sexta-feira, 20 de maio de 2011

Sindicatos dos servidores estaduais criticam posição do governo do RN

Reproduzo abaixo matéria publicada no jornal Tribuna do Norte com representantes dos sindicatos das categorias em greve ou que anunciaram paralisação, onde criticam a posição do governo e fazem avalições do movimento grevista.

Entidades criticam posição do governo


Representantes dos sindicatos das categorias estaduais que já estão em greve ou que anunciaram o dia da paralisação dos serviços, receberam com muitas críticas a posição do Governo do Estado de não negociar em separado com cada categoria a implantação dos planos de cargos, carreiras e salários.

Todos elogiam negociações em conjunto no futuro, mas se mostram enfáticos: defendem que os pleitos de agora são individuais. “Não estamos lutando por aumento salarial. Estamos em busca do cumprimento de uma lei que deve ser cumprida”, esclarece o presidente do Sindicato dos Médicos, Geraldo Ferreira.


A TRIBUNA DO NORTE também conversou com representantes dos sindicatos dos Professores, da Polícia Civil e dos Servidores da Administração Indireta. E todos eles são contundentes em dizer que estão esperando a convocação para negociar as peculiaridades funcionais de cada entidade, em separado. “Uma coisa é certa: se a nossa incorporação não entrar na folha deste mês, nós, médicos, entraremos em greve”.

Duas categorias funcionais do Estado já estão em greve (professores e policiais civis). Nas últimas duas semanas as negociações com essas categorias não andaram. O Governo diz que não há como cumprir a implantação total dos planos de cargos e salários porque está dentro do limite prudencial da Lei de Responsabilidade fiscal. Outras categorias já agendaram paralisações para os próximos dias.

Geraldo Ferreira
presidente do Sindicato dos Médicos

O presidente do Sindicato dos Médicos até concorda com a unificação do debate quando se tratar de aumento salarial, mas foi bastante crítico: “Hoje é impossível o Governo negociar de uma forma conjunta com todas as categorias. Mesmo porque, o que nós médicos estamos reivindicando não é uma aumento salarial. Estamos pedindo a implementação de um direito previsto em Lei”, declarou. Geraldo disse ainda a governadora Rosalba Ciarlini “precisa tirar sua equipe técnica – acredito que o cargo de Paulo de Tarso seja técnico – e convocar uma equipe política para negociar com os funcionários. Pois sua equipe técnica está levando o governo para um grande impasse com todo o funcionalismo. E completou: “Está na hora da governadora Rosalba descer do salto alto e chamar as categorias para negociar. Acho que ela precisa parar com esse discurso de que o Estado está engessado... o governante precisa encontrar soluções criativas para atender as demandas. Nossa categoria tem muitas sugestões para essas demandas. Uma coisa é certa: se a nossa incorporação não entrar na folha deste mês, nós médicos estaremos em greve a partir do dia 1º de maio. Já decidimos isso”

Fátima Cardoso,
presidente do Sinte/RN

A coordenadora geral do Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Rio Grande do Norte (Sinte-RN), Fátima Cardoso, disse “estar surpreendida” com as declarações do chefe do Gabinete Civil, Paulo de Tarso Fernandes, já que em duas audiência ocorridas com uma comissão de professores, afirmou que não negociaria com nenhuma outra categoria enquanto não solucionasse a questão do magistério.

Para ela, antes de anunciar uma medida como essa, o secretário “tem de resolver primeiro a questão dos professoras, que estão com os salários muito aquém das outras categorias de servidores do Estado”.

Segundo ela, o governo corre o risco de ter de enfrentar uma situação mais desconfortável adiante, pois no dia 25 diversas categorias, inclusive dos servidores da saúde, realizam assembléia para decidirem indicativo de greve, “correndo um risco de paralisação total do serviço público”.


Djair Oliveira
vice-presidente do Sinpol

O vice-presidente do Sindicato da Polícia Civil, Djair Oliveira, afirmou que a categoria “fica muito triste”, caso a declaração de Paulo de Tarso Fernandes “seja uma posição de governo”.

