quinta-feira, 8 de julho de 2010

Lula encerra última viagem pela África com novos acordos

Por Stuart Grudgings e Jon Herskovitz
Reuters

RIO DE JANEIRO/JOHANESBURGO (Reuters) - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva encerra sua última viagem oficial pela África com uma série de acordos depois de ter expandido drasticamente os laços com o continente durante seus oito anos de governo.


Lula se esforçou para aumentar o comércio com outras economias emergentes, no momento em que elas detêm um papel global de maior importância e aproveitando os fortes laços culturais do Brasil com a África. Ele visitou mais de 25 países africanos, seis deles nesta viagem.

O presidente chegou à África do Sul nesta quinta-feira após assinar um acordo de defesa com a Guiné Equatorial, um acordo de biocombustíveis com o Quênia, um pacto de cooperação ambiental com a Tanzânia e uma série de outros pactos no continente de rápido crescimento.

A África do Sul afirmou que a assinatura de uma parceria estratégica durante a visita de Lula deve aprofundar os laços econômicos e diplomáticos .

Lula disse que está interessado em exercer algum tipo de papel no desenvolvimento da África após deixar a Presidência. Ele deixará o poder em 2011, após as eleições de outubro próximo.

O Brasil, que tem a maior população negra africana depois da Nigéria, dobrou para 34 o número de embaixadas na África desde que Lula tomou posse em 2003. As exportações para a África mais do que triplicaram para 8,7 bilhões de dólares em 2009.

"Temos um genuíno interesse de solidariedade em relação aos países africanos", disse o subsecretário para Assuntos Políticos do Ministério das Relações Exteriores, Roberto Jaguaribe.

"Achamos que a África, além disso, tem uma possibilidade gigantesca de crescimento em diversas áreas, especialmente na agricultura."

GRANDES EMPRESAS

Mesmo assim, o Brasil ficou atrás das iniciativas de expansão da China na África. Os críticos afirmam que, apesar do grande aumento nas exportações, houve um aumento muito menor no comércio observando a parcela total dos negócios do Brasil.

"Eu não acho que viajar seis ou sete vezes para a África abre os mercados para os produtos brasileiros ou para os mercados", disse o embaixador brasileiro Rubens Barbosa, atualmente presidente do Conselho Superior de Comércio Exterior da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).

"O Brasil em geral presta muito pouca atenção à África."
A proporção do comércio do Brasil com a África caiu de 7 por cento em 2008 para 5,6 até maio deste ano.

O comércio do país com a África ainda é dominado por alguns poucos países, como Nigéria, Angola e África do Sul, e por algumas grandes empresas, como a Vale e a Petrobras.

O Brasil, no entanto, vê a África como crucial para seu objetivo de criar um mercado mundial maior para o etanol à base de cana-de-açúcar, do qual é o maior produtor mundial.

Em 2008, Lula inaugurou um escritório da Embrapa em Gana.

O Quênia concordou nesta semana em cooperar com o Brasil no desenvolvimento e na promoção dos biocombustíveis, mas não foi muito específico.

Especialistas afirmam que a falta de financiamento, em comparação aos rivais chineses, também atrapalhou as empresas brasileiras que queriam se expandir na África.

Roger Agnelli, presidente da Vale, que viajou com a delegação de Lula, ressaltou a importância da África.

"As companhias brasileiras têm de vir aqui e investir. A África é o futuro em recursos naturais, assim como o Brasil e a América Latina são o presente", afirmou ele.

A Vale, a maior mineradora do mundo de minério de ferro, está investindo 1,3 bilhão de dólares no projeto de mina de carvão de Moatize, em Moçambique. Na Zâmbia, a companhia anunciou planos de investir 400 milhões de dólares num projeto de exploração de cobre.

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