Valor Econômico - 01/07/2010
A decisão do senador Osmar Dias (PDT) de manter a candidatura ao governo do Paraná e a retirada do nome de seu irmão, o também senador Álvaro Dias (PSDB), para a vaga de vice do tucano José Serra na disputa pela presidência, irritou o ex-prefeito de Curitiba, Beto Richa (PSDB), que ontem finalmente anunciou o nome de seu vice para disputar o governo do Paraná: o senador Flavio Arns, ex-integrante do PT que aposta na migração dos eleitores deste partido para o PSDB.
Para o Senado, além de Ricardo Barros (PP), que já havia sido anunciado, foi escolhido outro candidato, o deputado federal Gustavo Fruet, que nunca escondeu o desejo de ser indicado para um das vagas mas, por causa do longo período de indefinições, já planejava concorrer de novo a uma cadeira na Câmara federal.
"Os que foram embora devem ter suas razões", disse Richa. "Eu fui procurado. Ele acenou com a possibilidade de estar conosco. Tenho carta dele dizendo que queria estar comigo", continuou o tucano. Ao falar da chapa que apresentou no começo da noite no comitê de campanha, após horas de reuniões com membros de diversos partidos, voltou a criticar a decisão de Osmar Dias. "Estas pessoas têm uma linha. Não dormem aqui e acordam ali." Até agora, o PSDB conta no Paraná com o apoio dos partidos PSB, PP, DEM, PTB, PTC, PMN, PSDC e PHS.
Mesmo com a mudança no cenário paranaense e a volta de um palanque com PDT e PMDB para a candidata do PT à presidência, Dilma Rousseff, Richa disse que, "quando começar o embate de ideias, o Serra leva vantagem". Disse que, ao contrário do que aconteceu em 2002, quando Serra perdeu para Lula no Paraná, agora vai ser diferente. A campanha não será "um ringue de boxe", afirmou.
Questionado se Álvaro poderá ficar a seu lado na campanha, contra a candidatura do irmão mais novo, Osmar, Richa respondeu rápido. "Agora mais do que nunca", frase que foi seguida de risos de políticos que estavam presente.
A informação de que Osmar seria o candidato na chapa formada por PDT, PT e PMDB foi dada primeiramente pelo presidente nacional licenciado do PDT, o ministro do Trabalho, Carlos Lupi, que na noite de terça-feira esteve reunido em Curitiba com o senador. Ao sair, mesmo após um longo período de negociações, disse que Osmar "tem a confiança de seu partido" e falou que estava confiante em uma vitória no primeiro turno. "Muitas pedras no caminho foram colocadas. Recolhemos essas pedras e com elas vamos construir o castelo da nossa vitória", disse. Osmar passou o dia de ontem em silêncio, sem comentar a decisão.
O secretário nacional de comunicação do PT, André Vargas, que dizia que "os dias eram de indefinição", em relação ao sobrenome dos irmãos Álvaro e Osmar, ontem deu continuidade à brincadeira. "Os dias piores foram afastados. Teremos dias melhores." O governador Orlando Pessuti, que pretendia ser o candidato do PMDB, passou o dia no litoral, inaugurando obras, e não falou sobre a desistência da disputa por causa do novo acordo.
Na chapa de Osmar, os candidatos ao Senado serão o ex-governador Roberto Requião (PMDB) e Gleisi Hoffmann (PT), esposa do ministro do Planejamento, Paulo Bernardo. O vice deve ser o deputado federal Rodrigo Rocha Loures (PMDB), filho do presidente da Federação das Indústrias do Paraná, que tem o mesmo nome, e sócio da empresa Nutrimental.
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