Autor(es): Agência Brasil, de Nairobi (Quênia)
Valor Econômico
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse ontem que o Brasil quer firmar um acordo para produzir biocombustíveis no Quênia. De acordo com Lula, o Brasil poderia transferir tecnologia ao país africano, que tem terras disponíveis para a agricultura. "O Brasil tem expertise de anos de experiência. O Quênia tem terra e disposição de produzir combustível limpo para vender para os países ricos que, a partir de 2020, terão que colocar 10% de etanol na gasolina dos seus carros", disse Lula em pronunciamento conjunto com o presidente do Quênia, Muar Kibaki.
O Quênia é o terceiro país visitado por Lula na viagem que faz à África esta semana. Já passou por Cabo Verde e Guiné Equatorial e segue ainda hoje para a Tanzânia. Os dois presidentes também conversaram hoje pela manhã sobre a criação da Universidade Afro-Brasileira. A proposta ainda está tramitando no Congresso brasileiro, mas Lula disse "ter o sonho" de lançar a pedra fundamental ainda em seu governo. A Universidade Afro-Brasileira deve ser instalada no município de Redenção, no Ceará e, de acordo com o projeto, vai abrir mil vagas, 500 para brasileiros e 500 para africanos.
A visita à Africa tem um tom pragmático: aproximar comercialmente o Brasil do continente africano. Lula ressaltou que o bloco econômico do Leste da África (EAC, sigla em inglês), formado por Quênia, Burundi, Uganda, Ruanda e Tanzânia, representa 126 milhões de habitantes. Lula defendeu a aproximação do Mercosul com esse mercado.
O Quênia é um dos países mais industrializados da África. A economia tem crescido nos últimos anos, apesar do freio da crise mundial, que repercutiu no ano passado. O setor de serviços cresce puxado pelo turismo. Atualmente, a prestação de serviços representa 62% do PIB do país. Já a fatia da agricultura corresponde a 21,4% e a indústria, 16,3% do PIB. Projeções indicam que a economia do Quênia pode crescer 3,4% em 2010.
As relações comerciais entre Brasil e Quênia nos últimos sete anos aumentaram seis vezes. Passaram de US$ 14 milhões em 2003 para US$ 91 milhões no ano passado apesar dos efeitos da crise mundial, que fez a corrente de comércio entre os dois países encolher 11% em relação ao ano anterior.
Os empresários que acompanham Lula na visita à África identificaram nichos ainda não explorados de mercado e querem ampliar vendas nos setores onde já existem relações mais sólidas. Há boas perspectivas para combustíveis, produtos farmacêuticos, carros, tratores e outros industrializados.
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