terça-feira, 29 de junho de 2010

Brasil dá exemplo na infraestrutura

Autor(es): Fernando Braga
Correio Braziliense - 29/06/2010

Seis empreendimentos aparecem na lista dos melhores projetos em andamento no mundo

Apesar da explícita carência do Brasil na área de infraestrutura, o país ainda conseguiu aparecer na lista dos 100 melhores empreendimentos sendo tocados ou prontos para saírem do papel mundo afora. Segundo ranking elaborado pela consultoria

KPMG, seis projetos brasileiros são apontados como exemplares: o Complexo Hidrelétrico do Rio Madeira (Jirau e Santo Antônio), o Centro Integrado de Ressocialização de Itaquitinga (PE), a Cidade Administrativa do estado de Minas Gerais, o Rodoanel Oeste de São Paulo, o Trem de Alta Velocidade, que ligará São Paulo ao Rio de Janeiro, e os navios da Petrobras que transportam e convertem gás natural (veja quadro).

O estudo levou em consideração aspectos como o potencial de escala, a complexidade de
execução, a inovação empregada nas obras e o impacto sobre a sociedade. De acordo com a KPMG, o levantamento Infrastructure 100 tem a intenção de divulgar as boas ideias que estão sendo postas em prática em diferentes países para impulsionar o crescimento econômico e beneficiar as populações locais.

Desafios
“O desenvolvimento da infraestrutura é um dos grandes desafios globais atualmente. As obras listadas pelo estudo são ambiciosas, mas essenciais. Os projetos selecionados apresentam benefícios reais para a sociedade”, afirmou o sócio de Project Finance e PPP da KPMG no Brasil, Maurício Endo.

Para ele, apesar dos vários empreendimentos em andamento no Brasil hoje, o país não pode se descuidar da infraestrutura. Isso, segundo ele, vale, sobretudo, para o próximo governo. “A realização da Copa do Mundo (2014) e dos Jogos Olímpicos (2016) demandará uma série de projetos que dizem respeito à mobilidade, como aeroportos, metrô e trem. O Brasil tem um deficit muito grande no transporte de massa e as cidades-sedes desses eventos — todas com mais de 2 milhões de habitantes — terão de lidar com isso”, disse.

Na avaliação de Ricardo De Vecchi, diretor do Banobras, o banco estatal de desenvolvimento do México, os desafios não se
restringem ao Brasil. Estão presentes em toda a América Latina, que enfrenta questões estruturais para dar continuidade a seu crescimento.

“A América Latina verá nos próximos anos investimentos
cada vez maiores dos setores público e privado em infraestrutura, com uma sinergia que transformará a sociedade. No entanto, é importante discutir o papel do setor privado, uma vez que o aumento dos investimentos pode não ser muito bem recebido por alguns setores da sociedade, que ainda têm uma certa reticência à influencia privada em projetos de infraestrutura”, analisou.
O Brasil está tentando correr contra o atraso por meio do Programa de Aceleração do Crescimento. Dos R$ 39,4 bilhões investidos pelo governo federal no ano passado, R$ 21,24 bilhões foram destinados às obras do PAC.

Destaques

Os projetos brasileiros escolhidos

Presídio do estado de Pernambuco
O Centro Integrado de Ressocialização de Itaquitinga é uma unidade prisional que difere dos demais presídios por se assemelhar a uma escola, modelo adotado nos Estados Unidos e na Europa. O centro, construído numa área de 98 hectares e com investimentos de R$ 287 milhões, faz parte de uma Parceria Público-Privada (PPP) e terá capacidade para receber 3.126 detentos. A previsão de inauguração é no fim de 2012.

Cidade Administrativa do estado de Minas Gerais
Projetada pelo arquiteto Oscar Niemeyer, a cidade administrativa, inaugurada no início do ano, abriga a sede do governo de Belo Horizonte, assim como outros órgãos do estado e ocupa uma área de 804 mil metros. A intenção é economizar até R$ 85 milhões por ano em gastos com aluguéis, água, luz e telefone. A obra, que teve investimentos de R$ 900 milhões, deve receber 20 mil funcionários até o fim de 2010.

Golar/Petrobras
As duas primeiras embarcações do mundo capazes de converter e regaseificar GNL a bordo, além de armazenar o produto, fez com que a Petrobras e a empresa norueguesa Golar LNG aparecessem no ranking da KPMG. Com capacidade para regaseificar até 21 milhões de metros cúbicos de gás por dia, os dois flutuantes são citados pela consultoria por sua capacidade de replicação em outras regiões do mundo e decretar o fim da dependência dos gasodutos.

Complexo Hidrelétrico do Rio Madeira
As usinas de Jirau e Santo Antônio aumentarão em 6.450 megawatts (cerca de meia Itaipu) a oferta nacional de energia elétrica. Com investimento aproximado de R$ 20 bilhões, o complexo está previsto para funcionar, com todas as unidade geradoras, a partir de 2016.

Rodoanel Oeste de São Paulo
O trecho Oeste, de 32km de extensão, tem o objetivo de evitar que veículos pesados que transportam cargas para o porto de Santos e do Rio de Janeiro passem por importantes rodovias de São Paulo, reduzindo o trânsito caótico da capital paulista. Depois de ser completamente inaugurado, todo o complexo terá 174km.

Trem de Alta Velocidade
O projeto que interliga as duas principais metrópoles brasileiras, São Paulo e Rio de Janeiro, prevê 518km de extensão e a construção de 100km de túneis e outros 100km de trilhos elevados. O custo previsto pelo governo federal para a conclusão de todo projeto é da ordem de R$ 35 bilhões, dos quais R$ 20,8 bilhões serão financiados pelo BNDES.

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