Para ele, é lamentável esse posicionamento, porque a categoria quer, nada mais que o cumprimento de uma lei que foi negociada com o governo e com a Assembléia Legislativa: “Não estamos pedindo negociação e nem reajuste de salários, apenas o cumprimento de uma lei que já existe”.

Oliveira lembra que muitos agentes e escrivães esperavam, há anos, por uma promoção na carreira e eles abriram mão disso para que a lei fosse votada e aprovada pelos deputados estaduais. “Nós abrimos mão de todas as promoções retroativas e o enquadramento na carreira, tem apenas um impacto de financeiro de 5% sobre o salário básico para a maioria da carreira”.
“O movimento de greve só acaba quando o governo sentar com a gente”, resumiu o vice-presidente do Sinpol-RN.

Santino Arruda
Presidente do Sinai/RN

O presidente do Sindicato dos Servidores da Administração Indireta tem praticamente a mesma posição dos demais sindicalistas: “O governo pode até negociar em conjunto, e essa foi uma defesa nossa, mas só depois que zerar toda a implementação dos planos de cargos, carreiras e salários com os servidores”. Santino disse que não acredita que o Governo do Estado esteja confundindo a implantação dos planos de cargos com aumentos salariais. “Estive hoje (ontem) com o secretário Paulo de Tarso, e tenho certeza que sabe bem a diferença...Não estamos pedindo aumento salarial. Estamos lutando por nossos direitos já adquiridos e que estão em lei. Só é o Governo implantar os nossos direitos, que a nossa categoria vai apoiar a ideia de negociar aumentos futuros para todo o conjunto da categoria dos funcionários estaduais”. O Sinai está representando nove categorias e empresas estaduais nas negociações do pagamento dos planos de cargos.

Outras categorias entram em greve a partir de hoje

As deflagrações de greves no seio do funcionalismo público estadual vai acabar atingindo a prestação de todos dos serviços essenciais à população do Rio Grande do Norte, que já não está tendo pleno atendimento nas áreas de educação e de segurança pública, por causa da paralisação das atividades dos professores e dos agentes e escrivães de Polícia Civil.

Mas, uma greve pode começar atingindo o coração do governo, a área de arrecadação, porque os 700 técnicos da Secretaria Estadual de Tributação (SET) entram em greve a partir da meia-noite de hoje.

O técnico João Luís Pereira Pinto faz parte do comado de greve disse que a categoria é uma das 14 que estão à espera da implantação do 70% restantes do plano de carreira que foi aprovado em 2010. “Não vão funcionar digitação de documentos, emissão e saída de notas fiscais, a área de informática e o protocolo”, avisou ele, a respeito da decisão tomada pelo pessoal administrativo.

“Os auditores estão ganhando bem e estão reivindicando uma gratificação, mas nós não fazemos parte desse grupo”, disse Pereira.

Já a partir de 1º de junho os usuários do Serviço Único de Saúde (SUS) passam a não ter consultas médicas e outros tipos de procedimentos, em virtude da deflagração da greve dos médicos do quadro da Secretaria Estadual de Saúde Pública (Sesap), que também cobram o cumprimento de um plano de carreira aprovado em março do ano passado.

Com os técnicos da SET entrando em greve, já são três as categorias com serviços paralisados - professores e policiais civis já estão em greve - e outras três categorias já apontam data para começar a paralisação (Detran, Emater e Médicos).

Professores

Com relação aos professores, a categoria entra para o 18º dia de greve e às 11 horas da próxima terça-feira, dia 24, o Sinte reúne os representantes de toda a rede estadual de ensino em sua sede da avenida Rio Branco, na Cidade Alta.

A coordenadora geral do Sinte, Fátima Cardoso, diz que outro importante é o fato da possibilidade de haver atividades em conjunto com outras categorias, articuladas pelo Sinai, Sinpol e Sindsaúde. Essa ação poderá ser realizada a partir da manhã da quinta-feira, dia 26, no largo do Machadinho.

O Sinte também incorporou à sua pauta de reivindicações, as cobranças dos profissionais do quadro do Instituto de Formação de Professores (Ifesp), o antigo Instituti Kennedy, como incorporação imediata de gratificações, direito à licença para estudos, inclusão na revisão do plano de carreira e regularização funcional dos servidores.

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