunicado.

Ofensa

O episódio da operação mais criticado por Omar foi o fato de o corpo de Obama, segundo o governo norte-americano, ter sido jogado ao mar. “Por que não fomos contatados para receber seu cadáver? Seu súbito e não-testemunhado funeral privou a família de realizar os ritos religiosos aos quais um homem muçulmano tem direito".

Omar também pede apoio internacional para que o governo do Paquistão repatrie os menores de idade que supostamente se encontravam na mansão de Osama durante a operação, além das mulheres capturadas, para evitar que elas sejam oprimidas no futuro.

Ao fim, Omar, atualmente com 30 anos, reiterou que nunca concordou com as ações de seu pai e que, durante pediu diversas vezes, através de mensagens, que ele mudasse seus métodos – e nunca procurasse atingir civis. Omar afirma ter treinado em acampamentos da Al Qaeda durante seis anos, até largar a organização em 2000. Também disse que a última vez que viu seu pai foi na Arábia Saudita, em 2001, após os atentados de 11 de Setembro.

Sasson contou ao NY Times que Omar não quer dar entrevistas, e afirma que a morte de Osama afetou sua família da “mesma maneira que muitas outras se sentem quando perdem um membro”.

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