Dilma Rousseff sai na frente
A campanha eleitoral começa oficialmente. E, apesar das duas últimas pesquisas divulgadas (Datafolha e Ibope) apontarem um empate entre os dois principais candidatos, Dilma Rousseff e o oposicionista José Serra, o equilíbrio entre eles é ilusório e há um nítido crescimento do favoritismo da candidata do campo progressista, democrático e nacionalista.
As páginas dos jornais refletem a temperatura em cada uma das campanhas, e elas podem ser retratadas nos sorrisos de Dilma e nas carrancas de José Serra. Enquanto Dilma cresce, articula forças sociais e políticas e costura palanques consistentes pelo Brasil afora, José Serra amarga difíceis embates internos, oscilantes palanques regionais, dificuldade para unir sua tropa e teve que aceitar um vice improvisado, mal conhecido dos eleitores e dele próprio. Há sérias dúvidas, inclusive, sobre a fidelidade ao candidato tucano entre prefeitos do DEM e mesmo do PSDB, satisfeitos com o tratamento que vem recebendo do governo federal e de governadores estatuais da base do presidente Lula.
Mesmo as pesquisas que voltaram apontar um empate entre Dilma e Serra não são favoráveis ao tucano. Elas mostram que os eleitores da candidata da esquerda são mais firmes: 78% estão completamente decididos, só 20% admitem a possibilidade de mudar de voto, e ela está na frente na pesquisa espontânea.
O tucano, por seu lado, tem um eleitorado mais flácido: dos que escolheram seu nome, 28% admitem mudar o voto; além disso, Serra está atrás de Dilma na pesquisa espontânea. Outro número inquietante para os tucanos mostra que 43% pensam que Dilma vai vencer a eleição de outubro, contra 33% que apontam Serra como o possível vencedor.
Além disso, 34% dos apoiadores de Lula declaram voto em Serra; existem ainda 25% de eleitores que desconhecem que Dilma é a candidata de Lula e do campo progressista; por outro lado, há 17% dos eleitores de Serra que admitem votar num nome indicado por Lula. Assim, é possível imaginar que Dilma vai avançar sobre aquela fatia de eleitores que disseram apoiar Lula mas votar em Serra e trazer de volta votos potencialmente do campo avançado e progressista. Finalmente, enquanto as pesquisas mostram uma tendência favorável a Dilma, José Serra tem apresentado uma tendência ora à estagnação, ora ao declínio. Ela poderá ser acentuada, a favor de Dilma, ao longo da campanha e, principalmente, quando começarem os debates e a propaganda na televisão (o tempo de tevê de Dilma será 50% maior do que o de Serra). O tempo de tevê, aliás, é outro fator que reflete a capacidade de articulação e de formação de alianças dos candidatos e, neste quesito, Dilma está decididamente na frente.
Dizendo que a candidata era uma desconhecida, os tucanos não esperavam o crescimento consistente e acelerado que ela apresentou nas pesquisas de opinião. Insistem em outra lenda, alegando seu “despreparo” e fincando pé na comparação entre os candidatos. Esta é outra ilusão que a campanha na tevê e os debates vão demolir. Como demonstram as aparições recentes de Dilma na televisão, nas quais a candidata desmente aquelas alegações com leveza, tranqüilidade e bom humor. E nas quais conduziu a comparação para aquilo que realmente conta: entre os programas e as realizações dos dois projetos que disputam a presidência da República, o fracassado projeto neoliberal de Fernando Henrique Cardoso e José Serra, e o vitorioso projeto nacional e democrático que, com Lula, tirou o Brasil do atoleiro e da estagnação e recolocou o país em pé. Sob Dilma, ele vai continuar e avançar.
Em eleição não há polle position. Mas os dados das pesquisas, o espelho da mídia e o estado de espírito nas campanhas indicam que, nesta terça feira (dia 6), Dilma sai na frente e vai crescer mais até outubro. Além das tendências favoráveis demonstradas pelas pesquisas de opinião, ela herda a imensa aprovação popular ao desempenho do governo Lula, do qual já consolidou a imagem de herdeira do presidente e do projeto de governo que ele representa e aplica.
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