domingo, 1 de maio de 2011

O jogo empresarial na escolha do livro didático

A crítica política aos livros didáticos

por Luis Nassif

Quando começou o jogo do macartismo da velha mídia, anos atrás, a Editora Abril se valeu da campanha para atacar concorrentes na área de material didático. O ponto inicial da campanha foi um artigo de Ali Kamel em O Globo (reproduzido no Estadão) sobre um livro de história muito popular na época. Era um artigo curioso, que abria com uma explicação de Kamel, de que ganhara o livro de presente de um certo psiquiatra (aquele que acusou Lula de "assassinar 200 pessoas").

Aqui mesmo, um belo trabalho coletivo desmontou a trama, mostrando vários livros didáticos da Atica e da Scipione (controladas pela Abril) com posições idênticas às do livro mencionado. A repercussão do caso acabou provocando um recuo nesse tipo de jogo ideológico-empresarial.

Particularmente, não gosto de enviezamento ideológico nos livros de história para ensino médio. Mas é paradoxal a crítica, partindo de quem ideologiza até espirro do Lula.


Por JB Costa


Daqui para frente seria bom os autores de livros escolares recorrerem ao auxílio de entidades "isentas", a exemplo da Folha de São Paulo, para a "correta" interpretação da história. Essa matéria promete uma coisa e vende outra: no seu âmago não há nada que corrobore a chamada.

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/poder/po0105201102.htm

Livros aprovados pelo MEC criticam FHC e elogiam Lula

Obras atacam privatizações feitas pelo tucano e minimizam o mensalão

Comissão formada por professores avalia os livros, que são usados por 97% das escolas da rede pública de ensino

Luiza Bandeira
Rodrigo Vizeu
DE SÃO PAULO

Livros didáticos aprovados pelo MEC (Ministério da Educação) para alunos do ensino fundamental trazem críticas ao governo Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e elogios à gestão de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Uma das exigências do MEC para aprovar os livros é que não haja doutrinação política nas obras utilizadas.

O livro "História e Vida Integrada", por exemplo, enumera problemas do governo FHC (1995-2002), como crise cambial e apagão, e traz críticas às privatizações.

Já o item "Tudo pela reeleição" cita denúncias de compra de votos no Congresso para a aprovação da emenda que permitiu a recondução do tucano à Presidência.

O fim da gestão FHC aparece no tópico "Um projeto não concluído", que lista dados negativos do governo tucano. Por fim, diz que "um aspecto pode ser levantado como positivo", citando melhorias na educação e a Lei de Responsabilidade Fiscal.

Já em relação ao governo Lula (2003-2010), o livro cita a "festa popular" da posse e diz que o petista "inovou no estilo de governar" ao criar o Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social.

O escândalo do mensalão é citado ao lado de uma série de dados positivos.

Ao explicar a eleição de FHC, o livro "História em Documentos" afirma que foi resultado do sucesso do Plano Real e acrescenta: "Mas decorreu também da aliança do presidente com políticos conservadores das elites". Um quadro explica o papel dos aliados do tucano na sustentação da ditadura militar.

Quando o assunto é o governo Lula, a autora -que à Folha disse ter sido imparcial- inicia com a luta do PT contra a ditadura e apenas cita que o partido fez "concessões" ao fazer "alianças com partidos adversários".

Em dois livros aprovados pelo MEC, só há espaço para as críticas à política de privatizações promovida por FHC, sem contrabalançar com os argumentos do governo.

MENSALÃO

Já na apresentação da gestão Lula, há dois livros que não citam o mensalão.

Em "História", uma frase resume o caso, sem nomeá-lo: "Em 2005, há que se destacar, por outro lado, a onda de denúncias de corrupção que atingiu altos dirigentes do PT, inúmeros parlamentares da base do governo no Congresso e alguns ministros do governo federal".

A Folha não conseguiu falar com os autores da obra.

Uma das críticas feitas a Lula é o fato de ter continuado a política econômica do antecessor.

Os livros aprovados pelo MEC no Programa Nacional do Livro Didático são inscritos pelas editoras e avaliados por uma comissão de professores. Hoje, 97% da rede pública usa livros do programa.

São analisados critérios como correção das informações e qualidade pedagógica. As obras aprovadas são resenhadas e reunidas em um guia, que é enviado às escolas públicas para escolha dos professores.

Fonte: http://www.advivo.com.br/blog/luisnassif/a-critica-politica-aos-livros-didaticos#more

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