Um exemplo de dignidade.
Ainda mais significante quando parte de um Jornalista da Veja:
"Errei feio, comentando suposta passageira "clandestina" no avião presidencial e exigindo a demissão do comandante. Peço desculpas a ele e aos leitores, e conto o que se passou"
Vale a pena ler.
E cumprimentar o Setti.
Da Coluna do Ricardo Setti, na Veja
Errei feio, comentando suposta passageira "clandestina" no avião presidencial e exigindo a demissão do comandante. Peço desculpas a ele e aos leitores, e conto o que se passou
Amigos, errei, errei feio, reconheço o erro e vou tentar, aqui, repará-lo.
Trata-se de post que publiquei no dia 7 de abril passado, e que já retirei do blog, sob o título "Passageira clandestina no avião presidencial é o fim da picada, é uma desmoralização: Dilma tem que demitir o coronel responsável".
No caso, tratava-se da irmã de uma das sargentos comissárias de bordo do avião, que viajou a bordo na ida de Brasília para a cidade de Natal, próxima à qual a presidente Dilma passou os feriados de Carnaval, e também na volta.
Eu me baseei, para o comentário, em noticiário a respeito publicado pelo jornal O Estado de S. Paulo, que mencionava ainda a existência de uma "crise" no Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República (GSI), responsável pela segurança dos presidentes.
Com base no material do Estadão, que reputo um jornal confiável, postei o comentário dizendo que ocorrera uma falha na segurança da presidente, atribuí a responsabilidade pelo caso ao coronel-aviador Geraldo Corrêa de Lyra Júnior, comandante do avião presidencial e comandante da Base Aérea de Brasília, e pedi sua demissão.
Mas errei, e, cumprindo um dever ético elementar para um jornalista, peço aqui publicamente desculpas ao coronel-aviador Lyra, bem como à jovem, cujo nome não vou mencionar para não causar-lhe mais embaraços do que a nota original já provocou.
Passo, também, a contar o que realmente se passou.
O comandante do avião presidencial não autoriza nem desautoriza ninguém a embarcar, nem é responsável pela segurança da presidente.
A viagem da passageira foi autorizada por quem de direito: o major-brigadeiro Francisco Joseli Parente, chefe da Secretaria de Coordenação e Acompanhamento de Assuntos Militares do GSI, que acompanhou todos os vôos do ex-presidente Lula durante seu mandato e que continua nas mesmas funções com a presidente Dilma, e também pelo chefe de gabinete de Dilma, Giles Azevedo.
Ou seja, a passageira não embarcou desautorizada, nem escondida. Seu nome estava na lista de passageiros autorizados a viajar no avião presidencial e, durante o vôo, ela sentou-se ao lado de uma das agentes de segurança femininas de Dilma e não distante do general-de-brigada Marco Antônio Amaro dos Santos, chefe da segurança pessoal da presidente.
A passageira, diferentemente do que publicou o jornal e do que reproduzi, não utilizou mala de viagem idêntica à utilizada pela tripulação, de cor preta, mas uma mala comum, de cor roxa.
A presidente Dilma soube do caso devido à repercussão e obteve, do brigadeiro Joseli, a informação de que ele e o chefe de gabinete Giles Azevedo haviam autorizado o embarque. Dilma não havia sido previamente informada da carona por Giles e não deu importância ao episódio.
O noticiário a respeito e sua repercussão, inclusive o post de minha autoria, causaram dissabores ao coronel Lyra, a quem a presidente Dilma, antes do embarque para a recente viagem oficial à China, abraçou e disse para esquecer o episódio.
Comentário
Alguns leitores estranharam o fato de eu ter elogiado Ricardo Setti, quando de sua contratação para blogueiro da Veja. Este é o Setti, grande jornalista e grande caráter.
Outro ponto que tenho chamado a atenção é o processo pelo qual passa a sucursal do Estadão em Brasilia. Apesar de contar com grandes profissionais, está sob a influência da "folhificação", que destoa de uma tradição secular de sobriedade e rigor com que o jornal sempre tratou as informações.
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